Ipasgo vai contratar nova plataforma de tecnologia para reduzir custos e implementar programas de promoção de saúde
Após superação de déficit financeiro histórico, plano de assistência realiza processo licitatório que vai permitir economia média de R$ 300 milhões por ano
O Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) vai contratar nova plataforma de tecnologia para a modernização da prestação de assistência em saúde. O edital do pregão eletrônico foi publicado no dia 15 de abril para a aquisição de serviço de automação, com software para o apoio operacional e ferramentas gerenciais, pelo valor estimado de R$ 124,9 milhões.
A nova plataforma vai disponibilizar ferramentas gerenciais, táticas e operacionais para a gestão de sistema de assistência à saúde, aprimoramento, implementação e operacionalização de programa integrado de promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos. Estudos técnicos iniciais apontam que, como a atualização do serviço, o custo operacional do Ipasgo deve ser reduzido imediatamente em cerca de R$ 33,6 milhões.
Em 2019, o valor gasto com o mesmo tipo de serviço ficou em R$ 158,5 milhões. A modernização da tecnologia também vai impactar nos gastos operacionais, pois evitará desperdícios, fraudes e desvios. A previsão é de que estes custos sejam reduzidos em até 15%, anualmente, o que representará uma economia média de R$ 270 milhões.
Ao total, o processo de modernização dos sistemas vai gerar uma economia média de R$ 304 milhões anuais, nos gastos administrativos e operacionais. A medida segue a determinação do Plano de Contingenciamento de Gastos para o Enfrentamento da Pandemia de Covid-19, que tem como propósito mitigar o impacto do novo coronavírus nas finanças, bem como as orientações do Governo de Goiás para modernizar e ampliar a oferta de serviços em saúde, o plano de assistência vai implementar sistema de automação, com novas tecnologias para ampliar a transparência e controle de falhas de desvios.
A remodelação dos processos de tecnologia do Ipasgo é acompanhada pela Controladoria Geral do Estado (CGE), Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e Tribunal de Contas do Estado (TCE). O presidente do Ipasgo, Silvio Fernandes explica que as novas ferramentas vão permitir um controle real e eficiente dos atos e reduzir fraudes e corrupções.
Com a nova plataforma, o Ipasgo terá levantamentos de dados precisos para traçar estratégias e definir ações em benefício dos usuários. Para se ter ideia, os desvios financeiros cometidos nos últimos 10 anos dentro do plano de assistência, que são alvo das operações Morfina e Metástase, que estão sob investigação da Polícia Civil do Estado de Goiás, podem ter gerado prejuízos de R$ 500 milhões.
As fraudes foram possíveis devido à inexistência de padronização dos processos e de controle eficientes. “Sem padrões técnicos e transparentes o órgão público fica vulnerável a ações suspeitas e isso prejudica todo um sistema de prestação de serviço em saúde e a sociedade. Muito desperdício, desvio financeiro e gastos incoerentes com as demandas e necessidades reais”.
Silvio Fernandes conta que dentro do Ipasgo não há uma integração eficiente dos sistemas tecnológicos e existem serviços que são feitos praticamente de forma manual. Segundo ele, levantamento recente apontou que cerca de seis mil usuários do plano estão sem CPFs registrados no sistema. “Veja, uma situação desta gera danos aos beneficiários e para toda a gestão. Essa é só uma ponta do iceberg, a falta de tecnologia eficiente também impede a expansão da rede de atendimento de saúde”.
Segundo ele, desde que o início de 2019, a nova gestão do plano de assistência tem realizado a revisão de contratos, acordos e convênios. Somente, ao longo do ano passado, essas reavaliações permitiram uma economia média de R$ 50 milhões. O presidente do Ipasgo afirma que, após promover o equilíbrio histórico das contas do plano de assistência, no final do ano de 2019, chegou a hora de um segundo passo para melhorar a gestão, garantir a sustentabilidade financeira e a ampliação da rede de serviços aos usuários. “A modernização dos do sistema de automação integra a estratégia desta gestão, que aposta na transparência e controle dos gastos públicos, como ferramentas fundamentais para gerar eficiência e mais serviços para os usuários do plano de assistência”, afirma.
Ao longo do ano de 2019, com a revisão de contratos, diminuição de gastos administrativo e aplicação de processos de gestão, Silvio Fernandes conta que o plano de assistência alcançou superávit médio de R$ 65 milhões. O resultado inédito em cinco anos. De 2013 a 2018, o Ipasgo só registrou contas no vermelho e déficit crescente. No ano passado, o plano fechou com um crescimento positivo na receita de 26% e uma queda de 12% nos gastos com despesas operacionais.
Novos serviços de saúde
O presidente do Ipasgo, Silvio Fernandes, explica ainda que a modernização dos serviços também integra a estratégia emergencial do plano para o combate ao avanço do coronavírus no Estado e prestação de atendimento em saúde aos pacientes contaminados. Além disso, pós-pandemia, o monitoramento digital dos usuários em todo o Estado será primordial para o controle de novos casos e a prestação continua de serviços de saúde.
O uso de novas tecnologias vai permitir ao Ipasgo ampliar os serviços em saúde no território goiano, a partir da implementação do programa de Atenção Primária à Saúde e da Gestão de Saúde Populacional (GPS). “Teremos um programa integrado de promoção à saúde, prevenção de doenças, com transparência e controle eficiente, que reduzirão erros, desvios e fraudes.”
Os usuários do Ipasgo terão novos serviços e atendimentos, como a teletriagem, com fins de triagem clínica de sintomas, queixas e de orientações em saúde para oferecer um correto encaminhamento e desfecho para a demanda. Haverá também serviço de acompanhamento de gestantes e puérperas, com orientação em saúde e suporte sobre a melhor conduta a ser adotada em cada situação.
A plataforma de tecnologia vai permitir a criação do prontuário médico eletrônico para reunir informações, exames e situação de cada usuário. Essa medida vai facilitar o acesso aos dados pela equipe médica e ampliará o acompanhamento do estado de saúde e evolução dos pacientes. A medida ainda vai gerar economia e eficiência, pois evitará a solicitação de procedimentos desnecessários.
Em relação ao sistema de Atenção Primária à Saúde, o presidente do Ipasgo, Silvio Fernandes, explica que se trata do primeiro nível de acesso a um sistema de saúde, caracterizando-se, principalmente, pela integralidade da atenção e a coordenação do cuidado. “Em diversos contextos internacionais, o cuidado com sua demanda é oferecendo atendimentos, de forma remota e presencial, por equipes de clínica geral e saúde da família. Esses profissionais vão visitar os usuários nas diversas regiões goianas e esse será o primeiro ponto de contato do beneficiário com os demais serviços de assistência a saúde oferecidos pelo plano”.
Assim, o plano de assistência poderá desenvolver serviços específicos e organizar uma rede de referência para o atendimento primário de acordo com os perfis dos usuários e as demandas apresentadas em cada região. Os novos modelos de automação vai permitir também a implantação da Gestão de Saúde Populacional (GPS), que trará um novo conceito para a saúde em Goiás, pois alia a oferta de assistência médica à metodologias abrangentes para a estratificação de riscos e coleta sistematizada de dados.
Fernandes explica que serão efetivados novos programas, ferramentas de saúde digital, regulação, unidades de saúde seguindo o modelo Ipasgo Clínicas e diagnósticos situacionais das regiões e municípios. “Com as informações corretas, será possível avaliar os riscos populacionais e montar modelos de cuidados de forma integrada e precisa”.