Editorial do Diário de Aparecida: Bom São João
Lá no Nordeste, o povo diz “Bom São João” como, em dezembro, as pessoas costumam dizer: Feliz Natal. Agora, a pandemia rouba até isso dos brasileiros. Do tradicional ao eletrônico, os forrozeiros passarão mais um mês de junho sem eventos presenciais de São João.
Os festejos juninos arrecadam dinheiro para muitos, pelo ano todo. Em 2020, agendas de eventos com 15 a 35 shows por mês foram impactadas pela pandemia do novo coronavírus. Cantores extrapolavam a capacidade física com três eventos em um único dia. A falta de público presencial afeta nas verbas geradas nas cidades mais tradicionais na celebração da data. Por mais que movimentos lutem em prol do forró raiz, a ausência dos festejos leva ao esquecimento de grandes nomes do gênero nordestino.
Não é difícil compreender o que está por trás das festas juninas. Aliás, para dizer a verdade, o espírito da festa está no DNA do povo e quanto mais simples e ainda mantiver o jeito de viver comunitário, mais gosta de festa, de toda e qualquer festa. A fogueira de São João segue com chama acesa no coração de quem passará mais um ano sem a festa que alimenta financeiramente e fisicamente a vida de milhares de brasileiros.
Não precisa ser especialista em saúde pública para entender que, se tivéssemos a oportunidade de uma vacina contra a Covid-19 mais cedo no País, a situação seria outra. Possivelmente, não teríamos a assustadora marca de 500 mil mortos atingida. Não teríamos que adotar regularmente medidas de restrição que afetam tantos comércios pelos quatro cantos do Brasil. Que a mesma chama junina que permanece acesa em nossos corações alimente também as chamas da esperança e da fé de dias melhores em todos nós. Bom São João!