Editorial do Diário de Aparecida: Indícios de corrupção
Depois de, na semana passada, vir à tona a denúncia de um suposto esquema de corrupção nos contratos de compra da vacina indiana Covaxin, contra a Covid-19, uma nova “bomba estourou” em Brasília esta semana. A denúncia de um novo esquema de corrupção e pagamento de propina envolvendo a compra da vacina AstraZeneca pelo Governo Bolsonaro.
A CPI da Covid apura se houve o tal pedido de propina em uma negociação paralela para adquirir vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19, por meio da empresa Davati Medical Supply, que diz ser intermediária. Em nota, a AstraZeneca afirmou que não tem um intermediário no Brasil.
A CPI da Covid na Câmara ainda convocou o denunciante para prestar depoimento. Ele, que é representante de uma empresa que atuaria como intermediária na compra de vacinas, afirmou que recebeu um pedido de propina de US$ 1 para cada dose. O governo demitiu o servidor que teria tentado ganhar esse dinheiro.
Pelas datas dos documentos apresentados, havia na época cerca de 254 mil mortes pela doença no Brasil. Atualmente, essa triste marca já dobrou. E mais uma vez, uma questão fica latente nisso tudo: todas essas mortes poderiam ter sido evitadas? O que se pode entender ante as provas que se tem até o momento é que enquanto o governo federal e o pessoal da alta autarquia barganhavam para obter benefícios financeiros ilícitos, brasileiros perdiam a vida e famílias eram destruídas pelo novo coronavírus.
A Comissão Parlamentar de Inquérito que tramita no Congresso Nacional é uma ação investigativa e não condenatória, afinal, a função de julgar compete à esfera judicial do nosso País. Porém, se as denúncias se confirmarem, estaremos ante o pior ato de corrupção já realizado no Brasil, já que o crime foi cometido à custa da saúde e da vida de meio milhão de brasileiros e caberá à Justiça fazer com que se cumpram as leis penais e políticas a todos os envolvidos.