Em Goiás, Vanderlan e Jânio Darrot perdem com queda de popularidade do bolsonarismo
A aposta no prestígio do presidente Jair Bolsonaro para angariar votos nas eleições do ano que vem caminha para dar errado. Cada vez mais, surgem evidências de que Bolsonaro e seu governo estão enrolados em casos cabeludos de corrupção, seja pessoalmente, na questão das “rachadinhas” quando ele e os filhos embolsavam parte dos salários de assessores, seja no processo de compra de vacinas contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde, que, vê-se agora, não passou de uma grande lambança.
Em Goiás, ninguém investiu mais em Bolsonaro do que o senador Vanderlan Cardoso e o ex-prefeito de Trindade e empresário Jânio Darrot. O primeiro, depois de se aproximar dos filhos do presidente, transformou-se em um dos mais ferrenhos defensores do capitão no Congresso Nacional, onde, no momento, ainda se esmera em discursos e entrevistas criticando a CPI da Pandemia em andamento no Senado.
Jânio Darrot jogou ingenuamente o seu futuro na política na crença de que a associação da sua imagem com o bolsonarismo abriria as portas para uma candidatura ao governo de Goiás. Convencido pelo marqueteiro Jorcelino Braga, deixou o PSDB e se filiou ao Patriota, na época na iminência de receber o passe de Bolsonaro. Só que não deu certo: o Patriota entrou em crise, com duas alas disputando o seu controle, uma a favor, outra contra o ingresso do presidente – que, com a confusão, afastou a ideia de aderir à legenda.
Somando-se a isso, sobreveio a queda crescente de popularidade de Bolsonaro, na esteira dos equívocos cometidos na condução do enfrentamento à Covid-19 e em seguida como decorrência dos escândalos de corrupção, jogando por terra o discurso de que a gestão seria honesta e, ao contrário das anteriores, não se macularia com a ocorrência de desvios de recursos públicos.
Na última pesquisa do IPEC, sucessor do Ibope, Bolsonaro apareceu com apenas 23%, enquanto Lula da Silva disparou para 49%, isso, evidentemente, se a eleição fosse hoje. O colunista Josias de Souza, do UOL, analisou e concluiu: “O ronco das ruas e a pauta corrosiva da CPI enfraquecem Bolsonaro sem derrubá-lo. Nem os mais fervorosos adversários do capitão apostam na aprovação do impeachment. Mas até os aliados mais empedernidos do presidente já duvidam das chances de sua reeleição”.
Vanderlan e Jânio Darrot entraram em uma fria ao vincular seus projetos políticos a um presidente que, ainda conforme o mesmo Josias de Souza, “já iniciou o caminho de volta do Planalto para a planície. O que vem pela frente é o epílogo hipertrofiado de um martírio. O país suportará por um ano e meio a falta de juízo e a ausência de rumo de um presidente que já entrou para a galeria dos piores do ramo.”
Para o senador, ficará a mancha do oportunismo por ter acreditado e defendido um presidente que, desde a posse, nunca mostrou preparo e não teve no seu governo nenhum lance de destaque, ao contrário, passando para a História como alguém muito abaixo do cargo. Já para Jânio Darrot, a sua trajetória política só não se encerrará porque, sendo milionário, ainda restará a ele a chance de investir pesado para conquistar um mandato de deputado federal.