Escalonamento regional do comércio é suspenso em Aparecida sem deixar saldo positivo
Com 1.442 mortes por Covid-19 e 57% de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) para tratamento da doença na rede pública, segundo dados do Painel da Covid-19 do último sábado, 10, de Aparecida de Goiânia, começa a valer a partir desta segunda-feira, 12, a suspensão do escalonamento regional do comércio no município, por tempo indeterminado. Além de não frear o avanço da pandemia na cidade, o modelo adotado pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia não contemplou o setor produtivo, pois enquanto havia medidas de flexibilização em outras cidades do Estado, inclusive na circunvizinha Capital, em Aparecida o comércio e as atividades não essenciais ficaram presas. O isolamento foi adotado na cidade há 136 dias. Dividido em fases, o modelo permitiu o funcionamento do comércio em macrozonas e dias alternados.
Autor da proposta de suspensão do escalonamento regional do comércio e membro do Comitê de Prevenção e Enfrentamento à Covid-19 de Aparecida de Goiânia, o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag) e vice-presidente da Federação das Associações Empreendedoras, Comerciais, Industriais, de Serviços, de Tecnologia, de Turismo e do Terceiro Setor do Estado de Goiás (Faciest-GO), Maione Padeiro, salientou que, apesar de a pandemia não ter cessado, a circunstância requer cuidados sanitários.
“O momento é abaixo do que já é preocupante pelo mapeamento de risco, mas conseguimos a suspensão do escalonamento regional do comércio e não o fim dele em Aparecida de Goiânia. Nós da entidade assumimos um compromisso junto ao comitê, à equipe técnica da secretaria de Saúde, onde vamos iniciar com as entidades e o poder público uma campanha bem afinco de conscientização com o apoio dos comerciantes, junto aos colaboradores e clientes para que consigamos diminuir os índices de contaminação. Exigimos responsabilidade com os protocolos sanitários. Queremos dar oportunidade aos comerciantes, setor produtivo, começar a ter uma retomada”, ressaltou Padeiro em entrevista ao Diário de Aparecida.
Devido a adoção do modelo de zoneamento pela Prefeitura de Aparecida, comerciantes do município sofreram prejuízos financeiros, com perdas de capital e empregos. Por conta disso, a Acirlag visa adotar medidas para fortalecer os empresários da região. “Nós da Acirlag estamos preocupados em aquecer a economia. É sabido que muitos estão passando por dificuldades, outros tiveram um prejuízo muito grande, endividados, com pouco estoque, através dessa insegurança. Hoje conseguimos suspender, mas isso não significa que o escalonamento possa retornar.
Vai depender da união de forças e responsabilidade de todos. Com isso fica o desemprego, muitos sem investir no seu comércio. A Acirlag estuda um jeito de injetar nos comércios da região condições de atrair clientes para aquecer a economia”, propõe o presidente da Acirlag.
Maione Padeiro destaca que as entidades classistas irão ajudar o poder público na fiscalização do cumprimento dos protocolos sanitários em Aparecida de Goiânia. “Além disso, seremos vigilantes. Assumimos durante a reunião que as entidades irão ajudar. Vamos ajudar a fiscalizar o poder público. Não podemos ser coniventes com aqueles que não querem ajudar a prejudicar todo o segmento. Não vamos apoiar esse tipo de comerciante. É o momento em que todos estão passando por dificuldades e ninguém pode ter vantagem sobre os demais. Estamos juntos com os empresários e comerciantes que fazem o certo”, salienta.
Contribuição
Por conta disso, ele conclama a contribuição do setor produtivo de Aparecida de Goiânia para conter o avanço da Covid-19. O momento é de união com você comerciante e empresário. Fizemos ali um compromisso de ajudar a fiscalizar, conscientizar nossos colaboradores e clientes. Vai ser colocado regramentos, critérios. Nós estamos passando pela pandemia. Conseguimos mais uma vitória que foi a suspensão do escalonamento, mas não o fim do mesmo. Temos mais responsabilidades. Siga os critérios, porque a fiscalização será em cima daqueles que insistirem em fazer o errado e com isso prejudicando aqueles que estão em desespero. Aqueles que não seguem, esses o poder público vai tomar conta, através de multas, interdições, ações judiciais e todas as penalidades a rigor da lei.
Precisamos nos unir, ter responsabilidades, para que amanhã não tenhamos nossos comércios mais uma vez fechados, a nossa economia mais uma vez sofrendo, o desemprego e tudo mais. A situação é delicada. Precisa de empatia com o próximo e união para vencermos o Coronavírus”, diz.
Maione Padeiro também aproveitou para destacar o papel de cada representante do comitê na elaboração de projetos de combate à pandemia no município. “A preocupação com o vírus ainda é grande. Os responsáveis técnicos de saúde estão vigilantes. Foi uma reunião bastante técnica para dar embasamentos nas decisões tomadas pelo comitê.
O grupo é democrático, equilibrado, sob o comando do secretário de Saúde, e sua equipe técnica que compõe, além do Ministério Público, a Defensoria, a Procuradoria, a Câmara Municipal, as entidades classistas, os representantes religiosos e representantes de bairros. Todos que fazem parte do comitê são responsáveis e não politiqueiros, mas preocupados com a vida e saúde. A bandeira da Acirlag é a economia, mas respeitando sempre a questão técnica de saúde.”
Prejuízos
Conforme noticiado pelo DA, a bandeira de defesa pela suspensão por tempo indeterminado do escalonamento regional do comércio ocorreu devido ser um modelo que também prejudicou o comércio de Aparecida. Na reportagem, Maione Padeiro salientou que os prejuízos econômicos dos comerciantes aparecidenses têm sido expostos com frequência, igualmente a falta de apoio por parte da prefeitura. Tarifas mensais e anuais, como contas de água, energia elétrica, telefone, IPTU e colaboradores, permanecem acumuladas se as portas estiverem fechadas. “A fiscalização precisa ser maior dimensionada aos comerciantes que insistem em desrespeitar os protocolos sanitários e favorecer aos que cumprem as regras mundiais de higiene. O vírus continua matando, é preciso investir mais na conscientização, tanto dos comerciantes como de toda população, ainda mais com a cepa indiana se aproximando”, enfatizou.
É crescente o número de salas comerciais fechadas em Aparecida por conta de os empresários não terem como pagar contas básicas, como aluguel e energia elétrica. Segundo Maione, muitos comerciantes retornam à informalidade e começam a vender laranja, balinhas, bombons em barracas e frutas e verduras nas ruas, por não conseguirem manter o empreendimento. Ele afirma que o poder público não arrecada sem atividade formal e que pequenos e grandes empresários estão sofrendo para manter os seus empreendimentos.