Ressentimento pessoal contra Caiado é o que move o prefeito
O prefeito Gustavo Mendanha é um “player” inexperiente, sem malícia e sem conhecimento profundo da política, que nunca enfrentou desafios e sempre teve a vida facilitada – seja pelos caminhos abertos pelo seu pai, o falecido ex-deputado Léo Mendanha; pelo seu padrinho político Maguito Vilela, que o lançou para a prefeitura; ou pela estratégia que adotou de cooptar a classe política de Aparecida, inclusive a oposição, através da farta distribuição de cargos comissionados na prefeitura, hoje inteiramente loteada entre 21 partidos.
Ao defender a candidatura própria do MDB em 2022, Mendanha só tem uma motivação: dar vazão aos seus ressentimentos pessoais contra Caiado, a quem ele não perdoa por ter apoiado uma candidata adversária em Aparecida na eleição municipal do ano passado e a quem culpa pelos inquéritos da Polícia Civil que investigam corrupção na prefeitura que ele comanda e no hospital municipal – cujas investigações estão em andamento e podem produzir até mesmo prisões de auxiliares de Mendanha a qualquer momento.
Um deles, em especial, está no centro das investigações: é o secretário de Fazenda, André Rosa, cuja mulher foi flagrada pelos agentes policiais despachando exames laboratoriais superfaturados no hospital municipal – um procedimento simples, que custa R$ 20 no mercado, era cobrado na base de R$ 200 cada, ou seja, dez vezes mais.
Indiciados no inquérito, ela e o marido compareceram para prestar depoimento, mas permaneceram em silêncio, alegando o direito constitucional de não produzir provas contra si próprios. Mendanha manteve o secretário. O culpado de tudo, para ele, passou a ser Caiado, já que é a Polícia Civil (um órgão estadual) quem está dirigindo a investigação, agora com a colaboração da Polícia Federal, com base nas verbas da União aplicadas no hospital municipal, por conta do orçamento federal para a Saúde (o desvio de recursos oriundos de Brasília é da competência persecutória da PF e do Ministério Público Federal).
Quem é profissional, seja qual for o ramo, não aposta para perder. Mas é o que o prefeito aparecidense está fazendo, colhendo desgastes que o isolam cada vez mais dentro do MDB e se expondo publicamente ao contar mentiras sobre quem o apoia – na verdade… ninguém. Mendanha, hoje, só pode contar com manipuladores como o ex-governador Marconi Perillo, queimado líder do PSDB estadual, e do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, outro nome chamuscado pelos sucessivos escândalos em que se viu envolvido. São companhias que mais atrapalham do que ajudam. E o pior: assumindo a pecha de “desleal” e “traidor”, por faltar com a gratidão a Daniel Vilela e à memória de Maguito Vilela.