Apenas 15,7% dos aparecidenses estão totalmente imunizados contra a Covid-19
Apesar das recentes estratégias de marketing da Prefeitura de Aparecida de Goiânia para promover a suposta aceleração da vacinação, com a diminuição da faixa etária, por exemplo, o município segue em ritmo lento no processo. Pesquisa do Diário de Aparecida, baseada nos dados do Painel da Covid-19 do dia 5 de julho, último registro, mostra que 15,77% da sociedade geral aparecidense recebeu as duas doses ou a dose única da vacina contra o novo Coronavírus. Foram 93.105 vacinas aplicadas. Já a primeira dose dos imunizantes alcançou 42,28% dos habitantes, com 249.567 doses aplicadas. A reportagem utilizou as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cuja estimativa populacional de Aparecida para 2020 foi de 590.146 habitantes. Até agora, o município aplicou, no total, 342.672 doses.
Os municípios goianos mais populosos do Estado apresentam cenários diferentes no que se refere à proporção de vacinas já aplicadas como segunda dose, tendo como base cruzamentos de dados da última segunda-feira, 9, das respectivas secretarias municipais de Saúde. Goiânia, cidade mais populosa, com 361.588 pessoas que receberam a segunda dose ou a dose única, o que corresponde a 23,53% dos goianienses, lidera o ranking da vacinação entre as três cidades com mais habitantes de Goiás. Anápolis, terceira maior cidade em população, ocupa a vice-liderança do ranking estadual com 18,11% dos anapolinos imunizados com a segunda dose ou a dose única, o que corresponde a 70.989 pessoas.
Levantamento de segunda-feira, 9, realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), apurou que, referente à primeira dose da vacina contra a Covid-19, foram aplicadas 3.310.316 doses em todo o Estado, o que corresponde a 46,53% da população goiana. Em relação à segunda dose ou à dose única, estão imunizados 18,57% dos goianos, ou seja, 1.320.987 pessoas. Em relação às vacinas, o Estado de Goiás já recebeu 6.017.000 doses de imunizantes, sendo 1.918.180 da CoronaVac, 2.848.240 da AstraZeneca, 1.098.630 da Pfizer e 151.950 da Janssen. A população estimada de Goiás para 2020 foi de 7.113.540.
Os brasileiros que estão imunizados contra a Covid-19, ou seja, que tomaram a segunda dose ou a dose única de vacinas, são mais de 46 milhões. De acordo com dados registrados pelo consórcio de veículos de imprensa às 20h desta segunda, 9, são 46.150.415 doses aplicadas, o que corresponde a 21,79% da população. A primeira dose foi aplicada em 107.949.359 pessoas, o que corresponde a 50,98% dos brasileiros. Somando a primeira, a segunda e a dose única, são 154.099.774 doses aplicadas no total. De domingo para segunda, a primeira dose foi aplicada em 848.561 pessoas; a segunda, em 625.954; e a dose única, em 10.540, um total de 1.485.055 doses aplicadas. De acordo com a estimativa do último censo do IBGE, o Brasil tem 211.755.692 habitantes.
Alerta
A maioria das vacinas utilizadas contra a Covid-19 usa duas doses para a imunização. CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, vacinas que fazem parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), precisam das duas doses, em intervalos diferentes, para que o esquema vacinal seja completo. A única exceção, até o momento, é o imunizante desenvolvido pela Johnson&Johnson, Janssen, que utiliza apenas uma dose.
A superintendente de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás, Flúvia Amorim, alerta que estudos mostram que para conseguir um impacto considerável na redução da taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de óbitos, e de transmissão, é necessário vacinar com as duas doses pelo menos 70% a 80% da população. “Se essas pessoas vão deixando de se vacinar, demora mais a chegar nesse percentual de 80% e mais ainda a ter o impacto esperado”, alerta.
“Para todas as vacinas, exceto a da Janssen – que é dose única –, para se ter imunidade, a proteção máxima, é preciso tomar as duas doses. Uma só não resolve. E aquela imunidade de rebanho, que são os 80% da população vacinada. Quando eu falo vacinada, é completamente vacinada”, reforça. Para a superintendente, é um risco enorme deixar de se vacinar. “A gente tem falado para as pessoas: se está atrasado uma semana ou um mês, ela deve procurar um posto de vacinação e completar o esquema vacinal o mais rápido possível. Essa é a orientação”, argumenta.
Uma nota conjunta da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) alerta para a necessidade de se tomar a segunda dose. Segundo o documento, quando o indivíduo não completa o ciclo vacinal, ou seja, não toma as duas doses recomendadas, não tem a imunização esperada e fica mais propenso à infecção.
Além disso, ainda há uma série de dúvidas quanto aos efeitos da vacina no que se refere à transmissão da doença. Estudos clínicos desenvolvidos em Israel e na Inglaterra sugerem que os imunizantes disponíveis hoje são capazes de evitar o desenvolvimento de casos graves da doença e os óbitos, mas, embora reduzam significativamente a transmissão, não são capazes de evitá-la.
Atraso
De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o médico pediatra Renato Kfouri, quem não conseguiu tomar a segunda dose no momento agendado deve tomar assim que possível. Kfouri frisou ainda que nenhuma dose é perdida.
“Nestes casos, onde o atraso ocorreu, essa vacinação deve acontecer o mais rápido possível, para que esse esquema seja finalizado o quanto antes. Não há nenhuma informação de que doses aplicadas e que eventualmente não completadas sejam perdidas, muito pelo contrário, o que as vacinas nos ensinam ao longo de décadas de sua utilização é que nenhuma dose é perdida, o esquema começado só deverá ser completado, jamais reiniciado”, frisa o médico à Agência Brasil.
O médico destaca ainda que a segunda dose não é um reforço, mas um esquema vacinal. “Uma dose só não é suficiente para garantir a imunização, duas doses são necessárias para todas as vacinas [aplicadas no Brasil]. Então não se trata de uma dose de reforço, a segunda dose não é um reforço de uma proteção conferida pela primeira dose, é uma segunda dose que completa o esquema de duas doses. Jamais considere-se protegido após uma única dose, seja da AstraZeneca, da Pfizer ou da CoronaVac.”
Essa também é a orientação do Ministério da Saúde, que reforça a importância de se completar o esquema vacinal para assegurar a proteção adequada contra a doença. As recomendações estão em uma nota técnica, divulgada no fim de abril pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). No Brasil, diante das incertezas quanto à eficácia da vacina na redução da transmissão da doença, o Ministério da Saúde também reforça a necessidade de manter as medidas de prevenção mesmo após a vacinação.