Debandada: tucanos desistem da oposição para apoiar Caiado em 2022
A debandada de prefeitos, parlamentares e lideranças municipais do PSDB não cessa, o que fragiliza ainda mais o partido comandado pelos ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton nas eleições de 2022. O definhamento tucano começou em 2018, com a derrota humilhante de Eliton para o governo de Goiás e de Marconi para o Senado quando duas vagas estavam em disputa. Eliton ficou em 3º lugar e Perillo foi o 5º colocado. Naquelas eleições, o PSDB elegeu apenas um deputado federal em um universo de 17 cadeiras na Câmara.
A rejeição da população goiana ao PSDB marconista não cessou: em 2020, o partido elegeu apenas 20 prefeitos, depois de 75 vitórias municipais em 2016. No mesmo ano, a bancada tucana na Assembleia perdeu dois parlamentares: Diego Sorgatto, que se elegeu prefeito de Luziânia, e Tião Caroço. Ambos se filiaram ao DEM, com o aval do governador Ronaldo Caiado.
Há algumas semanas, o deputado Francisco Oliveira anunciou sua adesão à base governista, confirmando apoio à reeleição de Caiado (vai se filiar ao DEM em 3 de abril do ano que vem, quando abre a janela partidária). Há alguns dias, foi a vez do deputado Talles Barreto, que liderou a bancada do PSDB em oposição ao Governo Caiado desde 2019, comunicar a sua mudança de posição: ele não só elogia e vota a favor de projetos do Palácio das Esmeraldas, como comparece a eventos da base, como ocorreu na última quarta-feira, em Itapaci, ao lado de Caiado.
O deputado federal Célio Silveira se afastou das atividades do PSDB goiano desde o ano passado. Ligado ao prefeito Diego Sorgatto, de Luziânia, e com o apoio de gestores municipais no Entorno do Distrito Federal, Silveira decidiu trocar o ninho tucano pelo Democratas de Caiado. O prefeito de Itapaci, Mário Macaco, disse, ao receber o governador, que se sentia à vontade em respaldar as iniciativas do governo de Goiás em seu município. “Sei da seriedade e da responsabilidade de Caiado no trato da coisa pública. Estou e estarei ao seu lado para que Goiás prossiga o trabalho de geração de empregos e renda, e melhoria da qualidade de vida da população.”
“Honesto, bem-intencionado e trabalhador”, dizem prefeitos
Dos 20 prefeitos eleitos pelo PSDB em 2020, a grande maioria já se manifestou a favor das parcerias administrativas com o governo e apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado em 2022.
Naçoitan Leite, de Iporá, foi o primeiro prefeito tucano a abandonar o partido. “Deixei o PSDB para buscar um partido da base do governo de Goiás, porque acredito nas boas intenções do Caiado e no trabalho que realiza em parcerias com os municípios.”
Hermano de Carvalho, de Aruanã, também trocou o PSDB pelo DEM, por acreditar no trabalho administrativo realizado por Ronaldo Caiado: “Estamos trabalhando juntos e, ano que vem, estarei no palanque do governador pela conquista de novo mandato.” Prefeito de Goianira e presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM), Carlão Andrade é outro tucano que abandonou o barco para ingressar no DEM: “Ronaldo Caiado trabalha muito, ouve e dialoga com os prefeitos de todos os partidos. Vamos sair às ruas para pedir novo mandato de governador para ele.
Caiado é honesto, não transige com a corrupção. Por isso conta com o apoio da maioria esmagadora dos prefeitos goianos.”
Última esperança para Marconi e José Eliton agora é Mendanha
Após as eleições de 2018 e 2020 passarem sobre o PSDB como um “vendaval”, esfacelando a legenda em todo o Estado, os cardeais tucanos tentam a sobrevivência, mas não encontram luz no final do túnel: não há um nome capaz de representar o partido na disputa pelo governo de Goiás no ano que vem. O ex-governador José Eliton, que teve votação ridícula em 2018 como candidato à reeleição, segue na lona, com altos índices de impopularidade. Sequer pretende disputar mandato eletivo ano que vem, nem mesmo a deputado federal ou estadual.
Eliton não conseguiu construir uma liderança nem na região Nordeste, onde tem residência e propriedade rural em Posse. Ano passado, seu pai, Altinho, figurou como candidato a vice-prefeito, cujo cabeça de chapa ficou em 3º lugar na disputa pela Prefeitura de Posse. Desde que se mudou para São Paulo, após o fracasso eleitoral de 2018, Marconi Perillo tenta retorno às atividades políticas de Goiás, mas não consegue espaço. Aproveita as redes sociais para externar suas opiniões, preparando candidatura a deputado federal, embora diga que pode se lançar a governador.
A direção estadual do PSDB tenta agendar encontros regionais nas cidades-polo de Goiás, mas encontra dificuldade em reunir adeptos. A primeira reunião está marcada para o final deste mês, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, organizada pela deputada estadual Lêda Borges, que perdeu a disputa pela prefeitura da cidade no ano passado.
Ex-prefeitos, ex-vereadores e ex-parlamentares fogem do PSDB como o diabo foge da cruz, em razão dos resíduos negativos acumulados pelo partido nos últimos anos. Agora, com a saída de prefeitos e parlamentares, o partido terá que reestruturar as comissões provisórias praticamente nos 246 municípios goianos, além de buscar nomes para as chapas de deputado federal e estadual, tarefa difícil, principalmente quando se aproxima o pleito de 2022.
Nomes conhecidos como José Vitti (ex-presidente da Assembleia Legislativa) e Jânio Darrot (ex-prefeito de Trindade) também abandonaram o barco tucano em todos os municípios goianos, o que dificulta ainda mais a recuperação do PSDB. Só resta aos cardeais tucanos uma esperança: convencer o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, a se filiar ao PSDB e disputar o governo de Goiás representando a oposição, ao lado de figuras como Sandro Mabel, entre outras. (H.L.)