Acordo DEM-MDB é histórico e cria eixo de poder para durar anos e anos
A disputa para a única vaga ao Senado na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM) nas eleições do ano que vem mostra um cenário competitivo em Goiás: o processo de afunilamento de nomes já se iniciou. De nove pretendentes, quatro ficaram pelo caminho e cinco continuam no páreo. Mas isso não impede que novos nomes venham a surgir até as convenções partidárias, em julho/agosto de 2022.
A lista inicial incluía Iris Rezende (MDB), Daniel Vilela (MDB), Luiz do Carmo (MDB) e Zacharias Calil (DEM), mas agora está restrita apenas a Henrique Meirelles (PSD), João Campos (Republicanos), Alexandre Baldy (Progressistas), Delegado Waldir (PSL) e Wilder Morais (PSC).
Todos esses pretendentes buscam espaço na chapa encabeçada por Caiado, que concorre à reeleição no pleito do ano que vem. Enquanto isso, a oposição, representada basicamente pelo PSDB, Patriota e PT, ainda não cogitou nomes para a corrida ao Senado Federal.
Todo político sonha em chegar ao Senado Federal, pois representa a “consagração” da carreira, principalmente para aqueles que não alçaram voos mais altos como a presidência da República ou o governo do Estado. Além do mais, cada senador tem vultosos vencimentos, verba indenizatória, dezenas de assessores de gabinete e incontáveis mordomias e privilégios. O salário final de um senador ultrapassa R$ 100 mil mensais.
É por isso que se diz: o Senado é melhor que o céu porque não é preciso morrer para chegar lá, como brincava Darcy Ribeiro (PDT), que integrou a Casa representando o Rio de Janeiro.
PSC reúne Luiz do Carmo e Wilder e decide por candidatura ao Senado
Em uma reunião que contou com as presenças do senador Luiz Carlos do Carmo e do ex-senador Wilder Morais, a cúpula do PSC goiano decidiu, na noite da última segunda-feira, 16, que terá candidato ao Senado. As lideranças do partido pretendem se encontrar com o governador Ronaldo Caiado (DEM) para tratar do assunto e manifestar o interesse na participação da chapa majoritária governista.
A reunião, na casa de Wilder, também contou com as presenças do deputado federal Glaustin da Fokus e do deputado estadual Henrique César e foi vista como uma reação às movimentações partidárias recentes em busca de espaço na chapa pela qual Caiado disputará a reeleição. O principal fator é a tendência de o MDB, que busca a vaga de vice para o presidente da sigla, Daniel Vilela, oficializar em breve apoio à reeleição do governador.
Apesar de ser filiado ao MDB, Luiz do Carmo é irmão de Eurípedes do Carmo, presidente do PSC: o partido é teoricamente abrigo para o senador disputar a reeleição em 2022. No entanto, o próprio Luiz do Carmo deixou no ar a possibilidade de abrir mão a favor de Wilder Morais. “Isso nós vamos ver lá na frente. Mas está decidido que o grupo vai ter candidato ao Senado”, diz. Wilder reforça a tese. “Os partidos estão se movimentando, e com o PSC não é diferente. Somos parceiros do governador e temos direito de pleitear esse espaço”, argumenta.
A principal aposta do PSC é a penetração entre o eleitorado evangélico. Luiz e Eurípedes são irmãos do bispo Oídes José do Carmo, presidente da Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembleias de Deus no Estado de Goiás.
Confira as chances de cada um dos pretendentes
#COTAÇÃO: ALTA
Henrique Meirelles (PSD)
O goiano de Anápolis Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central nos governos Lula e ex-ministro da Fazenda no Governo Michel Temer, entra no páreo como concorrente ao Senado por Goiás. Atual secretário de Fazenda do Governo João Doria, em São Paulo, Meirelles retornou ao PSD pelas mãos do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, para postular vaga ao Senado. Ainda não transferiu o domicílio eleitoral de São Paulo para Goiânia. Ele já foi deputado federal/relâmpago por Goiás em 2004, e também já tentou, sem êxito, concorrer ao governo de Goiás, pelo MDB, em 2010. Alcançou projeção nacional e internacional ao assumir a presidência mundial do Banco de Boston, sediado nos Estados Unidos. Em 2018, disputou e perdeu a Presidência da República, pelo MDB, notabilizando-se pelo slogan: “Chame o Meirelles.”
#COTAÇÃO: MÉDIA
João Campos (Republicanos)
O deputado federal João Campos, presidente do Republicanos de Goiás, se movimenta como pré-candidato ao Senado. Ele ainda não recebeu grande apoio, mas acredita que poderá consolidar seu nome junto ao eleitorado goiano. É delegado da Polícia Civil e pastor da Assembleia de Deus. Nos últimos anos, suas campanhas para a Câmara Federal tiveram o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus. O Republicanos quer aliança com o Democratas de Ronaldo Caiado. Caso consiga viabilizar o seu projeto ao Senado, João Campos deverá concorrer à reeleição.
#COTAÇÃO: BAIXA
Alexandre Baldy (PP)
Ex-ministro de Cidades do Governo Michel Temer, Alexandre Baldy trabalha a distância para concorrer ao Senado nas eleições de 2022, já que mora em São Paulo, a exemplo de Henrique Meirelles. Atualmente, ele é secretário de Transportes Metropolitanos do Governo João Doria. Porém, com a chegada do senador Ciro Nogueira à Casa Civil do Governo Jair Bolsonaro, Baldy – que alega estar de mudança para Brasília, após entregar o cargo a João Doria – revigora suas pretensões de se tornar candidato ao Senado. Ele é empresário na área de fabricação de remédios em Anápolis, exerce a presidência do Progressistas em Goiás, partido que conta com os deputados federais Professor Alcides e Adriano do Baldy e 32 prefeitos.
#COTAÇÃO: MÉDIA
Delegado Waldir (PSL)
Campeão de votos, por duas vezes, para a Câmara Federal, o Delegado Waldir Soares reaproximou-se da base do governador Ronaldo Caiado e recolocou seu nome como alternativa para a disputa ao Senado. Waldir se distanciou de Bolsonaro após exercer a liderança do PSL na Câmara Federal. Agora, o parlamentar admite apoiar a reeleição do presidente, já que não tem qualquer afinidade com as esquerdas. O parlamentar percebeu que estar ao lado de Caiado traz dividendos eleitorais, diante da alta popularidade do governador e do apoio que o democrata tem junto aos prefeitos goianos.
#COTAÇÃO: BAIXA
Wilder Morais (PSC)
O empresário Wilder Morais quer concorrer novamente ao Senado. Em 2018, ele ficou em terceiro lugar na disputa por duas vagas, atrás dos eleitos Vanderlan Cardoso (PP) e Jorge Kajuru (PRP) – dizem que por não acreditar nas próprias chances e não investir o suficiente. Wilder exerceu, por seis anos, o cargo de senador, que ganhou com a cassação do mandato de Demóstenes Torres, em 2012. É aliado de primeira hora do governador Ronaldo Caiado (DEM) e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No atual governo, ocupou a Secretaria de Indústria e Comércio.
(Por Helton Lenine / [email protected])