Última de Mendanha é diálogo com PT para lançar chapa de oposição a Caiado
Após a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o PT deve buscar alianças com partidos do espectro centro-liberal em Goiás, as lideranças do partido procuram aproximação com o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, que admite deixar o MDB para disputar a sucessão estadual.
Por causa de divergências históricas com Lula, agravadas pela CPI do Cachoeira, da Câmara Federal, em 2005, os petistas não vão procurar o PSDB do ex-governador Marconi Perillo, com quem Mendanha vem mantendo interlocução. Mas os petistas têm bom relacionamento com o ex-governador José Eliton, atual presidente estadual do PSDB, que interrompeu as tratativas por interferência direta de Marconi.
O único vereador do PT em Goiânia, Mauro Rubem confirmou que o partido iniciou conversações com Mendanha. “O emedebista é um nome que se destaca e nós já estamos dialogando com ele”, informa. O foco do PT em Goiás é viabilizar um palanque para a candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto em 2022 e, de acordo com Mauro Rubem, essa é a principal condição para o partido caminhar ao lado de Mendanha no ano que vem.
Na avaliação de Mauro Rubem, se Mendanha filiar-se ao PSB, seria “esse um caminho mais fácil” para a aliança, haja vista a relação próxima entre PT e PSB em nível nacional. Mas o vereador de Goiânia acrescenta que, mesmo se Mendanha não se filiar a um partido considerado de esquerda, a aliança ainda é possível. “Desde que ele declare apoio ao Lula”, ressalva.
Independentemente de Lula, é fato que o prefeito de Aparecida de Goiânia e o PT, que estiveram na mesma coligação nas eleições municipais em 2020, têm pelo menos uma pauta em comum: a oposição a Caiado. A recente polêmica do preço dos combustíveis não deixa mentir. Nas redes sociais, a deputada estadual Delegada Adriana Accorsi (PT) até curtiu uma publicação crítica ao governo feita por Mendanha. Em outras palavras, o debate sobre a redução do ICMS da gasolina está servindo também para estimular a composição de uma chapa oposicionista.
Partido de Lula aposta no prefeito de Aparecida e tem espaço no secretariado
Desde as primeiras eleições estaduais com voto direto, em 1982, o PT só não teve candidato a governador em 2006 e 2010. Coincidentemente, dois anos em que o partido saiu vitorioso para presidente. Mesmo assim, nesses anos, o PT esteve presente na chapa majoritária, com candidatos a vice-governador, Valdi Camarcio, e a senador, Pedro Wilson, respectivamente em 2006 e 2010. O vereador Mauro Rubem garante que, em 2022, “o PT marcará presença com uma chapa majoritária”. Caso não apoie Mendanha, o PT estuda pelo menos cinco nomes de dentro do partido. Segundo uma fonte petista, a ideia principal, no momento, é ter um candidato que, se perder, não fica sem mandato. “É o mais prudente.” Diante desse cenário, o deputado federal Rubens Otoni, os deputados estaduais Antônio Gomide e Delegada Adriana Accorsi e o vereador Mauro Rubem estão descartados. Todos eles devem disputar a reeleição ou buscar um mandato maior. Dentre os petistas sem mandato, os principais nomes ventilados são a presidente estadual do PT em Goiás, Kátia Maria, que foi candidata a governadora em 2018, e o ex-deputado estadual Luis Cesar Bueno, atualmente diretor parlamentar da Assembleia Legislativa. O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, e o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Wolmir Amado também são lembrados.
Ninguém quer aliança com o PSDB de Eliton e Marconi
Sem candidato competitivo ao Palácio das Esmeraldas às eleições de 2022, a oposição centro/direita está mergulhada em uma crise que poderá, mais uma vez, comprometer o seu desempenho nas urnas. MDB de Daniel Vilela, PT de Rubens Otoni, Patriota de Jorcelino Braga e o Republicanos de Rogério Cruz, além de outros partidos do espectro oposicionista, não aprovam coligação ou aliança com o PSDB dos ex-governadores José Eliton e Marconi Perillo.
Os dirigentes partidários sustentam que, diante dos desgastes políticos experimentados por José Eliton e Marconi Perillo e os escândalos relacionados a denúncias de práticas de corrupção no exercício do poder em Goiás, recomendam distanciamento dos tucanos.
O ex-deputado federal Daniel Vilela, presidente do MDB de Goiás, vetou radicalmente qualquer aproximação de seu partido com o PSDB marconista, em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, de O Popular: “Não temos nenhuma afinidade com o PSDB”, resumiu. Daniel Vilela, na entrevista, lembrou que o antigo PMDB e o agora MDB sempre fizeram oposição aos governos do PSDB comandados em Goiás por Marconi Perillo, desde 1998. Com esse posicionamento, Vilela fechou portas para uma coligação MDB/PSDB às eleições de 2022.
O Republicanos, que tem como principal expoente o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, também não cogita aliança com o PSDB, o que confirma o racha da oposição centro/direita em Goiás. O Republicanos, que é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, tem afinidade com o MDB de Daniel Vilela e inicia conversações com o DEM do governador Ronaldo Caiado para uma eventual aliança ao próximo pleito eleitoral.
O PSD, presidido em Goiás pelo ex-deputado federal Vilmar Rocha, não sabe qual rumo tomar em relação às eleições de 2022. Vilmar quer permanecer no bloco oposicionista ao Palácio das Esmeraldas, mas o senador Vanderlan Cardoso, deputado federal Francisco Jr, ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e prefeitos atuam para tirar o PSD do campo oposicionista e levá-lo para o lado do DEM de Ronaldo Caiado.
O PL, que é comandado pela deputada federal Magda Mofatto e pelo seu marido, Flávio Canedo, não definiu ainda se permanece na oposição ou se avança nas conversações com o DEM caiadista. Prefeitos do PL querem o partido na aliança governista. O Progressistas, que é presidido pelo ex-ministro Alexandre Baldy, também está dividido sobre qual aliança fazer em 2022. A maioria dos 32 prefeitos defende diálogo com o Palácio das Esmeraldas para fechar apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado.
DC, PTC, PMN, Avante, Pros e PMB podem abandonar o barco oposicionista e entrar na aliança com o DEM caiadista. (Helton Lenine / [email protected])