Aparecida atinge a triste marca de 1.600 mortes por Covid-19
Ao passo que o Brasil se aproxima de 575 mil mortes por Covid-19 – no total, 574.944 –, segundo balanço da última segunda-feira, 23, do consórcio de veículos de imprensa, com dados das secretarias de Saúde, Aparecida de Goiânia também atingiu uma triste marca: por aqui, já foram 1.600 vidas perdidas em razão da doença, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Baseado no Painel do Coronavírus do município, de abril de 2020 a abril de 2021, ou seja, um ano, 1.000 pessoas morreram em decorrência do vírus. De abril deste ano até a última segunda-feira, 23, quatro meses, 600 aparecidenses foram vítimas fatais da pandemia. Apesar de números estatísticos, são famílias, compostas por sentimentos, ceifadas por esse vírus que se propaga no município a galope.
O aumento no número de mortes por Covid-19 em Aparecida é a consequência da adoção do modelo de escalonamento do comércio pela prefeitura em março deste ano. Desde que a prefeitura adotou esse sistema, além de casos e mortes, a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) aumenta vertiginosamente dia após dia. De acordo com o último dado do Painel da Covid-19, de segunda-feira, 23, estava em 58% na rede pública e 45% na particular. Já a ocupação geral (pública e privada) é de 57%.
Até hoje, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) insiste em afirmar que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o avanço da pandemia na cidade. Imagens chocantes mostradas em edições passadas do Diário de Aparecida nos cemitérios locais exibiram uma sequência de valas abertas para receber caixões – em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia, e em março superou oito mortes por dia. O que se vê é que o número de óbitos no município não parou de subir.
Um dos fatos polêmicos em relação às falhas do isolamento social foi a autorização para o funcionamento dos motéis. E ainda as feiras livres, como a do Setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de UTIs na cidade continuava aumentando. Além de não tomar medidas enérgicas de combate à doença, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia suspendeu o escalonamento desde o dia 12 de julho e permitiu ainda mais a flexibilização do comércio e atividades não essenciais.
De acordo com a Portaria nº 094/2021- GAB/SMS, publicada no Diário Oficial Eletrônico (DOE) do dia 15 de julho, o regime de escalonamento pode ser retomado se Aparecida registrar índices elevados de ocupação de leitos de UTI, variação na média móvel de casos e avanço na velocidade de transmissão.
Para especialistas em saúde, o aumento no número de internação é reflexo da flexibilização das medidas de distanciamento social. “Não é hora para aglomeração. A gente não tem vacina para todo mundo. Se a gente não tiver uma cobertura vacinal, a gente não pode liberar tudo. Precisamos ter restrição. Ainda é um momento de atenção”, afirmou o médico infectologista Marcelo Daher.
A médica infectologista Juliana Barreto adverte que não é o momento de relaxar nas medidas de contenção do vírus no Estado. “Quanto mais as pessoas colaborarem, mesmo entendendo toda a dificuldade econômica que se tem no momento no nosso País, no nosso Estado, mais rapidamente tudo poderá ser aberto com todas as condições de segurança.”
Setor produtivo teme retorno do escalonamento das atividades econômicas no município
Comerciantes do município temem o retorno do escalonamento das atividades econômicas. Além de não frear o avanço da pandemia na cidade, o modelo adotado pela prefeitura não contemplou a economia aparecidense, pois enquanto havia medidas de flexibilização em outras cidades do Estado, inclusive na circunvizinha Capital, em Aparecida o comércio e as atividades não essenciais ficaram presas. Dividido em fases, o modelo, suspenso desde o dia 12 de julho, permitiu o funcionamento do comércio em macrozonas e dias alternados.
Autor da proposta de suspensão do escalonamento das atividades econômicas e membro do Comitê de Prevenção e Enfrentamento à Covid-19 de Aparecida de Goiânia, o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag) e vice-presidente da Federação das Associações Empreendedoras, Comerciais, Industriais, de Serviços, de Tecnologia, de Turismo e do Terceiro Setor do Estado de Goiás (Faciest-GO), Maione Padeiro adverte para o cumprimento das medidas sanitárias.
“Aparecida de Goiânia suspendeu o escalonamento regional do comércio. Agora a responsabilidade é de todos nós, assim seguindo todos os protocolos sanitários: distanciamento social, máscara e uso de álcool em gel, orientando também os seus colaboradores e clientes a segui-los para assim não retornar a ver os nossos comércios fechando. É bom que a gente tenha consciência de que o único caminho é a vacina. Assim que chegar a sua hora, tome a vacina, porque vacina boa é vacina no braço e todos nós vacinados teremos uma economia, emprego cada vez maior no município. Coloco a Acirlag à sua disposição!”, enaltece.
Maione enfatiza que o modelo adotado pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia em fechar o comércio e as macrozonas serem divididas apenas por uma rua prejudica os comerciantes. Segundo ele, os empresários estão seguindo os protocolos sanitários de combate à Covid-19. Paralelamente à defesa, o presidente da Acirlag salientou que não é o momento para relaxar quanto aos cuidados da pandemia.
“A nossa preocupação é que o cenário piore e haja mais restrições. Acompanho todo o esforço dos comerciantes, todos eles estão contribuindo para o controle da pandemia da Covid-19 em Aparecida de Goiânia. Por isso, acredito que não vai ter a necessidade de ter mais restrições. Por conta de as macrozonas serem divididas por uma rua, isso prejudica os comerciantes das outras. Libera tudo. Coloque regramento, fiscalize mais”, defende. (E.M.)
Infectologista aponta que vacinação é a arma ideal para combater a doença
A infectologista Juliana Barreto lembra que a vacina contra a Covid-19 é a arma ideal para combater a doença. “Vacinar em massa a população é a nossa esperança para redução e controle da doença, já que nós já sabemos que não há nenhuma medicação profilática, ou seja, preventiva, contra o coronavírus. A medicação preventiva é a vacina. E a vacina, junto com as medidas de segurança, lavagem correta das mãos, uso das máscaras a todo tempo e distanciamento social, é que vai levar à superação da pandemia.”
Embora haja uma previsão de aumento no ritmo de vacinação contra a Covid-19, as medidas de distanciamento, isolamento, uso de máscara e higienização das mãos devem ser mantidas sem flexibilização. A orientação é da infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi. “O anúncio de que a vacinação está acelerando não nos permite relaxar nenhuma medida de bloqueio da transmissão”, afirma em entrevista à CNN. Levantamento do Diário de Aparecida, baseado nos dados do Placar da Vida da última segunda-feira, 23, da Secretaria Municipal de Saúde do município, revela que apenas 21,30% dos aparecidenses receberam a segunda dose ou única da vacina contra a Covid-19, com 125.747 doses aplicadas. (Eduardo Marques / [email protected])