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Campanha Setembro Dourado chama atenção para câncer infantojuvenil

A dificuldade de acesso a tratamento especializado faz com que a taxa de mortalidade do câncer infantojuvenil no Brasil seja o dobro da de países desenvolvidos, representando hoje a principal causa verificada de morte entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. A afirmação é de um recente levantamento feito pelo Instituto Desiderata, que destaca ainda a falta de informação como principal causa dos diagnósticos tardios, o que diminui consideravelmente as chances de cura da doença. Aliado a isso, no mês de conscientização sobre os tumores que atingem mais de 10 mil crianças e adolescentes por ano, o Hospital de Câncer Araújo Jorge aponta outro grande desafio da área: a complexidade da identificação das neoplasias, cujos sintomas se assemelham muito aos de outras doenças comuns da infância.

Não por acaso, a principal, e mais poderosa, forma de prevenção ao câncer infantojuvenil é a ida regular ao médico. “É fundamental que os pais e cuidadores levem as crianças ao pediatra periodicamente. É ali, no consultório, que conseguimos descobrir um câncer ainda no início do seu desenvolvimento, diagnosticando, por exemplo, um sarcoma, grupo de tumores raros que geralmente atingem os ossos, a partir de uma simples dor na perna. Essa descoberta precoce, muitas vezes, vai representar um índice de cura de até 90%”, pontua a pediatra cancerologista Elecy Messias de Oliveira.

Integrante da equipe de Oncologia Pediátrica do Araújo Jorge, ela lembra que durante muito tempo o câncer na infância foi um assunto temido e evitado, “como se o silêncio afastasse a possibilidade do diagnóstico positivo”. A médica afirma que, recentemente, o cenário tem mudado, mas ainda é preciso estimular o diálogo sobre a doença, que representa de 1% a 3% de todos os casos de câncer diagnosticados no País, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

 

Único com tratamento integral a crianças

Em Goiás, o Araújo Jorge é o único Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), o que significa que oferece tratamento integral ao paciente com câncer. Na Pediatria, por exemplo, só em 2020 foram 4.831 consultas, 160 cirurgias e 672 pequenos procedimentos, 7.652 doses de quimioterapia e 1.051 internações. “O número poderia ser muito maior, não fosse a falta de informação, afinal, ninguém fica alerta diante do perigo que não conhece e, por falta de instrução, pode acabar não dando a devida importância a sintomas que parecem inofensivos. Isso sem contar a verdadeira via-crúcis que mãe e pai precisam percorrer até chegar a um hospital especializado, realidade que torna urgente a implementação de políticas públicas por parte das autoridades de saúde”, pontua a pediatra cancerologista Elecy Messias de Oliveira.

 

Perfil

Nas crianças e adolescentes, os cânceres mais frequentes são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a doença, comparativamente com a neoplasia do adulto, cresce quase sempre rapidamente, é geralmente mais agressiva, mas responde melhor à quimioterapia. “O grande problema, assim como em todas as áreas da oncologia, é que muitos meninos e meninas chegam nos centros especializados, como é o caso do Araújo Jorge, com tumores bastante avançados, quando a resposta diante do tratamento já não é a mesma”, alerta Elecy.

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