Caiu a máscara: Mendanha está em plena articulação com Marconi
O ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) disse na última segunda-feira, 30, em entrevista à CBN Goiânia, ter solicitado ao ex-governador José Eliton, presidente estadual do PSDB, para convidar o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, a se filiar ao PSDB, caso o MDB consolide a aliança com o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o emedebista deixe o partido.
O tucano ainda rebateu as especulações de que ele e o PSDB estariam se aproveitando da situação para impulsionar a candidatura de Mendanha. “Eu não sou do partido do Gustavo, ele nunca votou em mim, sempre foi fiel ao partido. Então, essa cobrança não cabe a mim, não sou eu que estou deixando o Gustavo na mão”, diz.
Mendanha tem defendido candidatura própria do MDB e é cotado para disputar o governo contra Caiado no ano que vem. A sigla, no entanto, caminha para aliança com o democrata, que levou ao presidente emedebista em Goiás, Daniel Vilela, um convite para que a legenda venha a integrar sua chapa majoritária em 2022, dentro do projeto que visa a sua reeleição.
Em diversas entrevistas, Mendanha negou que tivesse conversado com Marconi Perillo sobre as eleições de 2022 em Goiás e que apenas tinha recebido emissários do PSDB, como o ex-prefeito de Catalão Jardel Sebba. Mas agora caiu a máscara: o próprio Marconi confirma que conversou, recentemente, com Mendanha sobre política estadual.
Marconi deixou claro a O Popular que estaria disposto a apoiar a candidatura do prefeito de Aparecida, mesmo que fosse pelo próprio MDB, rival histórico do PSDB em Goiás. “Eu não teria nenhuma objeção em buscar aliança com uma pessoa do nível do Gustavo, desde que seja para unir a oposição, apesar de termos sido rivais.”
No fim de semana, em Valparaíso de Goiás, Marconi dividiu o palanque com a deputada federal Magda Mofatto (PL), quando falaram em aliança da oposição. Ela também já fez convite para Mendanha se filiar ao PL. Marconi ainda disse que considera outros nomes para disputar o cargo com Caiado e revela que, inclusive, já convidou o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot (Patriota) a voltar para o PSDB. Jânio deixou a legenda, da qual era presidente em Goiás, no início do ano com o intuito de construir sua candidatura ao governo em outro partido.
O ex-governador também cita alternativas de nomes que o PSDB possui, como o ex-prefeito de Goianésia e presidente da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Otávio Lage de Siqueira Filho, e o empresário José Garrote, que comanda o grupo industrial goiano São Salvador Alimentos (SSA).
Encontro do PSDB em Valparaíso evidencia fragilidade no Entorno
O Encontro Regional de Líderes promovido pela deputada estadual Lêda Borges no último sábado, 28, em Valparaíso de Goiás, mostrou um cenário de desidratação do PSDB na Região do Entorno de Brasília, onde o ex-governador Marconi Perillo e companhia reinaram por muitos anos como soberanos políticos. A região já foi considerada o maior reduto eleitoral do tucanato goiano, mas o grupo está enfraquecido e perdeu lideranças nos municípios locais. Além de Lêda e Marconi, estiveram presentes somente o ex-governador José Eliton, os deputados estaduais Gustavo Sebba e Helio de Sousa, e a deputada federal Magda Mofatto, do PL. Nenhum prefeito apareceu.
Marconi e o PSDB foram abandonados pelos antigos aliados que tinham no Entorno: o deputado federal Célio Silveira (Luziânia, de saída do PSDB); o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto (hoje filiado ao DEM); o prefeito de Valparaíso, Pábio Mossoró (hoje no MDB); o prefeito de Cidade Ocidental, Fábio Correa (hoje no PP); a ex-prefeita de Novo Gama Sônia Chaves (hoje no PP); e o ex-prefeito de Águas Lindas de Goiás Hildo do Candango (hoje no PTB) são apenas alguns nomes que deixaram de ir a Valparaíso.
Essa desidratação política do PSDB na região, sugerem alguns tucanos, ocorre por culpa do discurso de ódio e da falta de habilidade da deputada Lêda Borges. Mesmo neste cenário, falou-se da união da oposição contra o governador Ronaldo Caiado. Marconi Perillo garantiu que o PSDB terá candidato próprio a governador em 2022. “É claro que não seremos irresponsáveis ao ponto de colocarmos em risco a unidade das oposições no Estado”, alertou.
A ideia foi defendida também pela deputada federal Magda Mofatto e pelo seu marido, Flávio Canedo, presidente estadual do PL. “Na eleição de 2018, o PL caminhou junto com o PSDB, mesmo sabendo que poderíamos sofrer uma derrota. O PL nunca foi e nunca será adesista”, declarou Flávio Canedo. Mas a impressão não é boa. Além do PSDB, o PL também está desgastado no Estado e, se as coligações não retornarem, Magda corre risco de não ser reeleita. O que era para ser um grande encontro político evidenciou que os tucanos perderam terreno e força política na região. (Helton Lenine / [email protected])