Esvaziados, atos pró-Bolsonaro em Goiânia mostram falta de apoio
Com pautas antidemocráticas, inconstitucionais e baixa adesão, a motocarreata de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de ontem, 7, dia em que se comemora a Independência do Brasil, não impressionou a população de Goiânia. As várias ruas da capital goiana não foram ocupadas como desejariam os manifestantes barulhentos do evento, que se encerrou às 12h45 em frente ao Comando de Operações Especiais do Exército, no Jardim Guanabara. Sem considerar as 583.866 mortes de brasileiros por Covid-19, manifestantes pró-governo promoveram aglomerações por onde transitaram.
Apesar de lideranças goianas de direita terem se concentrado para irem a Brasília, com o objetivo de reforçar o apoio ao presidente da República, nem a organização e nem a Polícia Militar (PM) informaram quantos veículos participaram do evento, segundo O Popular. Foram para a capital federal os habitantes da bolha bolsonarista, mas mesmo assim ela não logrou contaminar a população com o seu ódio e vassalagem.
O ato em Goiânia foi marcado por cartazes e gritos que pediam a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaças ao Congresso Nacional, soltura de militantes presos por terem dado declarações golpistas e intervenção militar, com o presidente no poder. Entre os presos por declarações golpistas que tiveram apoio dos manifestantes estava o presidente do PTB nacional, Roberto Jefferson, condenado no processo do Mensalão. A maioria dos participantes não usava máscara de proteção facial.
A manifestação começou às 9h, com concentração na porta do Autódromo Internacional de Goiânia, na GO-020. Lá, juntaram-se carros e motos e veículos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Por volta das 10h20, o grupo saiu em comboio pelas ruas da cidade. Em tom ameaçador e intimador à liberdade de imprensa e expressão, os apoiadores passaram na frente do Grupo Jaime Câmara e repudiaram a TV Globo.
O comboio seguiu pela Avenida T-4, depois transitou por algumas vias do Setor Central, quando se aproximou da manifestação contrária ao chefe do Executivo nacional. Quando iriam contornar o anel da Praça Cívica, a polícia desviou a manifestação, que seguiu direto para a Avenida Paranaíba. Ao mesmo tempo, a manifestação do Grito dos Excluídos e Excluídas encerrava o ato na Catedral Metropolitana, na Avenida Universitária. Os movimentos opostos não se cruzaram.
As viaturas da PM acompanharam os carros e equipes do Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro) e deram suporte às motos da manifestação. Integrantes do grupo de segurança posaram para fotos junto com os bolsonaristas. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) recomendou que policiais militares não participassem da manifestação, a não ser para garantir a segurança da população.
DEMOCRACIA
Apesar de constantes ameaças ao Estado Democrático de Direito que o presidente Jair Bolsonaro promove, um dos organizadores da manifestação de ontem na capital goiana garantiu que o evento teve o foco de defender, na classificação dele, a democracia. “Democracia se faz com o povo. Uma de nossas pautas é a contagem pública total de votos. Não estamos afrontando o sistema eleitoral, só queremos uma melhoria”, disse ao Mais Goiás um dos organizadores da motociata em favor do Governo Bolsonaro em Goiânia, Marcelo Magalhães. Ainda segundo ele, o movimento representa a insatisfação dos brasileiros com o Congresso, algumas decisões do STF e o apoio ao presidente. Outra manifestante, Sílvia Sousa, também criticou o Supremo. “Queremos a renovação do STF. Essa é a nossa bandeira.”
Sem mencionar o Poder Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro fez uma ameaça ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, durante discurso para manifestantes em Brasília. Também sem citar os nomes dos dois ministros, ele disse que, se Fux não enquadrar Alexandre de Moraes, “esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”. No discurso, Bolsonaro atacou o ministro Alexandre de Moraes, do STF – sem citar o nome do ministro. De acordo com o presidente, “uma pessoa específica da região dos três Poderes” está “barbarizando” a população e fazendo “prisões políticas”, que, segundo afirmou, não se pode mais aceitar.
“Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse. Nas palavras de Bolsonaro, “o Supremo Tribunal Federal perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal”.
Protestos contra o presidente ocorrem Goiás afora
Os manifestantes contrários ao presidente Bolsonaro se reuniram na manhã de ontem na Praça do Bandeirante, em Goiânia, por volta das 9h. Durante todo o percurso, a PM acompanhou a manifestação, fechando e abrindo as vias necessárias para a passagem. O grupo caminhou pela Avenida Goiás, Praça Cívica, Rua 10, até chegar à Catedral, onde encerrou o ato por volta de meio-dia, após caminhar aproximadamente três quilômetros. O ato foi convocado por partidos políticos e centrais sindicais. Eles pedem mais vacinas, comida, e direitos trabalhistas. Manifestantes usaram máscaras de proteção facial, mas as pessoas estavam muito próximas umas às outras.
Em Catalão, houve uma manifestação contra o presidente Bolsonaro durante uma feira que acontece tradicionalmente às terças-feiras, ao lado da prefeitura. O grupo se reuniu por volta das 8h30 e ficou até as 11h. Os manifestantes entregaram panfletos para os moradores que passaram pelo local. O grupo usava máscaras de proteção facial.
Em Jataí, manifestantes contrários ao presidente se reuniram na Praça Tenente Dyomar Menezes, no centro da cidade, entre 8h30 e 12h. Com carro de som e cartazes, questionaram a alta no preço dos alimentos e dos combustíveis. Os manifestantes também pediram por mais vacinas e mais investimentos em educação. Também houve manifestação contra o governo em Itumbiara. Os manifestantes se concentraram em frente ao Estádio JK. Com cartazes de “fora Bolsonaro”, arrecadaram cestas básicas, que serão doadas. Eles ficaram reunidos entre 9h e 12h. (Por Eduardo Marques / [email protected])