Apesar das constantes campanhas publicitárias para mostrar que o município está adiantado no processo de vacinação contra a Covid-19, Aparecida de Goiânia continua em ritmo lento. Levantamento do Diário de Aparecida, baseado nos dados do Painel da Covid-19 do dia 3 de setembro, último registro, mostra que apenas 28,03% da sociedade geral aparecidense recebeu as duas doses ou a dose única da vacina contra o novo coronavírus. Foram 168.730 vacinas aplicadas.
Já a primeira dose dos imunizantes alcançou 56,30% dos habitantes da cidade, com 338.841 vacinas aplicadas. A reportagem utilizou as informações atualizadas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas no dia 27 de agosto, cuja estimativa populacional da cidade para 2021 foi de 601.844 habitantes. Até agora, o município aplicou, no total, 476.096 doses. De 354 doses recebidas para o reforço, 127 foram aplicadas. Aparecida de Goiânia iniciou em 1º de setembro a aplicação da dose de reforço em idosos institucionalizados. Segundo a previsão da Secretaria Municipal de Saúde, a partir desta quinta-feira, 16, a população geral acima de 70 anos estará apta a recebê-la.
Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) apurou que, referente à primeira dose, foram aplicadas 4.373.206 em todo o Estado, com 60,68% da população geral vacinada. Em relação à segunda dose, foram vacinadas 2.106.764 pessoas, ou seja, apenas 29,23% estão totalmente imunizadas. Esses dados são preliminares e coletados no site Localiza SUS do Ministério da Saúde.
O balanço da vacinação contra Covid-19 do consórcio de veículos do último sábado, 11, apontou que 137.832.335 pessoas já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados até as 20h. O número representa 64,61% da população brasileira. Os brasileiros que completaram o esquema vacinal chegaram a 34,08% da população. São 72.705.622 pessoas que tomaram a segunda dose ou a dose única de vacinas. Somando a primeira dose, a segunda, a única e a de reforço, são 210.626.017 doses aplicadas desde o começo da vacinação.
Vale lembrar que a maioria das vacinas utilizadas contra a Covid-19 usa duas doses para a imunização. CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, vacinas que fazem parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), precisam das duas doses, em intervalos diferentes, para que o esquema vacinal seja completo. A única exceção, até o momento, é o imunizante desenvolvido pela Johnson&Johnson, Janssen, que utiliza apenas uma dose.
Predominância
A aplicação da segunda dose contra a Covid-19 no Brasil foi predominante dias atrás pela primeira vez desde o início de maio, apontam dados do Ministério da Saúde. É apenas a quarta vez que isso ocorre e a primeira em um contexto de vacinação com a primeira dose avançada no País, o que indica uma nova fase da campanha de imunização. Além da entrega de vacinas, o avanço da aplicação da segunda dose de imunizantes contra a Covid-19 no Brasil também envolve uma série de outros fatores: desde a realização de campanhas publicitárias para conscientização até a busca ativa de quem não retornou para completar o esquema vacinal.
Para a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin, vários fatores dificultam a aplicação da segunda dose no Brasil. A falta de vacinas é um deles. “Quando a pessoa vai ao posto e não encontra a vacina que precisa para a segunda dose, dificilmente irá em outro local ou voltará outro dia”, explicou ao Estadão. Outro ponto levantado pela especialista é o esquecimento. O intervalo entre as doses das vacinas pode chegar a 12 semanas. Muita gente fica ansiosa aguardando a data do reforço, mas outro tanto esquece de voltar ao posto. “Precisamos de algum mecanismo para lembrar a pessoa, seja uma mensagem de texto, ligação, e-mail”, completou.
Uma nota conjunta da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) alerta para a necessidade de se tomar a segunda dose. Segundo o documento, quando o indivíduo não completa o ciclo vacinal, ou seja, não toma as duas doses recomendadas, não tem a imunização esperada e fica mais propenso à infecção.
Além disso, ainda há uma série de dúvidas quanto aos efeitos da vacina no que se refere à transmissão da doença. Estudos clínicos desenvolvidos em Israel e na Inglaterra sugerem que os imunizantes disponíveis hoje são capazes de evitar o desenvolvimento de casos graves da doença e os óbitos, mas, embora reduzam significativamente a transmissão, não são capazes de evitá-la. (Por Eduardo Marques / [email protected])