Um dos presidentes mais destrambelhados da história do Brasil, que acabou engolido por uma tentativa de autogolpe, o paulista Jânio Quadros era também professor de Português e gostava de usar as possibilidades mais exóticas do idioma. Foi assim que ficou famoso ao ser perguntado sobre os motivos pelos quais havia adotado determinada posição, quando respondeu: “Fi-lo porque qui-lo”.
A frase entrou para a história como exemplo de autoritarismo e de desprezo pela opinião geral da sociedade. Jânio Quadros fazia porque queria e não em razão de motivações superiores, de ordem pública, como deveria ser em relação às funções de importância que exercia, em especial a de Chefe da Nação brasileira. E não à toa terminou mal.
Temos, em Goiás, um novo exemplo de “fi-lo porque qui-lo”. Trata-se do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, jovem ainda, mas de cabeça dinossáurica, autocrata por natureza, um político de proveta que nunca enfrentou desafios significantes e sempre foi protegido da realidade primeiro pelo pai, o ex-deputado estadual Léo Mendanha, e depois pelo seu padrinho e antecessor Maguito Vilela, responsável integral pela sua 1ª eleição para a prefeitura do segundo centro urbano mais populoso do Estado.
Mendanha não dá satisfações a ninguém. Faz o que lhe dá na telha, inclusive quanto a decisões fundamentais a propósito de políticas públicas que poderiam vencer os desafios que afligem o município que governa. Nele, falta tudo. Não há vagas para as crianças em idade de frequentar creches e receber a preciosa Educação Infantil. Dezenas de bairros seguem com as suas ruas tomadas pela poeira e pela lama, já que nunca receberam o prometido asfalto. Categorias de servidores da prefeitura são desrespeitadas nos seus direitos, como a Guarda Civil Municipal, que não merece a contrapartida justa aos bons serviços que presta à população aparecidense.
Além disso, não cumpre as promessas que fez nas campanhas para o 1º e o 2º mandatos, quando iludiu o eleitorado vendendo o reino de fantasia em que todos os problemas de Aparecida seriam resolvidos e assumindo compromissos, como a construção de um Hospital do Câncer ou o Banco de Alimentos, que jamais saíram do papel – e, por coincidência, em nível estadual, estão sendo implantados pelo governador Ronaldo Caiado.
Até a transparência, dever mínimo de todo governante, é desrespeitada em Aparecida. Pedidos formulados pelo Diário de Aparecida, com base na Lei de Acesso à Informação, um diploma legal federal, foram ignorados e serão agora motivo de representação junto ao Ministério Público, para enquadrar tanto o prefeito quanto seu secretário de Comunicação como omissos e incursos na legislação de Improbidade Administrativa.
Mendanha é o Jânio Quadros da província, inclusive quanto à renúncia ao mandato, que prepara para o dia 2 de abril. Se perguntado sobre as razões de tudo o que faz de errado, certamente responderia, talvez com outras palavras, mas no mesmo sentido: “Fi-lo porque qui-lo”. Ele é o pavão de Aparecida.