Aparecida

Prefeitura de Aparecida é questionada sobre suposta liberação de construção em área proibida

90 famílias que ocupavam o local foram removidas de forma truculenta pela gestão municipal

Aparecidenses registraram imagens de máquinas trabalhando em um terreno embaixo da rede de alta tensão de energia de Furnas Centrais Elétricas na Rua dos Pássaros, Quadra 7, lotes 7 a 11 no setor Expansul. Vídeos, áudios e fotos foram enviados para a redação do Diário de Aparecida com populares indagando se o local estava sendo preparado para obra pública ou privada.

A área pertence ao notório empresário Osvaldo Zilli, proprietário das transportadoras Transzilli, empresa de destaque nacional e com ampla relevância para o desenvolvimento econômico de Aparecida.  Ao DA, Zilli disse que não pretende edificar obras no local, mas o que está em prática é o perfil cuidadoso com os terrenos que lhe pertence. O acúmulo de sujeira constrangeu o empresário a limpar a área. Para ele, há uma necessidade de conscientização popular do descarte regular de lixos e entulhos.

“Vou cercar porque estão depositando lixo. Estão assimilando a área com os terrenos baldios presentes nos lados. Não vou construir devido a rede elétrica, porém, deixar com aspecto de abandono também não vejo como o correto. Foram retiradas 42 cargas de lixo. Agora com o cercado creio que não terei mais problemas com os montões de lixo”, explicou o empresário.

Osvaldo Zilli afirmou que se pudesse investiria com obras no local. Contudo sabe que suas empresas têm um porte que atrai a atenção e ele jamais a colocaria sob questionamentos. Ressaltou que a sociedade pode ficar tranquila que nada será feito em desfavor das pessoas.

“No local não pode ser realizado nenhum tipo de edificação”

A reportagem do Diário de Aparecida buscou respostas na Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) para sanar as dúvidas dos cidadãos que por confundir a presença das máquinas que faziam a limpeza com prenúncio de construção privada, questionou quais as razões da prefeitura em liberar um investimento debaixo das Furnas, ao contrário do ato de remoção das 90 famílias do assentamento Vale do Sol próximo ao Complexo Prisional de Aparecida e que também moram debaixo de rede de alta tensão elétrica. Fato ocorrido no início do mês de setembro passado, e publicado neste veículo em 10 de setembro de 2021, sexta-feira,  Edição nº 2.803.

Veja o trecho do depoimento de uma das moradoras da comunidade que vivenciou o trauma. “Se o prefeito conhecesse nossa realidade, não mandaria derrubar nossas casas. É normal derrubar os barracos? Saímos da nossa terra para trabalhar e buscar uma moradia melhor para nossos filhos, dar a eles estudo, vida digna para que amanhã não virem bandidos e a polícia vir matar. Mas precisamos dos serviços da prefeitura, postos de saúde e cmeis. Tem mães que não tem onde deixar seus filhos para irem trabalhar. Recebemos doações dos empresários para matar a fome de alguns, mas ninguém nos reconhece.”

Nota da prefeitura na íntegra

“A Secretaria de Planejamento e Regulação Urbana informa que na área pode ser feito apenas o nivelamento de terra e limpeza, para fins de estacionamento, e que no local não pode ser realizado nenhum tipo de edificação, por conta da Linha de Transmissão (rede de alta tensão). O órgão afirma ainda que o terreno particular está sendo preparado para estacionamento exclusivo de caminhões”, conclui o documento. (A.P.A.)

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