Aparecida

Bolsonaro confirma a filiação ao PL e tira de Mendanha o único partido que o apoiava

Presidente, ingressa na sigla no próximo dia 30, isola o prefeito de Aparecida ao dar preferência para Major Vitor Hugo decidir sobre o futuro da legenda em Goiás

Helton Lenine

O presidente Jair Bolsonaro acertou, de forma definitiva, a sua filiação ao Partido Liberal (PL), com ato festivo marcado para a próxima terça-feira, 30, em Brasília e, de imediato, provoca uma crise na sigla em Goiás. De um lado, a deputada federal Magda Mofatto, apesar de bolsonarista, não aceita ingerência no comando e nas decisões do PL de Goiás. O marido dela, Flávio Canedo, ocupa a presidência da executiva estadual.

Mofatto também antecipou apoio à candidatura do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (sem partido) à sucessão estadual. De outro, Jair Bolsonaro e seu grupo pensam diferente: querem o major Vitor Hugo, atual deputado federal e bolsonarista-raiz, como candidato ao governo de Goiás, tendo o ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas como opção ao Senado.

O casal Magda/Canedo não tem força política para enfrentar o bolsonarismo: o PL de Goiás é um partido nanico, pois conta com uma deputada federal, nenhum deputado estadual e apenas 13 dos 246 prefeitos goianos. O abacaxi do PL goiano terá que ser descascado por Valdemar Costa Neto, mandachuva do partido. Pelas conversas que o dirigente manteve com Bolsonaro, haverá “carta-branca” para o presidente interferir e impor decisões nos Estados, o que complicaria a situação do casal Magda/Canedo em Goiás.

Valdemar Costa Neto “entregou” o PL para o bolsonarismo porque ambiciona conquistar a segunda ou terceira maior bancada no Congresso Nacional (senador e deputado federal) em 2022 e, assim, potencializar o caixa do fundo partidário do partido. Magda Mofatto avançou as conversas com Gustavo Mendanha, de olho na indicação do vice-governador na chapa do ex-emedebista. A parlamentar já teve a primeira decepção com Mendanha: convidado, o prefeito de Aparecida de Goiânia rejeitou o convite para se filiar ao PL e pelo qual disputar a sucessão estadual.

Magda Mofatto abriu uma crise direta com o bolsonarismo, ao dizer que o seu colega deputado federal major Vitor Hugo precisa antes mostrar que tem votos para depois anunciar-se como pré-candidato a governador. Pelas manifestações de Vitor Hugo nas redes sociais, o bolsonarismo entra no PL para “dar as cartas” e não para ser coadjuvante, ou seja, em português mais claro: Bolsonaro e seus seguidores chegam no partido para impor as candidaturas a governador, vice e senador e definir prioridades para alianças partidárias.

Vitor Hugo deixa claro que admite ser candidato ao governo de Goiás. Baiano de nascimento e formado pela Escola de Agulhas Negras no Rio de Janeiro, o major teve votação pífia para deputado federal, por Goiás, em 2018, mas se elegeu graças ao “voto/legenda”, na rabeira do campeão de votos do PSL, Delegado Waldir Soares. Ex-líder do Governo Bolsonaro na Câmara Federal, Vitor Hugo gosta de se apresentar como “representante dos municípios goianos” e tem sido visto, com frequência, acompanhando prefeitos pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Com forte componente de direita radical, Vitor Hugo faz o contraponto, no plenário da Câmara Federal, ao PT de Lula e demais legendas de esquerda, em defesa de teses nacionalistas, além de privatizações de estatais como Eletrobras e Petrobras. A partir de agora, o PL goiano vai viver um “calvário” sem precedente, com o bolsonarismo ditando as regras em relação às eleições do ano que vem. Se não aceitar as decisões de Bolsonaro e seus seguidores, a deputada Magda Mofatto e seu grupo terão um único caminho: deixar a legenda.

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