Vendedores ambulantes estão ameaçados de serem retirados da Avenida Igualdade
Agentes da prefeitura foram vistos fotografando as bancas e as mercadorias dos camelôs. Trabalhadores pedem a Gustavo Mendanha e ao secretário Veter Martins, o direito de ganhar o sustento de suas famílias
Ana Paula Arantes
Um vídeo de 9 minutos que está circulando nas redes sociais foi enviado ao Diário de Aparecida onde mostra o drama de um grupo de vendedores ambulantes atuantes na Avenida Igualdade do Setor Garavelo, que se sentem ameaçados pela gestão municipal em não mais poder exercer suas atividades comerciais ao ar livre. No início do vídeo faz-se menção do secretário municipal de Planejamento e Regulação Urbana, Veter Martins e do prefeito Gustavo Mendanha como os responsáveis.
Os vendedores pedem compreensão e sensibilidade por parte do secretário e do prefeito, pois, segundo eles, há homens e mulheres que sustentam suas famílias onde há crianças e idosos, e a única opção de serviço é essa, e que se forem retirados da avenida, dificilmente conseguirão sobreviver depois dessa pandemia. A súplica para que as lideranças os deixem trabalhar são insistentes e endossadas de que na cidade não há espaço específico para os vendedores ambulantes comercializarem seus produtos.
Agentes da prefeitura foram vistos tirando fotos das bancas e das mercadorias. Nas denúncias os camelôs enfatizam que não há bandidos ali, e pedem para o prefeito e o secretário para que as mercadorias não sejam tomadas, pois são difíceis de comprar e adquiridas de forma lícita e possuem notas fiscais. Eles explicam que tem camelô que trabalha em frente às lojas com consentimentos dos lojistas e quando pequenos furtos acontecem os próprios camelôs acionam as autoridades para não deixar que o roubo se concretize, afirmam que são uns pelos outros.
“Aqui não há ladrão, aqui há pais de família que querem chegar em casa com o pão de cada dia”
“Nós, camelôs, estamos vindo de uma pandemia dura, por 3 meses não vendemos quase nada. Agora que entramos no mês de dezembro e os trabalhadores têm o 13º salário, nós somos ameaçados de sermos impedidos de vender. E outra, ano que vem tem eleição, vocês vão querer votos, nós somos pesados em votos aqui. Temos famílias inteiras, crianças e idosos que dependem do nosso trabalho na avenida. Lembre-se disso e nos deixe trabalhar”, frisou o Gordinho da Eletrônica, trabalhador há 6 anos da Avenida Igualdade.
“Fui conversar com um policial da Guarda Civil Municipal, ele falou que não concordava com isso, mas que infelizmente a ordem parte lá de cima. Queríamos saber de onde vem essa ordem? A gente não quer desordem nem desobediência, nós respeitamos as autoridades, mas queremos o pequeno espaço para vendermos nesse resto do ano e dar sequência a vida”, explicou Reimon, vendedor no local há 6 anos, dizendo que a problemática ocorre desde que começou a vender, mas que neste ano a prefeitura pegou pesado.
“Passamos mais de quatro meses sem trabalhar por causa da pandemia, aí retornamos e chega nos dias do Natal esse pessoal quer tirar o povo da Igualdade. Nós não temos onde tirar o alimento pra nossa família, nós temos a Avenida Igualdade pra trabalhar. O senhor, prefeito Gustavo Mendanha que tem autoridade maior sobre Aparecida de Goiânia, cremos que o senhor é um homem de bem, nós não estamos aqui para desobedecer ninguém. O que vamos fazer?”, indagou Gerivaldo, trabalhador na Avenida Igualdade há 15 anos.
“Aqui não há ladrão e nem pessoas que agem com má fé, aqui tem trabalhadores, pais de família que querem chegar em casa com o pão de cada dia. A eleição está chegando, vocês vão procurar os ambulantes e camelôs para darem apoio pra vocês, e nos lembraremos disso, venham dialogar enquanto não é tarde”, disse um do grupo. (A.P.A.)
Prefeitura não explica de que forma irá atender as necessidades dos camelôs
O Diário de Aparecida solicitou respostas da Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) frente à queixa dos ambulantes. A pasta não negou a ação do Executivo em combater o comércio nas calçadas. Porém, não detalhou de que forma será solucionado o problema.
Nota na íntegra
A secretaria de Planejamento e Regulação Urbana de Aparecida informa que tem recebido diversas denúncias de comerciantes sobre comércio ilegal de mercadorias nas calçadas da Avenida Igualdade. Informa que as equipes da Secretaria têm atuado orientando os ambulantes de que é proibido montar tendas em calçadas e passeios públicos e que a gestão estuda uma forma de atender os ambulantes. (A.P.A.)