Filiação de Bolsonaro gera crise no PL em Goiás
Presidente defende candidatura de Major Vitor Hugo e Magda Mofatto insiste no apoio a Gustavo Mendanha nas eleições para governador do estado
Helton Lenine
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender a pré-candidatura ao governo de Goiás do deputado federal e ex-líder do governo na Câmara Vitor Hugo (PSL, mas que também vai para o PL) ao governo de Goiás, em conversa com uma apoiadora no Palácio da Alvorada. Em vídeo divulgado pelo próprio Vitor Hugo, o presidente fez elogios ao deputado e diz esperar que ele cresça nas pesquisas.
Na conversa com apoiadora de Jataí, Bolsonaro apenas ri e responde que, em Goiás, está posta a candidatura de Vitor Hugo: “Você conhece ele? Ele é um cara competente, inteligente, trabalhador, entende do assunto, se empenha, busca soluções, é major do Exército, foi 1º lugar no concurso para a Câmara, com duas vagas, foi meu líder aqui, então tem tudo para dar certo na política”, afirmou, para completar: “Espero que o Vitor Hugo cresça em Goiás.”
Em evento de filiação ao PL no dia 30, o presidente já havia manifestado publicamente apoio a Vitor Hugo, ao se referir a ele como “uma nova esperança que aparece em Goiás”, depois de listar nomes de candidatos aliados nos Estados. Mas o problema é que a deputada federal Magda Mofatto e seu marido, empresário Flávio Canedo, presidente do PL de Goiás, não apoiam o projeto de Vitor Hugo, por “falta de votos” e defendem a candidatura do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha à sucessão estadual às eleições de 2022.
Claro, Magda não está nem um pouco disposta a “peitar” o presidente da República, que passou a ser o mandachuva do PL. Em conversa com o presidente nacional do partido Valdemar Costa Neto e com o próprio Jair Bolsonaro, Magda conseguiu manter o marido Flávio Canedo na presidência do partido no Estado.
Mendanha, que considerava o PL “favas contadas”, agora está ressabiado, ou seja, não tem certeza alguma de que contará com o partido para a à campanha às eleições do próximo ano. O prefeito de Aparecida descarta filiação ao PL, diante do “ambiente nebuloso” que se estabeleceu na legenda com a chegada do grupo de Jair Bolsonaro.
Sem o PL, o prefeito aparecidense assiste sem reação, a cada dia, a uma diminuição do já escasso leque de partidos que poderia apoiar a sua eventual candidatura ao governo de Goiás. Certo mesmo, até agora, para Mendanha, há apenas dois nanicos: PTC e DC, partidos sem fundo eleitoral ou tempo na propaganda eleitoral de rádio e televisão.
Major Vitor Hugo, bolsonarista raiz, rejeita a candidatura de Mendanha ao governo de Goiás, no PL ou fora dele, por várias razões, entre elas de que o ex-emedebista não defende as teses político-ideológicas do presidente e ainda “flerta” com os partidos de esquerda, hoje presentes no secretariado do prefeito de Aparecida.
Mendanha irritou também os bolsonaristas ao declarar ao jornal O Popular, que pretende ficar distante da polarização Bolsonaro/Lula nas eleições presidenciais do ano que vem. “Como pretende buscar o apoio de Bolsonaro se faz questão de se apresentar diferente do presidente?”, diz Gustavo Gayer, ativista de direita nas redes sociais.
Nas conversas com o presidente Bolsonaro, no Palácio Alvorada, em Brasília, Vitor Hugo admite disputar eleição majoritária (governador ou senador) em Goiás, como também proporcional (deputado federal). “Tudo vai depender do presidente. Estou com Bolsonaro para o que der e vier. Nós trabalhamos para ter um país com desenvolvimento econômico e social, com perfil ideológico de direita”.
Bolsonaro revela que, além de postular novo mandato à presidência da República, vai trabalhar para que o PL alcance expressivas bancadas à Câmara Federal e ao Senado, garantindo “governabilidade” ao Executivo, caso permaneça no Palácio do Planalto por mais quatro anos. Logo no início do ano, Bolsonaro deverá vir a Goiás para “turbinar” a campanha de Vitor Hugo, o que, certamente, vai aprofundar o racha interno no PL. A expectativa é de que, se não aparecer bem posicionamento nas pesquisas, em três meses, Vitor Hugo recue de disputa majoritária e concorra novamente à Câmara dos Deputados.