Aparecida de Goiânia registra mais de 8 mil casos de dengue em 2021
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, três óbitos estão em investigação na cidade para diagnóstico da doença
Eduardo Marques
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Aparecida de Goiânia contabilizou 8.150 casos confirmados de dengue em 2021. Os quatros bairros com mais notificações são Jardim Tiradentes (430), Colina Azul (405), Buriti Sereno (373) e Independência Mansões (235). Três óbitos estão em investigação na cidade para diagnóstico da doença.
O coordenador de Vigilância Sanitária do município, Rogério Fernandes, explica que as equipes de Vigilância em Saúde Ambiental têm realizado força-tarefa nos bairros com mais número de casos notificados e que os agentes de endemia de cada área também estão realizando diariamente visitas domiciliares. Nestas duas últimas semanas do ano as equipes da SMS estiveram no Jardim Tiradentes, Colina Azul e Independência Mansões.
O coordenador enfatiza que combater a proliferação do Aedes aegypti é algo simples e que precisa estar inserido na rotina de todas as pessoas, principalmente agora no período chuvoso: “Cada um deve realizar a limpeza das calhas, trocar com frequência a água dos animais beberem, limpar vasos de plantas, verificar ocos de árvores e quaisquer lugares onde possa haver água parada. Por isso que conversamos tanto com as pessoas e investimos na conscientização, é vital que a população se conscientize e faça a sua parte.”
Iron Pereira ainda reforça: “Quando a combinação de calor e chuva favorecem a proliferação do Aedes aegypti, é essencial lembrar que qualquer recipiente, por menor que seja, pode acumular água e ser um berçário para o inseto. Por isso, sempre repetimos que em 15 minutos por semana é possível fiscalizar o quintal e a casa, todos nós precisamos fazer a nossa parte pelo bem de todo o munícipio”. Ele ressalta que os moradores podem denunciar focos de mosquito e acúmulo de lixo, através do telefone (62) 3545-4819.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) alerta os municípios goianos para o controle ambiental e químico de combate à proliferação do mosquito Aedes aegipty, transmissor da dengue, zika e chikungunya, doenças chamadas de arboviroses e endêmicas em Goiás e toda a Região Centro-Oeste. Com o início do período chuvoso, o mosquito se reproduz com maior facilidade e o número de casos tende a aumentar.
“É importante que os gestores municipais priorizem ações de controle sanitário, como a limpeza urbana, a fiscalização de pontos estratégicos, como borracharias e ferro-velhos, visitas dos agentes de saúde aos domicílios e aplicação de fumacê nos locais específicos. Essas rotinas têm que ser intensificadas diante do possível aumento de casos nesse período”, explica a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.
Chikungunya
A chikungunya também é transmitida pela picada do Aedes aegypti. Por ter uma transmissão bastante rápida, é necessário ficar atento a possíveis criadouros do mosquito e, assim, eliminar esses locais para evitar a propagação da doença, que pode causar sequelas como dores crônicas nas juntas por longo período de tempo.
A transmissão da mulher grávida para o feto só ocorre quando a mãe fica doente na última semana de gravidez. Nesse caso, mesmo que nasça saudável, a criança deve permanecer internada por uma semana, para observação e tratamento imediato, caso desenvolva a doença, que pode levar a quadros graves, com manifestações neurológicas e na pele. Também existe transmissão por transfusão sanguínea.
Após a picada do mosquito, o vírus entra na pele e na corrente sanguínea. Após a replicação inicial nos fibroblastos dérmicos, se espalha pela corrente sanguínea, atingindo o fígado, músculos, articulações, baço, nódulos linfáticos e cérebro. A doença é caracterizada por febre alta – acima de 39 graus –, frequentemente acompanhada de dor nas articulações e mialgia, além de erupção cutânea, que pode variar de leve e localizada a uma erupção cutânea extensa envolvendo mais de 90% da pele.
Incidência de doenças virais eleva procura por atendimentos de urgência no município
Nos primeiros dias de 2022, a incidência de doenças virais elevou a procura por atendimentos de urgência em Aparecida de Goiânia. O Diário de Aparecida recebeu diversas denúncias de superlotação nas unidades de saúde públicas municipais. Ao longo da semana, o município registrou, por diversas vezes, lotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) e Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais).
Na última quarta-feira, 5, o aposentado Gerson Sousa, de 65 anos, teve de aguardar cinco horas para a neta, de 5 anos, ser atendida no Cais Colina Azul. Ela estava sentindo febre, falta de apetite e ânsia de vômito. “Estava cheio quando chegamos e a todo momento continuou chegando gente”. A estudante universitária Marinalva Santos, de 22 anos, também compareceu na unidade de saúde. Com sintomas de dengue, ela disse que já havia percorrido as UPA’s Flamboyant e Buriti Sereno.
A mãe de Jéssica Moreira tem 58 anos e apresentou febre, dores no corpo, dor de cabeça e vômito na quinta-feira, 6, e decidiu procurar assistência na UPA Brascicon. Devido a superlotação, ela relatou que pacientes aguardaram por atendimento na calçada da unidade de saúde. Alguns deles deitados no chão. Segundo a moradora, na fila estavam crianças, idosos e pacientes com câncer que aguardavam desde cedo. “Pacientes em maca, deitados no chão, nos bancos. Pessoas que chegaram aqui às 7 horas da manhã e só conseguiram atendimento às 13 horas da tarde. Isso aqui é uma vergonha”, reclama.
Telemedicina
Além das 40 Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) que passaram a atender, desde o último 29 de dezembro de 2021, com livre demanda, sem necessidade de agendamento prévio, a pacientes com síndromes gripais e suspeita de dengue, a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida lançou, na última segunda-feira, 3 de janeiro, o atendimento por telemedicina agendado via aplicativo “Saúde Aparecida” para esses casos.
Segundo a SMS, as duas iniciativas têm o objetivo de desafogar as cinco unidades de urgência e emergência do município (UPAS’s Flamboyant, Buriti Sereno e Brasicon e os Cais Nova Era e Colina Azul), que há uma semana registraram aumento de 32% na procura por atendimento médico com pacientes da cidade e também vindos de outros municípios, inclusive da Região Metropolitana de Goiânia. As medidas são destinadas a pessoas com sintomas gripais e de dengue, zika vírus e chikungnya, tais como febre, coriza, tosse, dor de cabeça e prostração, bem como dores musculares e nas juntas, dentre outros.
O acesso ao serviço também pode ser feito pelo site da prefeitura clicando no link e depois é só aguardar a ligação do médico no dia e hora marcados. O agendamento é feito na área “Teste Covid / Telemedicina”. Ao clicar nesse ícone, o paciente é direcionado ao questionário para indicar os sintomas que apresenta ou se teve contato com algum caso confirmado. Em seguida, ele já tem a opção de agendamento da consulta via Telemedicina e já pode escolher o dia e horário do atendimento. (E.M.)