Eleições para o governo do Estado e para a presidência não se conectam em Goiás
Desde 1982, eleitorado goiano sempre fez escolhas independentes e nunca vinculou um pleito ao outro
Da Redação
Há poucos dias, governador Ronaldo Caiado – um político experiente, com uma longa carreira de eleições para a Câmara Federal, Senado, governo do Estado e até presidência da República – deu declarações externando o ponto de vista de que a disputa nacional entre Lula e Jair Bolsonaro não terá influência em Goiás.
Caiado falou sobre o apoio de Bolsonaro à candidatura do deputado federal Major Vitor Hugo a governador, que ele considerou “natural” diante dos fortes laços de amizade e relações entre os dois, aliás cadetes que estudaram junto na Academia Militar das Agulhas Negras. “Mas”, frisou o governador, “nada disso impede que as pessoas no Estado de Goiás possam fazer a sua opção.
Os goianos nunca tiveram essa preocupação com a verticalização de candidaturas. O eleitor de Goiás sabe escolher tranquilamente quem deve ser o governador, quem deve ser o presidente da República”. Como partiu de um político experimentado, essa avaliação tem peso e deve ser levada em conta. Afinal, a eleição presidencial tem reflexos no pleito para o governo de Goiás? Uma escolha está relacionada com a outra ou Caiado está coberto de razão ao garantir que as duas eleições, a nacional e a estadual, não se misturam?
A resposta para essas questões está na História. E, de fato, desde 1982, quando a redemocratização trouxe a volta das eleições diretas para governador, nunca houve conexão entre as disputas pelo Palácio das Esmeraldas e pelo Palácio do Planalto.
Veja-se o exemplo das vitórias de Lula, em duas candidaturas diretas e outras duas apoiando o poste Dilma Rousseff. O PT venceu essas quatro, enquanto em Goiás Marconi Perillo ganhava seguidamente para o governo do Estado (o tucano venceu 4 vezes e mais uma com Alcides Rodrigues).
Cientistas políticos consagrados já se cansaram de repetir: o eleitor goiano sabe distinguir entre a escolha de um governador e a de um presidente. Pouco ou quase nada adianta o apoio que candidatos a esses postos se deram mutuamente, em Goiás.
Lula, em 2010 e 2014, deu seu apoio explícito para Iris Rezende, que perdeu nas duas ocasiões para Marconi. Caiado, portanto, tem razão. Em 2 de outubro, quando se dirigir até as urnas eletrônicas, a maioria do eleitorado de Goiás vai separar os seus votos e sufragar tanto o governador quanto o presidente conforme critérios independentes, que não se misturam nem se conectam.
Um, o governador, pensando no Estado, e outro, o presidente, projetando o futuro do país. Esse cenário em que o eleitor decide o seu voto com independência, sem vincular um pleito ao outro, traz benefícios para a reeleição Caiado e prejudica a candidatura do Major Vitor Hugo – que, mesmo com a mão do presidente do seu ombro, pode não conseguir atrair a simpatia das urnas de 2 de outubro.
Da mesma forma, oferece vantagens também para Bolsonaro, que não perderá votos ligando-se a um candidato que eventualmente não terá um bom desempenho e tende a não crescer na campanha – além de não “verticalizar” as eleições, como disse o governador, o eleitor goiano também rejeita interferência de fora do Estado.