Rogério Cruz admite ajustes no secretariado para se preparar para a reeleição em 2024
Prefeito de Goiânia ainda não definiu quais serão as mudanças no secretariado, mas já começou a fazer cortes em cargos comissionados para atender aliados políticos
Por: Helton Lenine
O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), admitiu que haverá uma reforma no seu secretariado e disse que ela é necessária. A fala foi feita em coletiva de imprensa, realizada terça-feira, 18, após a apresentação do programa Goiânia Adiante, que prevê investimentos de R$ 1,7 bilhão em Infraestrutura, Educação e Saúde.
“A reforma do secretariado existirá, iremos entrar em um novo ciclo da prefeitura de Goiânia, com tantos investimentos que teremos. Então, realmente, a reforma é necessária”, disse o prefeito. Cruz, no entanto, adiantou que ainda não tem definidos os nomes que irá indicar ou que irá trocar.
A Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) exonerou, segunda-feira (17), 346 funcionários comissionados. Uma decisão que teria relação com os resultados das urnas, que contou com a participação de candidatos com indicações ou influências dentro da Comurg.
Muitos dos exonerados estavam em campanha por políticos que foram candidatos na eleição deste ano. Dos que exercem influência na Comurg, apenas o vereador Clécio Alves (Republicanos) se saiu vitorioso, conseguindo se eleger deputado estadual. A vitória dele e a derrota da primeira-dama de Goiânia, Thelma Cruz (Republicanos), teriam causado um mal-estar no Executivo.
Questionado quanto à saúde financeira da Comurg e do Paço Municipal, hoje, o prefeito se eximiu da responsabilidade e disse que a companhia apenas presta serviços para a prefeitura e, por isso, as duas teriam cenários financeiros distintos.
Cruz ainda afirmou que a situação financeira da prefeitura é boa. “(Mas) a Comurg é uma empresa, ela não depende da prefeitura. É diferente. Então, todos os contratos, todas as ações feitas com a Comurg não passam, não dependem do prefeito, depende do presidente”, disse. Ele também tentou se desconectar das exonerações realizadas na companhia. “Eu não tenho a mínima ideia nem de quantos comissionados foram cortados”, alegou.
Apesar do prefeito não ter definições ainda, está sendo feito um pente fino entre os comissionados da prefeitura para saber qual a origem da sua indicação. Especulações no Paço Municipal é que indicados pelo ex-deputado federal Jovair Arantes (Republicanos), por exemplo, podem sair do grupo de auxiliares do prefeito.
Quanto ao grupo de Brasília, o prefeito pretende tirar aqueles nomes que foram indicações do presidente do Republicanos do Distrito Federal, Wanderley Tavares, que perdeu força na prefeitura de Goiânia. Ele foi o responsável por indicar os ex-secretários de Governo e de Finanças, Arthur Bernardes e Geraldo Lourenço, respectivamente, cujas saídas marcaram a perda de força de Tavares.
O grupo chegou à prefeitura de Goiânia depois do rompimento de Cruz com a cúpula do MDB, liderada por Daniel Vilela, vice-governador eleito. Os dois se reaproximaram durante a eleição estadual, devido ao apoio de ambos à reeleição de Ronaldo Caiado (UB).
Há a possibilidade de que secretários que se licenciaram da prefeitura para disputar a eleição deste ano e não conseguiram se eleger voltem a ocupar algumas pastas. Mas, conforme o apurado, as conversas nesse sentido ainda estão por ser realizadas. Rogério Cruz quer preparar um secretariado que possa dar respostas às demandas administrativas da sociedade e, ao mesmo tempo, preparar a gestão para o embate eleitoral de 2024, quando ele deverá concorrer à reeleição. Assim, precisa, em dois anos, fazer uma nova configuração político-partidária, além de cumprir as metas de inauguração das obras prometidas à população.
O Paço Municipal também estará atento à consolidação de forças políticas na Câmara Municipal, não apenas para assegurar governabilidade, mas, também, ganho eleitoral futuro. Por isso, a interlocução com vereadores e dirigentes partidários será intensificada, a partir de agora, já que um dos focos é a campanha eleitoral de daqui a dois anos.
Por desrespeito a cotas de gênero, deputados estaduais eleitos pelo PL podem não assumir
A chapa do Partido Liberal (PL) que disputou a eleição para deputado estadual pode ser derrubada pela Justiça Eleitoral. O motivo é que a sigla não atingiu número suficiente de candidatas mulheres, ficando abaixo do mínimo exigido pela legislação – que é de 30% de candidaturas femininas. No caso do PL foi cumprido apenas 25% desse quantitativo.
Pelo PL foram eleitos para a próxima legislatura os deputados estaduais Major Araújo, Paulo Cezar Martins e Delegado Eduardo Prado, mas eles podem não assumir. O problema ocorreu porque durante a campanha, duas mulheres tiveram as candidaturas indeferidas pela Justiça Eleitoral, por falta de documentação.
Para reverter e equalizar a chapa entre o percentual de candidaturas masculinas e femininas, o partido decidiu retirar candidaturas de homens para atingir o proporcional de 30%. “Pelo princípio da boa-fé, retiramos a candidatura de cinco homens e a Justiça indeferiu o nosso pedido”, diz o deputado federal e presidente estadual da sigla, Major Vitor Hugo.
Apesar da decisão, Major Vitor Hugo frisa que o partido agiu dentro da legalidade e garante: “Estou tranquilo, pois tenho absoluta certeza que conduzimos tudo dentro da coerência”.
Nos corredores da Assembleia Legislativa, deputados que não conseguiram uma cadeira, mas acabaram ficando na 1ª ou 2ª suplências, já articulam entrar na Justiça para derrubar a chapa do PL, por não cumprir os 30% de candidaturas femininas garantidos pela legislação.
O advogado especializado em Direito Eleitoral, Danúbio Cardoso Remy, avaliou a situação. “Não acredito em erro da Justiça, e sim do partido”, enfatiza. “Esse é um elemento para anular a chapa. Não por causa de candidatura laranja, mas com certeza é fraude por não cumprimento da Lei. E eles podem vir a perder o mandato”, emenda.
Danúbio esclarece que o PL cumpriu 27,03% do total de candidaturas, com a escalação de 10 mulheres. Ao ser questionado sobre a desistência dos 5 homens, o especialista garante: “Se eles concorreram ao pleito, então não tiveram a candidatura anulada”.
A legislação determina uma porcentagem mínima de 30% de cadeiras na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas dos estados, na Câmara Legislativa do Distrito Federal e nas câmaras de vereadores a ser preenchida por mulheres, convocando-se as suplentes caso não sejam eleitas em número suficiente para cumprir esse percentual. A lei garante também recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário para as candidaturas proporcionais femininas.