Desde que o governo federal sinalizou que estudava taxar compras internacionais, em abril deste ano, o plano de nacionalização da Shein avançou. A plataforma chinesa anunciou 336 fornecedores, espalhados em 12 estados, novos parceiros locais, seguindo sua estratégia de fechar acordo com 2 mil fabricantes no Brasil até 2026 para atender o mercado nacional.
Em pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica dados apontam que 64% dos consumidores brasileiros realizam compras de roupas em marketplaces asiáticos. Nesta quinta-feira (19), a Shein anunciou a criação de três coleções voltadas aos consumidores brasileiros.
As linhas de roupa incluem peças íntimas, trajes de banho e roupas plus size, como saias, calças e vestidos. Uma categoria inserida no aplicativo da empresa indica os itens de envio nacional. Segundo a plataforma, a coleção busca atender as tendências de consumo local, incluindo uma tabela de medidas adaptada aos padrões brasileiros.
Ao anunciar as novas coleções, a empresa reforçou as metas de seu plano de nacionalização. O objetivo é firmar parceria com 2 mil fábricas brasileiras nos próximos três anos. A Shein espera que 85% das vendas no Brasil sejam compostas por produtos produzidos localmente. O plano inclui investimento de R$ 750 milhões no país.
Remessa Conforme e competitivade menor
Desde que deu início a operação local, a empresa diz ter fabricado quatro mil modelos no Brasil. Dos 330 fornecedores com os quais trabalha, 213 operam no modelo de negócios da varejista chinesa, com produção de lotes menores, de 100 a 200 unidades por produto, de acordo com a demanda.
A marca aderiu em setembro ao Remessa Conforme, programa do governo federal que isenta de imposto de importação compras até US$ 50, e que tem como um dos focos evitar a entrada de produtos sem os devidos tributos.
Uma análise do BTG Pactual, divulgada nesta semana, mostra que o programa reduziu a competitividade da marca em relação aos concorrentes brasileiros. Ainda assim, a empresa segue na liderança do ranking de menores ofertas de preços, com valores 26% mais baixos que a segunda colocada.
O boliviano Marcelo Claure, ex-SoftBank, é o principal nome por trás da expansão nacional da empresa. Além de presidente do conselho da Shein na América Latina, o empresário acumula desde o início do mês o cargo de vice-presidente executivo Global, com atuação direta com o fundador da varejista, Sky Xu.
Claure também liderou as conversas da plataforma de e-commerce com o governo brasileiro durante as tratativas sobre taxação de compras internacionais.
*Agência O Globo
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