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Bolsonaro cita Caiado como opção para Presidência

Ex-presidente critica governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por manter auxiliares ligados ao PSDB

Por Fernanda Cappellesso

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a gestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante entrevista coletiva concedida na última quinta-feira (16/11). Em contrapartida, ao ser questionado sobre quem poderia ser candidato à Presidência da República e contar com seu apoio, caso sua inelegibilidade não seja revertida, ele destacou os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (UB); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o próprio Tarcísio.

“A citação é um reconhecimento a Caiado, que foi um aliado intenso de Bolsonaro nas últimas eleições, sobretudo no segundo turno. Além disso, a menção faz a direita brasileira repensar em seus nomes para 2026, quando a oposição busca retomar a Presidência da República”, destaca um aliado do governador.

O relacionamento entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é marcado por altos e baixos. No início da pandemia de Covid-19, eles romperam publicamente devido a divergências sobre a implementação de medidas de saúde pública. Caiado, que é médico, defendeu um rigoroso cumprimento das recomendações das autoridades sanitárias, uma postura que contrastava com a do então presidente.

A relação entre os dois líderes começou a se recuperar quando o governo federal incluiu Goiás no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em dezembro de 2021. Desde então, ambos restabeleceram um bom diálogo, tanto que Ronaldo Caiado foi um dos aliados mais fervorosos de Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais.

Especialistas dizem que a postura de Caiado em relação à reforma tributária, que foi aprovada há poucos dias no Senado, e sua habilidade para navegar nas complexidades políticas têm aumentado o número de apoiadores entre a direita brasileira.

O fato de Bolsonaro ver Caiado como um dos bons nomes para disputar a Presidência vai ao encontro com declarações já dadas pelo governador de Goiás nesse sentido. Caiado disse em entrevista recente que quer ser candidato a presidente e que irá buscar o apoio de Jair Bolsonaro. O governador e o ex-presidente têm tido várias reuniões para discutir o cenário político e eleitoral.

Em outubro de 2023, Bolsonaro foi recebido por Caiado em Goiânia, quando falaram sobre o cenário eleitoral de 2026. Durante esses encontros, Bolsonaro já expressava que vê Caiado como “um dos bons nomes” para disputar a Presidência. Caiado, por sua vez, confirmou seu desejo de disputar a Presidência.

Em uma entrevista concedida ao Metrópoles, ele afirmou que sonha em ocupar a Presidência da República e que aceitaria disputar o Planalto em 2026, caso o União Brasil o escolhesse como candidato. Também expressou que gostaria de ter o apoio de Bolsonaro em sua candidatura, mas que não disputaria contra Tarcísio, de quem é amigo.

Equipe ligada ao ex-gestor João Doria é a base das tensões

O ex-presidente Bolsonaro expressou duras avaliações sobre seu aliado político, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e apresentou duas principais reclamações. A primeira delas é que Tarcísio retém uma quantidade significativa de auxiliares que fizeram parte do governo de João Doria (PSDB) na estrutura governamental. Bolsonaro argumenta que deveriam ser exonerados e substituídos por nomeações feitas por seus apoiadores.

A segunda reclamação do ex-presidente refere-se ao braço direito de Tarcísio, o secretário da Casa Civil, Arthur Lima, que é visto como alguém com um perfil predominantemente técnico. O ex-presidente se recorda de sua própria gestão no Palácio do Planalto e argumenta que seu governo só começou a ganhar impulso quando nomeou o líder do centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-SE), como ministro da Casa Civil.

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tiveram um desentendimento público durante uma reunião do Partido Liberal (PL) sobre a reforma tributária em 6 de julho deste ano. Durante o encontro, Tarcísio tentava argumentar a favor da reforma, enquanto Bolsonaro pressionava os parlamentares a se manifestarem pelo adiamento da votação ou votarem contra a proposta. Bolsonaro interrompeu Tarcísio durante seu discurso de apoio à reforma tributária e causou desconforto entre os presentes.

Após o desentendimento, eles voltaram a se falar e as pazes teriam sido feitas por telefone. Segundo relatos, a ligação deixou evidente que Bolsonaro “sabe que errou” e “ficou constrangido”. Ele não chegou a pedir desculpas, mas pediu que os dois olhassem para frente e disse que o mal-estar “vai passar”.

Tarcísio, por outro lado, recebeu elogios do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e agradecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após a aprovação da reforma. Ele deixou claro que o episódio não gerou nenhum ressentimento, que continua agradecido ao ex-presidente – por quem diz ter um amor de família –, mas lembra que não é refém de Bolsonaro, e que não vai adotar uma postura radical.

Tarcísio de Freitas foi um aliado próximo do ex-presidente no passado. Ele serviu como ministro da Infraestrutura durante todo o governo Bolsonaro e disputou o governo de São Paulo com o apoio do ex-presidente.

 

 

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