BrasilGoiás

Polícia federal localiza investigados do 8 de janeiro em Goiânia

Operação cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão e 48 medidas cautelares

Por Brunno Moreira

Policiais federais prenderam, na manhã de ontem, 8, dois ex-assessores especiais da gestão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. A operação, denominada “Tempus Veritatis”, que aconteceu em seis Estados e no Distrito Federal, culminou na apreensão de equipamentos eletrônicos e documentos, e na detenção de Marcelo Câmara e Filipe Martins, além de militares alvos da investigação, mas que não tiveram suas identidades reveladas.

Em Goiânia, os investigados pelos atos de 8 de janeiro foram localizados pela PF no Setor Marista, região nobre da Capital, local com forte presença de militares do Exército que possuem residências oficiais e hotel de trânsito, com vigilância 24 horas pelos recrutas do órgão responsável pela defesa do País.

No total desta fase da Tempus Veritatis, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão e 48 medidas cautelares diversas, entre elas, a proibição dos investigados de se ausentarem do País, como também a suspensão das funções públicas exercidas. Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal foram as regiões que receberam a visita dos agentes.

A operação é um desdobramento das investigações contra os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro na sede dos Três Poderes, em Brasília, no Distrito Federal. A movimentação da PF causou uma reviravolta no cenário político nacional. A nova fase da operação também mirou o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que deve entregar seu passaporte dentro de 24 horas para os policiais federais, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Entre as decisões da Suprema Corte, o ex-chefe do Executivo nacional não pode entrar em contato com nenhum dos investigados pela operação, que busca os responsáveis por planejar e financiar as tentativas de golpe de Estado, dentro das manifestações contra os resultados das urnas em 2022.

De acordo com as informações publicadas pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 8, as buscas e apreensões aconteceram em diversas regiões do País, após ser identificado que os investigados haviam se dividido em grupos de atuação com o objetivo de propagar notícias de uma possível fraude nas eleições de 2022, dando a vitória para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Conforme a PF, antes mesmo de a votação acontecer, o plano já estava pronto para ser colocado em prática, com o objetivo de justificar uma possível intervenção militar.

“O primeiro ciclo dos atos de 8 de janeiro consistiu na propagação de notícias falsas com o objetivo de desmoralizar o sistema eleitoral brasileiro vigente, discurso utilizado desde 2019 pelo grupo, que mesmo após o pleito de 2022 persistiu com as postagens inverídicas”, destacou a Polícia Federal.

A nova etapa da operação mirou também ex-ministros que eram considerados homens de confiança do então presidente Bolsonaro, entre eles, General Braga Netto, General Augusto Heleno, General Paulo Sérgio Nogueira e General Estevam Cals, entre outros que foram apontados como mentores dos atos de 8 de janeiro que causaram um grande prejuízo para o patrimônio histórico da Capital Federal.

A Operação “Tempus Veritatis”, que significa a hora da verdade em latim, chega em sua principal e mais complexa etapa, momento que atinge diretamente a cúpula do ex-presidente, dividida entre militares e civis influentes na extrema-direita brasileira.

Críticas a autoridades e resultados das últimas eleições colocam Bolsonaro na mira da PF

Coincidência ou não, a nova operação da Polícia Federal, além da ordem do ministro Alexandre de Moraes para recolher o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi desencadeada após serem publicadas falas do líder da extrema-direita criticando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além dos resultados das urnas que levaram à sua derrota para o petista e seu principal desafeto, Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu as eleições de 2022, considerada pelos especialistas uma das mais polarizadas da história da política brasileira.

As falas do ex-chefe do Palácio do Planalto foram gravadas em seu novo “puxadinho”, nome popularizado em alusão ao espaço dedicado para receber apoiadores e profissionais da imprensa em Brasília, durante seu mandato. O novo espaço foi montado em sua casa de praia na histórica Vila de Mambucada, em Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro. Lá ele recebe apoiadores e pessoas de sua confiança para debater assuntos diversos.

Os atos de 8 de janeiro que culminaram na operação da Polícia Federal com novas ações na manhã de ontem, 8, entraram para a história do Brasil. Manifestantes de várias regiões do País, com o patrocínio de empresários e apoiadores do então presidente Jair Messias Bolsonaro, após uma organização interna entre membros do governo, de acordo com a PF, fretaram ônibus e se deslocaram a Brasília, onde depredaram prédios públicos e destruíram monumentos históricos que reverenciavam momentos do império no Brasil, como também as transições de governos em períodos marcantes da república.

Ramificações da tentativa de golpe contra a democracia

A sede Supremo Tribunal Federal (STF) também foi alvo dos manifestantes, que destruíram móveis e equipamentos utilizados pelos ministros responsáveis pela manutenção da Constituição brasileira. Conforme dados apurados durante as investigações que buscam chegar aos líderes dos atos denominados pelas autoridades como “terroristas”, a polícia identificou que existia um plano para sequestrar o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que seria trazido para Goiânia, local onde seria executado e seu corpo deixado em uma região de mata na saída da cidade.

Moraes era monitorado por meio de uma agência de espionagem paralela, que seguia todos os passos do ministro, conhecido por suas decisões em casos complexos.

O Palácio do Planalto exonerou, no último dia 30 de janeiro, Alessandro Moretti, então responsável pela pasta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), após investigações revelarem suposto favorecimento do órgão para fins políticos no Governo Bolsonaro.

Um computador e demais ferramentas foram apreendidos na casa de uma das servidoras do órgão. Os protestos contra o sistema eleitoral brasileiro se estenderam para várias regiões do Brasil. Acampamentos foram montados na porta de quartéis do Exército e principais rodovias que cortam o País, impossibilitando o tráfego de veículos de transporte, o que causou desabastecimento em determinados segmentos.

 

 

 

 

Leia a nossa edição impressa. Para receber as notícias do Diário de Aparecida em primeira mão entre em um dos dos nossos grupos de WhatsApp

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo