Por José Luiz Bittencourt
A campanha (ou pré-campanha, como exige a legislação eleitoral) do Professor Alcides como candidato a prefeito de Aparecida vive um impasse: enquanto ameaça cair nas pesquisas, como comprovou o 1º levantamento de intenção de votos após o lançamento de Leandro Vilela, publicado pelo Diário de Aparecida, não sabe o que fazer para reagir ao desenho do novo cenário eleitoral.
Desde o fechamento das urnas de 2022, quando conquistou um mandato de deputado federal, Alcides mantém a mesma toada. Anunciou a sua candidatura, passou a postar cards estáticos com propostas genéricas nas redes sociais e, vez ou outra, promove reuniões de mobilização.
Trouxe o ex-presidente Jair Bolsonaro para uma carreata em Aparecida, o que não é pouca coisa, porém não ocupa tanto espaço assim na cabeça do eleitor: Bolsonaro, afinal, nada tem a ver com a cidade que visitou apenas pela 2ª vez em toda a sua vida. No fundo, é alguém de fora recomendando o voto em alguém de dentro. Talvez não funcione tanto assim.
Fora isso, o discurso do Professor segue também em uma espécie de banho maria. Alcides não é incisivo sobre nada. Fala generalidades, joga propostas que não têm maior significado, como a que mais repisa: pretende revitalizar o centro de Aparecida. Isso em um município com mais de 500 mil habitantes, espalhados por mini aglomerados distantes uns dos outros que constituem, cada um, uma pequena cidade. Revitalizar o centro? Isso é mais velho que a Serra das Areias.
Olhando para o passado, foi essa a caminhada de Professor Alcides, durante um ano e meio, quando não havia concorrentes definidos no páreo pela prefeitura. Alcides não tinha ninguém diante dele. Por um tempo, pensou-se que o adversário, para seu conforto, seria o prefeito Vilmar Mariano, com uma gestão reprovada popularmente e com dificuldades para comandar seu próprio grupo político. Mas Vilmarzim perdeu-se exatamente por não mostrar capacidade para enfrentar Alcides, amargando uma distância considerável nas pesquisas.
E assim o Professor seguia altaneiro, posando de vencedor antecipado das eleições, até que… até que a base governista deu uma guinada e lançou o ex-deputado federal Leandro Vilela. Aí surgiu um oponente à altura. Leandro é jovem, tem perfil de inovação, foi deputado federal por 3 mandatos, carrega o sobrenome do melhor prefeito da história de Aparecida, Maguito Vilela, e reúne apoiadores de peso reconhecido como o ex-prefeito Gustavo Mendanha, o governador Ronaldo Caiado e o vice Daniel Vilela.
Leandro Vilela sacudiu o quadro eleitoral em Aparecida. Seu potencial para crescer é indiscutível. Mas isso, pelo jeito, não impressionou o Professor Alcides. Ele continuou e continua fazendo a mesma campanha (oooops… pré-campanha) de sempre. Posta cards no Instagram. Junta punhadinhos de gente para ouvir suas falas monótonas. E segue acreditando que já ganhou.
Ou seja: à volta do Professor, tudo mudou, mas ele, não. Só que a falta de reação costuma ser fatal em campanhas eleitorais. Alcides está disputando a eleição sem adversários que estava posta antes da chegada de Leandro Vilela, esquecido que agora o panorama é outro. Sua mobilização é mirrada perto do furacão desencadeado pela movimentação de Leandro e seus apoiadores. Isso vai ter consequências e é só esperar pelas próximas pesquisas, provavelmente apontando por uma queda nas intenções de voto. E aí sobrevirá o pânico como substituto do salto alto que hoje é a marca registrada da pré-campanha do Professor.
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