Da Redação
O Professor Alcides desapareceu. Oooops… Calma, leitoras e leitores. Ele está bem, em casa, às vezes despachando na Unifan e também no escritório político que mantém na mesma rua onde fica a sua universidade, no Jardim Esmeralda. Alcides sumiu é da mídia e dos eventos que a sua campanha, aliás, deixou de promover.
Pode parecer esquisito um postulante a um cargo público importante como o de prefeito de Aparecida optar por uma estratégia de invisibilidade. Quem está nessa situação geralmente se esforça para aparecer ao máximo, fortalecendo a sua imagem e divulgando as suas propostas de governo. Por que ninguém sabe por onde anda Alcides, seja pessoalmente, seja através do rádio e da televisão? Parece que a resposta não tem segredo: a campanha decidiu esconder o Professor para evitar o risco das gafes que ele protagoniza com frequência e acabam gerando desgastes para o seu nome perante o eleitorado.
Alcides já disputou e perdeu eleições exatamente em razão dos erros e equívocos que comete. Na atual campanha, já há uma fileira deles. Começou quando disse precisar dos votos de todo o eleitorado, sem distinção, o que é uma verdade para qualquer candidato. Mas aí veio a emenda e a coisa terminou mal: para o Professor, “voto é tudo igual, seja de petista, direitista, católico, evangélico ou macumbeiro”.
Macumbeiro? Alcides pisou na casca de banana ao misturar de forma infeliz católicos e evangélicos com “macumbeiros”. Aliás, hoje nem se sabe se esse tipo de “religioso” existe, mas todo mundo identifica a palavra com alguém que pratica o mal. Se alguém quiser agradar um católico ou um evangélico, nem ouse mencionar essa palavra. Professor é assim.
Outro dia, em uma entrevista à Rádio Terra FM, tentou explicar um episódio ocorrido nos corredores da sua universidade, quando xingou uma senhora que o irritou de p***. O incidente já foi ruim, mas Alcides piorou a história, acrescentando que, como a mulher tentou falar com ele sem pedir licença, ele não teve outra alternativa a não ser chamá-la de p***.
Melhor, portanto, afastar o candidato do PL do povo e dos microfones. São características do Professor o estopim curto e a impaciência com interlocutores e jornalistas. Ele é temperamental, não ouve conselhos e reage muito mal ao ser contraditado. Um microfone, aliás, dentre os mais importantes do País, o do plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, deu a Alcides a fama de não gostar e não tratar bem as mulheres. Ao debater um projeto que transformava a pedofilia em crime hediondo, ele perdeu a paciência com duas deputadas do PT e as chamou de “loucas”. Por duas vezes. Por esse desatino, transmitido pela TV em horário nobre, quase foi submetido ao Conselho de Ética por quebra do decoro parlamentar.
Aparição na prefeitura confirma continuidade
Em uma das suas raras aparições em público, Professor Alcides compareceu a uma reunião convocada pelo prefeito Vilmar Mariano com o secretariado municipal, agendada por meio do grupo do 1º escalão da prefeitura no WhatsApp (a propósito: sem mencionar a presença de Alcides). Os auxiliares do prefeito não souberam previamente o motivo do encontro. Por isso, a presença do Professor surpreendeu e acabou criando um clima de tensão e desconforto entre os secretários.
A maioria da equipe de Vilmarzim apoia Leandro Vilela. Por isso, a expectativa era discutir assuntos administrativos importantes para o município, mas Vilmar mudou o tom da reunião, destacando a importância da continuidade de seu projeto político por meio de Alcides. Professor, por outro lado, participou ativamente do encontro, aproveitando a oportunidade para apresentar suas propostas e tentar reforçar sua candidatura.
“Foi uma situação extremamente constrangedora. Fomos convocados para discutir assuntos administrativos e, de repente, estávamos em um palanque político. É lamentável que se use esse artifício para tentar influenciar nosso apoio”, reclamou um secretário que preferiu não se identificar por medo de retaliação. “Nosso compromisso continua firme com Leandro Vilela, que acreditamos ser a melhor escolha para o futuro de Aparecida de Goiânia”, emendou.
Assessoria do Professor também comete erros
De duas, uma: ou a assessoria do Professor Alcides orienta mal o candidato ou simplesmente não é ouvida, ou seja, é ignorada por ele. De onde Alcides tirou a ideia de recorrer ao Poder Judiciário para censurar a publicação de notícias sobre a sua pessoa na imprensa? Ou tentar, com o mesmo tipo de ação, impedir a divulgação de pesquisas? Da sua própria cabeça é que não foi. Professor, conhecidíssimo por não gostar e não ouvir conselhos, nesse caso aceitou alguns dos piores. Censurar a imprensa sempre representou um adicional negativo para qualquer político, em especial para aqueles que estão disputando eleições e precisam vender uma imagem positiva para o eleitorado.
Outro palpite infeliz da sua equipe de campanha que Alcides resolveu seguir foi aceitar o apoio do prefeito Vilmar Mariano – o mesmo que até então o candidato critica com força, classificando a sua gestão como responsável pelo maior retrocesso da história de Aparecida e atribuindo a Vilmarzim nota 4. Claro que ele tinha dúvidas, afinal de contas vinha desfraldando a bandeira da mudança administrativa – um discurso que sempre beneficia a oposição quando uma gestão não entrega nada e cai na avaliação da população, a exemplo de Vilmar Mariano.
Mas aí convenceram o Professor de que, por ter a prefeitura nas mãos, Vilmarzim poderia acrescentar votos para a sua candidatura. Será mesmo? Pode ser que, ao contrário, o prefeito faça é derrubar Alcides nas pesquisas, na medida em que o eleitorado desconfiar de que esse tipo de apoio envolve compromissos que, no final das contas, resultarão na continuidade do desastre em que Aparecida mergulhou depois que Gustavo Mendanha deixou o poder.
Conclusão: a assessoria, a equipe, os funcionários que mandam na campanha do Professor Alcides também replicam a mania de escorregar em cascas de banana que já o derrotou em eleições passadas e voltaram a ameaçar as suas possibilidades no páreo deste ano pela Prefeitura de Aparecida.
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