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35 anos de concessão e R$ 1 bilhão em investimentos: veja o que muda no Estádio Serra Dourada e na Goiânia Arena

Após anos de subutilização e deterioração estrutural, o Complexo Esportivo Serra Dourada, em Goiânia, passará por uma requalificação completa. A partir de agora, a responsabilidade pela gestão do espaço passa a ser da Construcap Engenharia, que venceu o processo de concessão pública para administrar o Estádio Serra Dourada, o Ginásio Goiânia Arena e o Parque Poliesportivo, por 35 anos. O contrato foi oficializado nesta quarta-feira (16), com previsão de investimentos superiores a R$ 1 bilhão ao longo do período.

Segundo o edital, a empresa deverá aplicar R$ 263 milhões já nos três primeiros anos, com intervenções que incluem a modernização do estádio — cuja capacidade passará a ser de 43,6 mil pessoas — além da instalação de camarotes, áreas VIP, bares, sanitários, nova iluminação, sistema de acessibilidade e paisagismo. O Ginásio Goiânia Arena também será reformado, e o Parque Poliesportivo ganhará novas áreas esportivas, equipamentos públicos e opções de lazer abertas à população.

Do abandono ao uso multiuso: o novo perfil do complexo

Ao longo da última década, o Serra Dourada perdeu protagonismo no calendário esportivo nacional. Com problemas estruturais e operacionais, o estádio deixou de ser sede regular de grandes jogos, enquanto o ginásio e o parque enfrentaram longos períodos de inatividade ou subutilização. O novo contrato busca reverter esse cenário, transformando o complexo em um espaço multiuso, voltado não apenas para o futebol e o esporte olímpico, mas também para eventos culturais, shows, festivais gastronômicos, feiras de negócios e entretenimento familiar.

Em nota, a Construcap informou que o projeto arquitetônico está em fase final de desenvolvimento e que as primeiras intervenções físicas devem começar ainda no segundo semestre de 2025. A empresa, que atua em concessões de infraestrutura urbana, promete um modelo de gestão que garanta acesso público ao parque, contrapartidas sociais e sustentabilidade financeira do equipamento.

Parceria privada, foco público

A concessão do Serra Dourada segue uma tendência nacional de transferência de equipamentos públicos à iniciativa privada. Em Goiás, a operação marca a primeira grande concessão no setor esportivo e cultural. A licitação foi feita na modalidade concessão administrativa, com investimento privado e retorno por meio da exploração econômica dos espaços — como locações para eventos, publicidade e serviços.

O modelo prevê também obrigações legais com manutenção permanente, plano de segurança, plano de acessibilidade e transparência de receitas, auditadas periodicamente por órgãos de controle. Segundo a Secretaria de Esporte e Lazer, a arrecadação gerada será reinvestida integralmente no próprio complexo.

Especialistas veem modelo como avanço, mas cobram garantias

Para o urbanista Mauro Rezende, a concessão representa uma oportunidade real de recuperação urbana e reocupação qualificada de uma área estratégica da cidade. “O Serra Dourada sempre foi um ponto de convergência urbana em Goiânia. A gestão privada pode trazer eficiência, mas é essencial garantir que o espaço continue acessível à população e não se torne um enclave fechado para grandes eventos”, analisa.

A cientista política Viviane Lobo, especializada em políticas de esporte e cultura, reforça que a transparência e a fiscalização serão fundamentais para o êxito do modelo. “Não basta a promessa de revitalização. É preciso assegurar que as escolas públicas, os atletas de base e as manifestações culturais tenham espaço garantido no novo projeto. A concessão deve ser socialmente inclusiva”, afirma.

Uma nova chance para o Serra Dourada

Inaugurado em 1975, o Estádio Serra Dourada foi por décadas um dos principais palcos do futebol brasileiro. Recebeu clássicos regionais, partidas da seleção brasileira e finais de campeonato. Nas últimas temporadas, porém, foi relegado por clubes locais como Goiás e Vila Nova, que preferiram utilizar arenas próprias ou privadas com melhor infraestrutura.

A promessa da nova administração é devolver ao estádio sua relevância histórica. Ao mesmo tempo, o projeto prevê a criação de uma praça gastronômica permanente, pistas para caminhadas e ciclismo, academias ao ar livre e áreas verdes abertas, nos moldes de grandes parques urbanos multifuncionais.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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