Goiás ultrapassa 46 mil casos de dengue em 2025 e está entre os estados com maior incidência da doença
Estado já tem taxa superior à média nacional e preocupa autoridades com avanço entre jovens e adultos de até 59 anos
Goiás registrou 46.980 casos prováveis de dengue desde o início de 2025 e figura entre os estados brasileiros com maior taxa de incidência da doença: 639 casos para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde. O índice está bem acima da média nacional (475,5) e acende um alerta para o avanço da doença nas cidades goianas, especialmente na Região Metropolitana da capital e no Entorno do Distrito Federal.
O número coloca Goiás na quarta posição entre os estados com maior incidência proporcional, atrás apenas de São Paulo (1.274), Acre (888) e Paraná (679). Embora os dados nacionais indiquem desaceleração em relação à epidemia histórica de 2024, a situação goiana ainda é preocupante e requer atenção redobrada.
Avanço entre jovens e mulheres
Em Goiás, assim como no restante do país, a maior parte dos casos se concentra entre jovens de 20 a 29 anos, seguido pelas faixas de 30 a 39, 40 a 49 e 50 a 59 anos. As mulheres representam 55% dos registros, enquanto os homens, 45%. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), esse perfil reforça a necessidade de ações educativas voltadas para públicos economicamente ativos, que tendem a se expor mais a locais com focos do mosquito Aedes aegypti.
O comportamento urbano, como a permanência em ambientes com criadouros domiciliares, e o acúmulo de água em áreas de obras e terrenos baldios, especialmente nos bairros periféricos, são fatores que agravam o cenário.
Comparativo com a epidemia de 2024
Apesar do volume elevado, o estado registra, até agora, números bem menores do que os observados em 2024, quando o Brasil teve mais de 4 milhões de casos prováveis e quase 4 mil mortes confirmadas. Em Goiás, os dados do ano passado refletiram um colapso momentâneo da vigilância municipal, agravado por chuvas intensas e falhas nas campanhas de combate ao vetor.
Neste ano, segundo técnicos da SES-GO, houve melhora na cobertura da vacinação nos municípios-piloto, além de reforço na distribuição de insumos para borrifação e testes rápidos.
Municípios mais afetados
Entre os municípios com maior número de casos prováveis em 2025 estão Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Valparaíso de Goiás e Luziânia. A capital concentra sozinha mais de 30% dos registros estaduais. Autoridades municipais têm intensificado ações de bloqueio, mutirões de limpeza e monitoramento em áreas críticas, mas a recorrência de focos nas residências segue sendo um entrave.
Medidas de contenção e desafios
O Ministério da Saúde e o governo de Goiás têm reforçado a importância do envolvimento da população no controle do vetor. Mesmo com campanhas institucionais, a adesão às medidas preventivas ainda é irregular. O entulho doméstico, o descarte inadequado de lixo e o acúmulo de água parada em caixas d’água, pneus e vasos seguem como os principais criadouros do mosquito transmissor.
“O combate à dengue começa dentro de casa. Mesmo com ações da prefeitura e do Estado, 80% dos focos do Aedes aegypti estão nos quintais e nos domicílios”, alerta o infectologista Marcelo Rodrigues, professor da UEG e consultor da Sociedade Goiana de Infectologia.
Expectativas para os próximos meses
Com a chegada do período mais seco em Goiás, a tendência é de redução no número de novos casos a partir de maio. No entanto, especialistas afirmam que a queda nas chuvas não elimina o risco e que a vigilância deve ser mantida ao longo do ano, especialmente em áreas com histórico de reincidência.
A SES-GO monitora ainda a evolução dos óbitos suspeitos de dengue grave, que permanecem sob investigação. Até o momento, não houve divulgação oficial do número de mortes confirmadas no estado em 2025, mas fontes técnicas indicam que a letalidade segue controlada.