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Caiado mira falhas de Lula e consolida discurso nacional com foco em economia e segurança

Em pré-campanha à Presidência, governador de Goiás intensifica ataques ao PT e aposta em legado estadual para conquistar o eleitorado conservador

Ao declarar que “o PT e Lula, além de quebrarem o país, viraram cúmplices da bandidagem”, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), oficializou sua entrada no debate presidencial de 2026 em tom de oposição frontal. A fala, publicada na revista Veja, marca o início de uma estratégia de nacionalização de sua imagem, com dois eixos principais: economia e segurança pública.

O ex-senador e ex-ministro da Agricultura vem se colocando como alternativa viável para o eleitorado de direita que, após o enfraquecimento de Jair Bolsonaro, busca novas lideranças com perfil técnico e conservador. A tática de Caiado é colar a gestão federal a duas fragilidades percebidas por parte significativa do eleitorado: instabilidade econômica e aumento da criminalidade organizada.

Legado em Goiás: superávit, educação e combate ao crime

Desde 2019, Caiado assumiu o governo de Goiás em meio a um colapso fiscal. Herdou uma dívida consolidada superior a R$ 20 bilhões e salários de servidores em atraso. Com apoio da Secretaria do Tesouro Nacional e controle de gastos, encerrou 2023 com superávit primário de R$ 1,4 bilhão e nota B no Capag, indicador que mede a saúde fiscal dos estados.

No campo da educação, Goiás foi destaque no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), superando a média nacional tanto no ensino fundamental quanto no médio. Já na segurança, o estado reduziu os homicídios em 39% desde 2018, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, atribuindo a queda à integração das polícias e políticas de inteligência.

Economia e segurança: apostas certeiras?

Para o cientista político Cláudio Couto, da FGV, Caiado acerta ao escolher temas sensíveis ao eleitorado:

“A economia está no centro da vida das pessoas e a segurança pública é sempre um tema mobilizador. Se Lula não reverter os indicadores, esses serão flancos abertos para qualquer opositor com base estadual sólida”, afirma.

Segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, realizado em março de 2025, 64% dos brasileiros consideram que a criminalidade aumentou desde 2023, e 58% avaliam que os preços dos alimentos e combustíveis continuam pressionando o orçamento familiar.

Reações do Planalto: silêncio estratégico

Até o momento, o Palácio do Planalto tem evitado confrontos diretos com Caiado. A avaliação é que o governador ainda precisa “se provar” fora de Goiás. Uma fonte da articulação política do governo Lula, ouvida sob condição de anonimato, afirmou:

“A maior dificuldade do Caiado é que, fora da bolha do agronegócio e do Centro-Oeste, ele ainda é desconhecido. Para 2026, o PT aposta na polarização com um nome mais popular.”

União Brasil dividido e espaço na direita

Apesar de ser a principal figura nacional do União Brasil, partido resultante da fusão entre DEM e PSL, Caiado enfrenta divisões internas. O partido ainda cogita alianças com o PSD de Gilberto Kassab ou com o PL, caso Bolsonaro se mantenha inelegível.

Por outro lado, analistas veem no goiano uma alternativa viável para uma candidatura de centro-direita com discurso robusto. Para Márcia Cavallari, diretora do Ipec:

“Se ele conseguir consolidar o apoio do agronegócio, de setores evangélicos e manter o discurso técnico, pode ocupar um espaço semelhante ao que Alckmin tentou em 2018, mas com mais base popular.”

Comparativos eleitorais e projeções

Em sondagens recentes, Caiado aparece com 6% a 9% das intenções de voto em cenários com Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet e Tarcísio de Freitas. Seu índice sobe para até 14% em cenários sem Bolsonaro. No Nordeste, ainda é pouco conhecido, mas tem boa penetração no Centro-Oeste (28%) e em estados do Sul como Paraná e Santa Catarina (média de 18%).

A estratégia nos próximos meses será intensificar visitas a Minas Gerais, São Paulo e Sergipe — estados considerados chave para capilaridade eleitoral. A equipe de campanha trabalha com a ideia de um vice nordestino e deve buscar apoio de prefeitos em cidades de médio porte.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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