Goiás lidera geração de empregos formais no Centro-Oeste e fecha trimestre com 41 mil novas vagas
Estado mantém trajetória de crescimento no mercado de trabalho e concentra avanços em agropecuária, indústria e construção; especialistas destacam interiorização da retomada
Com 6.340 novos postos de trabalho com carteira assinada criados apenas em março, Goiás encerrou o primeiro trimestre de 2025 com saldo positivo de 41,1 mil empregos formais — o melhor desempenho da Região Centro-Oeste, segundo dados do Novo Caged divulgados nesta terça-feira (30) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. No acumulado dos últimos 12 meses, o estado soma 53,5 mil novas admissões líquidas, reforçando sua posição como um dos polos mais dinâmicos do mercado de trabalho brasileiro.
A expansão goiana se distribuiu de forma equilibrada entre os cinco principais setores da economia, com destaque para a agropecuária, responsável por 2.036 vagas em março. Na sequência aparecem a indústria de transformação (1.343), construção civil (1.222), serviços (884) e comércio (855). Os números reforçam a diversificação da base produtiva estadual, uma característica considerada estratégica para garantir resiliência em cenários de oscilação nacional.
Interior do estado puxa o saldo positivo
Embora a capital, Goiânia, tenha registrado o maior número de novos empregos formais no mês (1.245), o crescimento mais expressivo ocorreu em municípios do interior. Cristalina (1.109 vagas), Morrinhos (1.074), Santa Terezinha de Goiás (439) e Goianésia (357) lideram a lista, refletindo a força da interiorização econômica impulsionada por cadeias ligadas à agroindústria, mineração e obras de infraestrutura.
Para a economista regional Carla Ribeiro, a configuração revela uma mudança de eixo importante. “O protagonismo de cidades médias no desempenho do emprego formal goiano mostra como os investimentos fora da capital estão amadurecendo. Essas localidades estão absorvendo mão de obra de forma consistente, principalmente em setores primários e industriais”, explica.
O perfil dos contratados também evidencia uma base jovem e relativamente qualificada. A maior parte das vagas em março foi preenchida por trabalhadores do sexo masculino (5.407). Pessoas com ensino médio completo somaram 3.410 admissões. Já a faixa etária de 18 a 24 anos foi a mais beneficiada, com saldo de 3.337 postos, indicando que programas de primeiro emprego e formação técnica têm impacto direto no mercado local.
Especialistas destacam impacto do agro e políticas de qualificaçãoCom crescimento sustentado nos últimos três anos, o setor agropecuário permanece como âncora da empregabilidade em Goiás. A alta de 2.036 vagas formais no setor em março mantém o ritmo observado em 2024, impulsionado por safras fortes de soja e milho e pelo crescimento das cadeias de proteína animal.
Segundo o consultor de mercado rural Eduardo Zanotti, os dados do Caged refletem o bom momento do agronegócio goiano. “A profissionalização do campo tem demandado técnicos, operadores e especialistas em gestão agrícola. Com isso, municípios tradicionalmente agrícolas estão se tornando grandes empregadores de jovens com qualificação intermediária”, analisa.
Além disso, políticas públicas voltadas à qualificação e à intermediação de mão de obra também são apontadas como fator de influência. Em entrevista, o sociólogo e especialista em políticas públicas Vinícius Lemos ressalta que a atuação de programas estaduais de qualificação profissional tem sido decisiva. “Quando o Estado atua como facilitador, conectando a demanda das empresas à oferta de trabalhadores capacitados, os efeitos são diretos nos indicadores. Goiás tem acertado ao investir em qualificação técnica de base e em parcerias locais para cursos profissionalizantes”.
Brasil mantém expansão, mas Goiás se destaca pela consistência
Enquanto o Brasil criou 71,5 mil novos postos formais em março e acumula 654 mil vagas no trimestre, Goiás representa uma parcela relevante da geração de empregos no Centro-Oeste. A região, como um todo, registrou saldo positivo de 6,9 mil vagas no mês, sendo Goiás responsável por mais de 90% do resultado regional.
No país, os setores que mais empregaram foram serviços (52,4 mil vagas), construção (21,9 mil) e indústria (13,1 mil). No entanto, o comércio teve retração nacional (-13,6 mil). Em Goiás, diferentemente da tendência nacional, o comércio apresentou desempenho positivo, ainda que modesto, o que pode estar atrelado à recuperação do consumo interno no estado e à estabilidade de preços em cadeias locais.
A expectativa do setor empresarial é que o segundo trimestre mantenha a curva de crescimento, especialmente com a chegada de novas obras de infraestrutura e o avanço do calendário agrícola. Para Carla Ribeiro, o desafio agora é sustentar a formalização em ciclos de desaceleração. “A base está sólida, mas é preciso manter políticas anticíclicas para garantir que os bons números de hoje não se revertam diante de instabilidades externas”, conclui.