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Furto de energia em Goiás já equivale ao consumo mensal de uma cidade do porte de Trindade

Estado registra 280 GWh de energia furtada por ano, impactando a conta de luz, sobrecarregando a rede elétrica e oferecendo risco de acidentes. Polícia Científica e Equatorial firmam parceria inédita para reforçar perícias e investigações

O furto de energia elétrica em Goiás já atinge um volume suficiente para abastecer, durante um mês inteiro, uma cidade como Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, que tem aproximadamente 130 mil habitantes. As perdas chegam a 280 gigawatts-hora (GWh) por ano, segundo levantamento da própria concessionária, a Equatorial Goiás.

O dado escancara o tamanho do problema, que vai além do prejuízo financeiro. As fraudes — realizadas por meio de ligações clandestinas, manipulação de medidores e intervenções ilegais na rede — sobrecarregam transformadores, causam quedas de energia, incêndios e oferecem risco de morte, além de impactar diretamente na conta de luz dos consumidores regulares.

O furto de energia não é um crime isolado. Apenas nos primeiros cinco meses de 2025, Goiás já registrou 141 operações específicas, que resultaram em 90 prisões. Desde 2022, quando a Equatorial assumiu a concessão, os números são ainda mais expressivos: 475 operações e 289 prisões no estado.

Além de crime previsto no artigo 155 do Código Penal, o furto de energia compromete a estabilidade do sistema elétrico, gera insegurança coletiva e eleva custos para toda a sociedade. Pela legislação do setor, parte dessas perdas acaba sendo redistribuída na tarifa de energia.

Impacto direto na vida da população

Cada ligação clandestina, além de crime, representa risco de colapso na rede elétrica de bairros inteiros. As intervenções, muitas vezes feitas sem qualquer padrão técnico, provocam sobrecarga, queimam transformadores, geram curtos-circuitos e podem resultar em acidentes fatais, incluindo choques elétricos e incêndios.

— Quem faz uma ligação clandestina não prejudica apenas a concessionária. Prejudica todo o bairro. É risco de apagão, incêndio, curto-circuito e até mortes. Além disso, pesa no bolso de quem paga corretamente a conta — afirma Fabrício Oda, gerente de Criminalística da Polícia Científica de Goiás.

Parceria inédita para enfrentar as fraudes

Diante desse cenário, a Polícia Científica de Goiás e a Equatorial formalizaram uma parceria inédita. Pela primeira vez, o laboratório da Polícia Técnico-Científica passa a contar com equipamentos especializados para aferição e detecção de fraudes em medidores de energia elétrica — os mesmos utilizados pela distribuidora nas inspeções de campo.

Além dos equipamentos, os peritos receberam treinamento prático para identificar manipulações, adulterações e fraudes. A medida fortalece as investigações, acelera a emissão de laudos periciais e dá mais robustez técnica aos processos criminais e judiciais relacionados ao furto de energia.

— A partir de agora, conseguimos fazer as análises técnicas diretamente no nosso laboratório, o que agiliza muito o trabalho. Isso torna as investigações mais eficientes e fortalece a responsabilização dos envolvidos — explica Oda.

O acordo inclui também um protocolo de atuação conjunta em casos complexos, compartilhamento de informações e suporte técnico da concessionária às investigações.

Reflexo de um problema nacional

O cenário em Goiás acompanha uma tendência nacional. Dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) apontam que as perdas não técnicas — que incluem furtos e fraudes — chegam a representar R$ 10 bilhões de prejuízo por ano no Brasil, o equivalente a cerca de 8% de toda a energia distribuída no país.

Em Goiás, a Equatorial atende 3,5 milhões de pessoas em 237 municípios, o que representa praticamente todo o território do estado.

Furto de energia é crime — e risco coletivo

Além do impacto financeiro e na tarifa, o furto de energia representa um risco direto à segurança da população. As instalações clandestinas podem causar incêndios, choques fatais, danos à infraestrutura elétrica e sobrecarga em transformadores, afetando bairros inteiros.

As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo telefone 0800 062 0196.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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