Cresce em Goiânia a tendência dos shoppings de bairro, ancorados na busca por conveniência
Modelo de negócios que aposta no conceito de one stop shop ganha espaço na cidade e movimenta a economia local
Goiânia, 23 de maio de 2025 — A capital goiana acompanha uma tendência que ganha força em todo o Brasil: o crescimento dos chamados shoppings de bairro, empreendimentos de menor porte, que apostam na conveniência e na proximidade para atrair clientes cada vez mais interessados em praticidade e serviços integrados. O conceito, ligado ao modelo one stop shop — no qual o consumidor resolve várias demandas em um só local — tem movimentado o setor varejista e se consolidado como alternativa aos grandes centros comerciais.
Dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) mostram que o Brasil possui atualmente quase 650 shoppings centers, com previsão de abertura de mais 17 unidades apenas em 2025. O setor movimenta aproximadamente R$ 200 bilhões por ano e é responsável por mais de 1 milhão de empregos diretos no país. Em Goiás, são 32 shoppings ativos, que somam uma Área Bruta Locável (ABL) de 693 mil metros quadrados, e o número tende a crescer.
— A busca das famílias por praticidade, segurança e acesso rápido a serviços básicos transformou os malls de bairro em uma escolha natural — analisa Victor Nakamura, CEO do Grupo Mauá, gestor do Jardim Goiás Mall, inaugurado em setembro de 2023.
Dados que explicam o comportamento do consumidor
Uma pesquisa da Kantar Worldpanel, realizada em diversos países da América Latina, incluindo o Brasil, reforça essa percepção. Segundo o levantamento, 68% dos consumidores preferem realizar compras perto de casa, priorizando a conveniência da localização em relação a preço ou variedade.
— A vida moderna exige que as pessoas otimizem seu tempo entre trabalho, compromissos familiares, saúde e lazer. O shopping de bairro surge como resposta direta a essa demanda, oferecendo uma solução integrada e de fácil acesso — complementa Nakamura.
Caso de sucesso em Goiânia
Instalado no bairro Jardim Goiás, um dos mais adensados e valorizados da capital, o Jardim Goiás Mall é um exemplo claro desse movimento. O empreendimento de 5 mil metros quadrados foi desenvolvido pelo Grupo Mauá em parceria com as empresas Somos e Toctao Soluções em Engenharia, com o objetivo de atender não apenas ao bairro, mas também aos condomínios e áreas empresariais da região.
O mall reúne operações como a academia Smart Fit, o Empório Moreira, uma agência do Banco BRB, além de estabelecimentos dos segmentos de vestuário, alimentação, serviços e bem-estar.
— A proposta é ser mais do que um centro de compras. Oferecemos estacionamento gratuito, áreas de convivência e uma programação constante de eventos gratuitos para fortalecer o vínculo com a comunidade — explica Nakamura.
Diferença entre galeria e shopping de bairro está na gestão
O gestor do Grupo Mauá destaca que a diferença entre um shopping de bairro e uma galeria tradicional não está apenas no tamanho ou no número de lojas, mas na gestão ativa do espaço, que busca constantemente integrar o empreendimento à rotina dos moradores.
— Promovemos eventos, feiras de empreendedorismo, ações ligadas à saúde, oficinas para crianças e campanhas de datas comemorativas. Tudo isso contribui para que o mall se torne uma extensão da casa das pessoas — afirma.
Consumidor busca tempo e qualidade de vida
A gestora de marketing Samara Borges de Oliveira, de 25 anos, é uma das frequentadoras do Jardim Goiás Mall. Moradora do bairro desde a infância, ela afirma que o mall facilitou sua rotina.
— Saio do trabalho, vou direto para a academia e, no mesmo lugar, já resolvo tudo: farmácia, supermercado, presente, lanche. Isso economiza muito meu tempo — conta.
A arquiteta Julieth Fernandes, que se mudou do Rio de Janeiro para Goiânia há cinco anos, reforça a mesma percepção. — Antes eu dependia de um shopping grande aqui perto, mas sempre enfrentava trânsito e estacionamento difícil. Quando abriu o Jardim Goiás Mall, migrei na hora. Hoje faço tudo aqui — relata.
Para ela, que já era adepta do modelo no Rio, onde os shoppings de bairro são mais comuns, a chegada desse tipo de empreendimento em Goiânia representa qualidade de vida.
Mercado segue aquecido
O segmento dos shoppings de bairro tem perspectiva de crescimento em Goiânia, impulsionado pelo aumento da população em bairros planejados, verticais e de alto adensamento urbano. A previsão do setor é que novos empreendimentos sigam esse modelo, oferecendo uma combinação de comércio, serviços, bem-estar e eventos comunitários.
— O conceito de mall de bairro não é só tendência. Ele já é uma realidade que atende uma demanda crescente das cidades e deve se fortalecer ainda mais nos próximos anos — projeta Nakamura.