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“Não se governa sem equilíbrio fiscal”: Caiado apresenta modelo de gestão de Goiás a empresários no Lide Sergipe

Governador defende ajuste fiscal como base para avanços na educação, segurança e inovação. Analistas apontam acertos, mas também desafios do modelo goiano.

 

“Não se governa sem equilíbrio fiscal.” A frase, dita pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), abriu sua apresentação no Lide Sergipe, evento que reuniu empresários, gestores públicos e lideranças políticas na noite de sexta-feira (23), em Aracaju. O encontro, focado na troca de experiências sobre desenvolvimento econômico e gestão pública, teve Caiado como convidado para detalhar o modelo aplicado em Goiás nos últimos seis anos.

Diante de um estado quebrado em 2019 — com dívidas que somavam mais de R$ 19 bilhões, atraso em repasses e bloqueio no Tesouro Nacional —, Caiado defendeu que as reformas estruturantes foram indispensáveis para tirar Goiás do colapso fiscal e permitir investimentos em áreas sociais.

“Fizemos o que precisava ser feito. Reforma administrativa, previdenciária, revisão de incentivos. Só depois disso foi possível pensar em investir em saúde, segurança e educação de forma consistente e sustentável”, afirmou o governador, ao descrever o início do mandato.

Acertos e riscos do modelo

Para o economista Ricardo Valle, especialista em contas públicas, Goiás se tornou um caso relevante no cenário nacional ao conseguir sair de uma situação de insolvência fiscal sem elevar a carga tributária de forma expressiva. — “O ajuste foi técnico e agressivo. Cortes, reorganização e disciplina orçamentária. Mas é um modelo que só se sustenta se mantiver o foco na qualidade do gasto. O risco é que, com a folga fiscal, futuras gestões abandonem essa disciplina.”

A aposta em ajuste fiscal combinada com políticas sociais foi central na estratégia. Na educação, o estado alcançou o primeiro lugar no país no Ideb do Ensino Médio, após anos ocupando as últimas posições. Entre as medidas implementadas, estão aumento da carga horária nas disciplinas básicas, inclusão de inglês como segunda língua, distribuição de chromebooks e incentivo financeiro para estudantes de baixa renda.

Marina Ferreira, analista de políticas educacionais, avalia que o sucesso não se explica por um único fator. — “O governo atacou três frentes ao mesmo tempo: infraestrutura escolar, incentivo direto ao aluno e fortalecimento pedagógico. É uma equação que funciona, especialmente em estados com desigualdades internas fortes como Goiás.”

Inovação como política de estado

Além da agenda fiscal e educacional, Caiado apresentou aos empresários a Lei Estadual de Inteligência Artificial, que tornou Goiás o primeiro estado brasileiro a regulamentar o uso e desenvolvimento de IA. Segundo ele, o objetivo é criar um ambiente regulatório que incentive a inovação, sem sufocar a pesquisa e a atividade econômica.

Para o especialista em tecnologia e políticas públicas, Eduardo Silveira, a medida é vista como avanço. — “Enquanto o Congresso Nacional discute um modelo excessivamente restritivo, Goiás saiu na frente com uma proposta que protege o cidadão, mas garante competitividade e atração de investimentos no setor de tecnologia.”

Desafios não desaparecem

Apesar dos avanços, os gargalos permanecem. O próprio governador admitiu que a regionalização da saúde ainda não está concluída e que há deficiências no acesso a serviços fora dos grandes centros urbanos.

Para Ricardo Valle, o desafio de Goiás agora é manter o padrão de gestão diante do esgotamento de medidas fiscais de curto prazo. — “O primeiro ciclo do ajuste se cumpriu. A partir daqui, é expansão de serviços, investimento em infraestrutura e, sobretudo, enfrentar desigualdades regionais. Isso exige mais do que ajuste: exige planejamento de médio e longo prazo.”

O presidente do Lide Sergipe, Victor Rollemberg, afirmou que Caiado foi convidado por representar um dos casos mais bem-sucedidos de recuperação fiscal e avanço em educação no país. — “O case de Goiás mostra que é possível recuperar um estado quebrado, investir em educação e ainda avançar em segurança pública.”

O evento reuniu empresários de setores estratégicos de Sergipe e de outros estados, interessados em modelos de gestão aplicáveis ao setor público e privado.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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