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Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã

O presidente norte-americano intitulou o conflito entre Irã e Israel de 'guerra dos 12 dias'

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (23) que foi acertado um cessar-fogo “completo e total” entre Israel e Irã. Trump pareceu sugerir que Israel e o Irã teriam algum tempo para concluir quaisquer missões que estejam em andamento, momento em que o cessar-fogo começaria em um processo escalonado.

“Oficialmente, o Irã iniciará o CESSAR-FOGO e, na 12ª hora, Israel iniciará o CESSAR-FOGO e, na 24ª hora, o FIM Oficial da GUERRA DE 12 DIAS será saudado pelo mundo. Durante cada CESSAR-FOGO, o outro lado permanecerá PACÍFICO e RESPEITOSO. Partindo do princípio de que tudo funcionará como deveria, o que funcionará”, afirmou.

Na mensagem, o presidente norte-americano elogiou os dois países pela “resistência, coragem e inteligência” demonstradas ao chegar a um acordo, após 12 dias de conflito.

“Esta é uma guerra que poderia ter durado anos e destruído todo o Oriente Médio, mas não destruiu e nunca destruirá! Deus abençoe Israel, Deus abençoe o Irã, Deus abençoe o Oriente Médio, Deus abençoe os Estados Unidos da América e DEUS ABENÇOE O MUNDO!”, encerra.

Mais cedo, Trump havia declarado que incentivaria Israel a seguir em direção à paz, após minimizar o ataque iraniano à base aérea norte-americana, que não deixou feridos, além de agradecer a Teerã pelo aviso prévio.

Entrada dos Estados Unidos

No sábado (21), os Estados Unidos entraram diretamente na guerra ao bombardear três instalações nucleares no Irã. Em pronunciamento, Trump disse que os bombardeios foram de grande precisão e que “ou haverá paz ou tragédia para o Irã”.

A ação ocorreu após uma semana de combates aéreos entre Israel e Irã. Israel havia anunciado operações para neutralizar alvos nucleares iranianos, o que provocou retaliações do Irã com mísseis lançados contra Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.

O ataque em Fordow usou seis bombas para destruir bunkers, enquanto os ataques nas outras instalações usaram 30 mísseis Tomahawk, disse Trump à rede americana Fox News. Quando divulgou os ataques, Trump disse que as aeronaves já tinham deixado o espaço aéreo iraniano e estavam retornando em segurança.

“Esse é um momento histórico para os Estados Unidos, Israel e o mundo. O Irã agora deve concordar em acabar com esta guerra”.

A emissora estatal israelense Kan disse que o país estava “em total coordenação” com Washington sobre os ataques americanos ao Irã.

Trump já tinha indicado que os EUA, que apoiam Israel, poderiam se envolver diretamente no conflito. Em fevereiro, ele retomou a política de “pressão máxima” contra o Irã, tentando forçar o país a negociar um novo acordo que impedisse o desenvolvimento de armas nucleares.

Ataque à base americana 

Em resposta ao bombardeio das instalações nucleares, o Irã atacou a base militar americana de Al-Udeid, no Catar. O ataque foi noticiado inicialmente pelas agências iranianas Fars News e IRNA, e posteriormente confirmado pelo governo do Catar, que condenou a ação e afirmou ter interceptado os mísseis.

Segundo comunicado do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, a ofensiva foi uma resposta “à ação agressiva e descarada dos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã”.

O informe afirma que o número de mísseis lançados corresponde ao número de bombas utilizadas pelos EUA no ataque. O alvo ficava longe das instalações urbanas do Catar.

“Esta ação não representa nenhuma ameaça ao nosso país amigo e irmão, o Catar, e ao seu nobre povo e a República Islâmica do Irã permanece comprometida em manter e dar continuidade às relações calorosas e históricas com o Catar”, completou o informe do governo iraniano.

Catar 

O ministro das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, condenou os ataques iranianos e afirmou que a ação viola a soberania do país.

“Afirmamos que o Catar se reserva o direito de responder diretamente de maneira equivalente à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional”, disse Majed.

Ainda segundo o chanceler do país árabe, o ataque foi frustrado pelas defesas aéreas do Catar e a base já havia sido evacuada preventivamente, sem deixar feridos.

“A base havia sido evacuada anteriormente, seguindo as medidas de segurança e precaução estabelecidas, dadas as tensões na região. Todas as medidas necessárias foram tomadas para garantir a segurança do pessoal na base, incluindo membros das Forças Armadas do Catar, forças amigas e outros. Confirmamos que não houve feridos ou vítimas no ataque”, completou.

A base de Al-Udeid, fundada em 1996, é a maior instalação militar americana no Oriente Médio e abriga cerca de 10 mil pessoas entre civis e militares.

Entenda o conflito

O conflito atual teve início no último dia 13, quando Israel lançou um ataque surpresa contra o Irã, acusando o país de estar prestes a desenvolver uma arma nuclear. A ofensiva expandiu a guerra no Oriente Médio.

Neste contexto, os EUA bombardearam três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan.

O Irã, por sua vez, afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos e que estava em negociação com os Estados Unidos para garantir o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário.

Apesar disso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) vinha apontando que o Irã não cumpria integralmente suas obrigações, apesar de reconhecer que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã, no entanto, acusa a agência de agir com motivação política sob influência das potências ocidentais — como Estados Unidos, França e Grã-Betanha —, que apoiam Israel.

Em março, o setor de inteligência dos EUA afirmou que o Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo próprio presidente Donald Trump.

Apesar de Israel não aceitar que Teerã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.

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