Temporada cultural da França no Brasil inclui 300 atrações em 15 cidades
Programação marca os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França
A Temporada da França no Brasil contará com cerca de 300 atividades culturais, incluindo shows, exposições, encontros, fóruns, cinema, experiências gastronômicas e apresentações musicais. A programação ocorrerá entre agosto e dezembro em 15 cidades brasileiras, com o objetivo de fortalecer os laços entre os dois países por meio da cultura. Os principais destaques da temporada foram apresentados nesta terça-feira (1º), durante coletiva de imprensa realizada no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, afirmou que a iniciativa celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França.
“Nossos dois países nunca tiveram conflitos, são relações recíprocas. Na base dessa admiração recíproca está a vida intelectual, a vida artística, a vida cultural. Nossos artistas, intelectuais, filósofos, se inspiraram uns dos outros durante essas décadas, desde o início de nossas relações. É por essa razão que esta temporada tem uma ambição única, a ambição de criar parcerias que irão perdurar para além desses anos”.
A Temporada 2025 foi definida em 2023, em acordo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron. No primeiro semestre deste ano, ocorreu a Temporada Brasil-França, com a programação brasileira sendo apresentada em diversas cidades francesas. Agora, no segundo semestre, será realizada a Temporada França-Brasil, com eventos organizados pelo governo francês em território brasileiro.
Essa não é a primeira vez que os dois países promovem intercâmbios culturais por meio de temporadas. Em 2005, também sob o governo Lula, ocorreu o Ano do Brasil na França e, em 2009, da França no Brasil.
Segundo o embaixador brasileiro Marco Antonio Nakata, diretor do Instituto Guimarães Rosa — órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores —, a temporada cruzada de 2025 deverá trazer muitos frutos para o Brasil, tanto com novas parcerias quanto com incremento, por exemplo, no turismo. O Instituto Guimarães Rosa foi o responsável por conceber a programação da Temporada do Brasil na França neste primeiro semestre.
De acordo com Nakata, o ano do Brasil na França, em 2005, resultou em um aumento de 23% de turistas franceses no Brasil no ano seguinte. Nesse mesmo período, a média de aumento de turistas estrangeiros vindos outros países ao Brasil foi apenas 4,68%. A receita decorrente deste fluxo de turistas, segundo o embaixador, foi 54 milhões de dólares. Foram publicados mais 15 mil artigos na imprensa francesa sobre o Brasil e foram veiculados mais de 87 horas de programas inéditos de televisão. As matrículas em cursos de português na França apresentaram crescimento superior a 30%.
“Esses números evidenciam o sucesso daquela iniciativa. Tendo presente esse resultado, é factível estimar que os frutos desta temporada para o Brasil, que leva agora mais de 300 atividades culturais e acadêmicas a França, para 50 cidades francesas, neste mundo de expansão das redes sociais, deverão ser igualmente expressivos. As programações do Brasil na França e da França no Brasil foram concebidas com muita competência e esforço pelos comissários brasileiro e francês”, destaca.
Os temas prioritários da temporada foram definidos pelos presidentes Lula e Macron. Entre os eixos centrais estão: a diversidade de sociedades e diálogo com África; democracia e Estado de direito; e, clima e transição ecológica.
De acordo com Anne Louyot, comissária-geral da Temporada França-Brasil 2025 e responsável pela programação do lado francês, o principal objetivo da iniciativa é promover o diálogo entre os países. Ela representa o Instituto Francês, órgão vinculado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da França.
“Essa temporada é um evento diplomático onde a cultura tem um papel fundamental para alimentar, para estimular esse diálogo. Não a cultura como uma identidade fechada, mas a cultura como uma fermenta de encontro e não a cultura como coisa do passado, mas a cultura como um poder de transformação, como uma dinâmica sempre em movimento”, diz.
Segundo Louyot, a intenção é apresentar ao Brasil uma França que muitas vezes não é conhecida, por isso as produções de territórios ultramarinos da França estão incluídas na programação. Os territórios ultramarinos franceses incluem Guadalupe, Martinica e Guiana Francesa, na América Latina.
“Queríamos mostrar no Brasil culturas francesas que vocês ainda não conhecem muito bem. São as culturas que vêm do Caribe francês. São culturas que vem de um território muito vizinho do Brasil”, diz. “Para nós era muito importante mostrar que essas culturas compartilham muitos traços com as culturas brasileiras. Então, compartilhamos com vocês uma diversidade extraordinária. Isso é uma nova energia para alimentar nossa amizade”, acrescenta.
As 15 cidades brasileiras que receberão a programação são: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, São Luís, Teresina, João Pessoa e Macapá. De toda a programação, segundo Louyot, aproximadamente 100 trabalhos são resultado de colaborações entre artistas ou instituições franceses e brasileiros.
Os destaques da programação estão disponíveis para consulta. A programação completa será disponibilizada na internet até o dia 15 de agosto.