Governo zera imposto para carros sustentáveis produzidos no Brasil
Medida faz parte do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quinta-feira, 10, um decreto que zera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos compactos produzidos no Brasil e que apresentem alta eficiência ambiental. A medida faz parte do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), criado para impulsionar a descarbonização da frota automotiva brasileira por meio de incentivos fiscais.
O decreto foi lançado em cerimônia no Palácio do Planalto com a presença do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, além de ministros, parlamentares e representantes do setor automotivo. A medida tem validade até dezembro de 2026 e antecede os efeitos da reforma tributária, prevista para os próximos anos.
Requisitos para ter IPI zerado
Para obter o benefício do IPI zero, os carros devem cumprir quatro critérios:
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Emissão inferior a 83 gramas de CO₂ por quilômetro rodado;
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Uso de mais de 80% de materiais recicláveis em sua composição;
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Fabricação nacional, incluindo etapas como soldagem, pintura, montagem e produção do motor;
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Ser classificado como veículo compacto, categoria de entrada das montadoras.
“Carro sustentável sem aumentar impostos, sem onerar o fiscal, com equilíbrio total. Mas com estímulo à sustentabilidade e à inovação”, afirmou Alckmin durante o evento.
Nova tabela do IPI para os demais veículos
Para os modelos que não se enquadram nos critérios de isenção, o governo criou uma nova fórmula de cálculo do IPI, com uma alíquota base de 6,3% para veículos de passeio e 3,9% para comerciais leves. Essa alíquota poderá variar para mais ou para menos conforme:
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Eficiência energética;
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Tecnologia de propulsão (elétrica, híbrida, combustão etc.);
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Potência;
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Nível de segurança;
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Índice de reciclabilidade.
Um carro híbrido-flex, por exemplo, poderá ter seu imposto reduzido em até 3,5 pontos percentuais, caindo de 6,3% para 2,8%, caso atenda a todos os critérios positivos definidos no programa.
A nova tabela entra em vigor em 90 dias após a publicação do decreto no Diário Oficial da União.
Impacto econômico e ambiental
Segundo o governo federal, a previsão é que 60% dos veículos vendidos no país tenham redução no IPI, sem impacto negativo nas contas públicas. Para isso, será adotado o princípio da soma zero: os bônus concedidos a veículos mais limpos serão compensados pelos acréscimos aplicados a modelos menos eficientes.
Entre 2024 e 2028, o Mover vai disponibilizar R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros. A estimativa do setor automotivo é que os investimentos impulsionados pela iniciativa possam atingir R$ 190 bilhões, considerando toda a cadeia produtiva — de montadoras e autopeças até concessionárias.
Avanços e previsibilidade
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, elogiou a medida. “Um carro produzido hoje no Brasil polui 20 vezes menos que um fabricado nos anos 2000. O consumo caiu 35% e as emissões de gases poluentes diminuíram consideravelmente. O programa Mover traz previsibilidade e segurança para o setor continuar investindo”, afirmou.
A iniciativa faz parte do esforço do Brasil para cumprir as metas da transição energética e da mobilidade sustentável, alinhadas aos compromissos internacionais de combate às mudanças climáticas.