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Entenda o que está por trás da guerra de Trump contra o Pix

EUA abriram investigação sobre supostas práticas desleais adotadas pelo Brasil

O governo dos Estados Unidos iniciou na terça-feira, 15, uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais adotadas pelo Brasil, com foco em serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo, em especial o Pix. A medida, apresentada pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, por meio de um documento oficial da Seção 301, não cita o Pix diretamente, mas aponta a “vantagem de seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”.

Especialistas veem a ação como uma reação à consolidação do Pix como principal ferramenta de transações financeiras no Brasil, inclusive competindo com sistemas privados, como o WhatsApp Pay, da Meta, e bandeiras de cartões de crédito norte-americanas. A economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, avalia que a medida dos EUA tem motivações políticas e comerciais.

“O WhatsApp criou uma forma de transferência de dinheiro, mas fora do sistema financeiro legal. O Pix foi criado dentro das regras, com supervisão do Banco Central. O que se vê agora é uma tentativa de deslegitimar esse avanço”, afirma.

O BC suspendeu o funcionamento do WhatsApp Pay em 2020, alegando riscos ao sistema financeiro nacional. A funcionalidade voltaria a operar no Brasil somente anos depois. Já o Pix começou a ser desenvolvido oficialmente em 2018 e foi lançado em novembro de 2020, com o objetivo de oferecer um meio de pagamento instantâneo, seguro, gratuito e universal.

Além da concorrência direta com sistemas privados, outro fator que tem gerado incômodo nos EUA é o uso do Pix em transações internacionais, inclusive em substituição ao dólar. Paraguai e Panamá, por exemplo, já aceitam pagamentos com Pix em estabelecimentos que recebem brasileiros.

“Isso reduz a demanda pelo dólar, o que afeta o poder de influência dos Estados Unidos sobre o mercado global”, explica Cristina. A economista ainda destaca o potencial disruptivo do “Pix Parcelado”, previsto para 2025, que permitirá parcelar pagamentos à vista, concorrendo com o modelo tradicional de crédito.

Apesar das pressões externas, Cristina Helena Mello reforça que o Pix representa uma inovação de impacto social. “Ele bancarizou milhões de brasileiros, reduziu custos de transações e promoveu inclusão financeira como nunca antes”, conclui. Em 2024, o sistema movimentou R$ 26,4 trilhões, segundo o Banco Central.

*Com informações de Agência Brasil.

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