Durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), realizado nesta quinta-feira (17), em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que seu governo foi o que mais criou universidades na história do Brasil. Diante de um público de mais de 10 mil estudantes, Lula criticou a exclusão histórica no acesso ao ensino superior e defendeu a ampliação das oportunidades educacionais.
”Me parece que a elite brasileira achava que indígenas não precisavam estudar, que escravos não precisavam estudar, e que os brancos pobres tinham que cortar cana também. Fui o presidente que mais fez universidade na história desse país”, afirmou Lula.
Ao discursar, Lula destacou o papel histórico da UNE na luta por uma educação pública de qualidade. “Eu digo todo dia que eu sou muito grato a todo o papel que a UNE teve nos meus dois primeiros mandatos como presidente, nos mandatos da Dilma Rousseff, e agora, nesse terceiro mandato. Porque a UNE é responsável pelo fato da gente ter conquistado tantas coisas no ensino deste país”, disse.
O presidente também refletiu sobre os desafios enfrentados pela juventude brasileira e as desigualdades que marcam a trajetória educacional do Brasil. “Me parece que a elite brasileira achava que indígenas não precisavam estudar, que escravos não precisavam estudar, e que os brancos pobres tinham que cortar cana também. […] Isso não é motivo de orgulho pra alguém dizer, mas eu não tenho diploma universitário. Mas fui o presidente que mais fez universidade na história desse país”, ressaltou.
Homenagem
Durante a cerimônia, representantes do Governo Federal prestaram homenagem aos estudantes que faleceram em um acidente rodoviário a caminho do congresso. Em nota oficial divulgada na quarta-feira (16), o presidente Lula manifestou solidariedade às famílias das vítimas. “Que as famílias encontrem conforto e amparo para atravessar este momento tão difícil”, declarou.
Assistência Estudantil
Lula sancionou o Projeto de Lei 3.118/2024, que altera a Lei nº 12.858/2013 para destinar parte dos recursos do Fundo Social à assistência estudantil. A nova legislação beneficia especialmente estudantes ingressantes por meio de ações afirmativas em instituições federais de ensino superior e de educação profissional e tecnológica. O objetivo é garantir condições de permanência e conclusão dos cursos para jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com foco nos beneficiados pela Lei de Cotas.
Os recursos, oriundos da exploração de petróleo e gás natural — como royalties e participações especiais —, serão aplicados na Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e em programas equivalentes nos estados e municípios.
A medida assegura acesso a alimentação, transporte, moradia, saúde, inclusão digital e outros apoios essenciais à trajetória acadêmica dos estudantes. A lei também institui a criação de um Sistema Nacional de Informações e Controle, com divulgação obrigatória dos dados em portais de transparência.
”Hoje estive no Congresso da UNE, ao lado da juventude que luta por um Brasil mais justo e com mais oportunidades. E levei uma boa notícia: sancionamos uma lei que vai garantir recursos para a assistência estudantil.”, afirmou o presidente.
Avanços
O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou os investimentos realizados pelo Governo Federal nas instituições de ensino. “Se formos comparar o orçamento em 2022 com o orçamento deste ano, aumentamos em 18% o orçamento das universidades e dos institutos federais. […] Estamos construindo 10 novos campi de universidades, 100 novos institutos federais, mas é importante consolidar aquelas universidades que foram criadas.”
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, garantiu que o financiamento da educação superior é uma pauta prioritária. “Vamos garantir que o Brasil tenha financiamento para garantir cada vez mais uma universidade de qualidade para investir na ciência e tecnologia desse país”, frisou.
Pautas prioritárias
Para a presidente da UNE, Manuella Mirella, as pautas prioritárias tem como foco a valorização das universidades públicas. Ela defendeu um orçamento fixo e previsível para as instituições, além de uma reforma estrutural que garanta a autonomia e o papel estratégico da universidade no desenvolvimento nacional. “Precisamos de respeito à autonomia universitária, com recursos estáveis e dignos. Nós queremos uma reforma universitária estruturante para garantir que a universidade continue sendo o centro do desenvolvimento do nosso país”, declarou.
Lideranças
Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, destacou a importância da mobilização estudantil e ressaltou a força do congresso da UNE na formação de lideranças comprometidas com a transformação social. “A gente entra naquela porta ali do ginásio como estudante e a gente sai dela com o compromisso de uma vida inteira em defesa do povo brasileiro e do nosso país”, afirmou.