Um dos maiores veículos de imprensa do país, a Folha de S. Paulo noticiou nesta sexta-feira (12), o caso envolvendo a professora de história da arte em Aparecida de Goiânia, e o deputado bolsonarista Gustavo Gayer, do PL de Goiás.
A professora foi demitida da escola particular em que trabalhava em Aparecida, após publicar uma foto vestindo uma camiseta com a frase “Seja Marginal, Seja Herói”, uma reprodução da obra de 1968 do artista Hélio Oiticica.
A demissão ocorreu após repercussão na internet, quando Gayer classificou como ‘’petista’’ a blusa vermelha que a docente usava em sala de aula. ‘’Eu não sei nem o que falar sobre isso. Professora ensinando que ser herói é a mesma coisa que ser marginal. Professora de história com look petista em sala de aula”, escreveu ele em suas redes sociais.
A frase, entretanto, aparece em uma das principais obras do artista plástico. Criado nos anos 1960, durante a ditadura militar, o trabalho já foi exposto em algumas das mais importantes instituições do mundo, como o Tate Modern, em Londres, e o Museu de Arte Moderna de Nova York.
Em nota, o colégio disse que tem o compromisso de oferecer uma educação de qualidade, pautada pela ética, respeito e diversidade. No entanto, afirma que “escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas e preconceituosas”.
Ainda de acordo com a Folha, após a demissão, a professora decidiu mover uma ação por danos morais contra o parlamentar, na qual pede indenização de R$ 30 mil.
“A professora foi demitida em virtude da perseguição praticada contra ela e contra a escola. Além disso, estamos pedindo que o deputado exclua todos os vídeos e não volte a postar conteúdo que mencione a professora”, disse o seu advogado, Alexandre Amui.
De acordo com ele, Gayer tem o hábito de intimidar professores por meio das redes sociais e de promover uma espécie de patrulha ideológica em Goiás.
Segundo deputado federal mais votado de Goiás, com 200 mil votos, Gayer é fundador do Instituto Nossos Filhos, plataforma que recebe denúncias de pais contra o que ele considera tentativa de doutrinação em sala de aula.
“Nós temos testemunhado ao longo das últimas décadas uma ideologia que sequestrou o sistema de ensino brasileiro para incutir em nossos filhos ideias abjetas e antinaturais contrárias a tudo aquilo em que acreditamos”, disse ele, em um vídeo da plataforma.
O veículo também entrou em contato com o gabinete do deputado para que ele comentasse as acusações, mas não obteve respostas.
Denúncia
Após a repercussão, deputados do Partido dos Trabalhadores denunciaram Gustavo Gayer ao Ministério Público de Goiás (MPGO) e Federal, além do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
O documento é assinado pelos deputados Mauro Rubem, Bia de Lima e Antônio Gomide e o suplente ao cargo, Fabrício Rosa.
Na ação, eles afirmam que o parlamentar usa as redes sociais para desferir ataques contra quem tem opiniões políticas distintas das dele.
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