Procura por tratamento psicológico cresceu 20% em Aparecida depois da Pandemia de Covid-19

O total de óbitos por suicídio dobrou nos últimos 20 anos. Passou de 7 para 14 mil. Dados anteriores à pandemia já apontavam episódios depressivos como a principal causa de pagamento de auxílio-doença não relacionado a acidentes de trabalho, correspondendo a 30,67% do total, seguida de outros transtornos ansiosos (17,9%).  Os números nacionais são do DataSus.

Especialistas destacam  aumento deste percentual de doenças emocionais após a pandemia. Lapsos de memória, depressão e ansiedade podem estar relacionados às sequelas cerebrais da covid-19. Os  impactos sociais do isolamento e das perdas de familiares e amigos também impactou a saúde mental do brasileiro. 

No primeiro ano da pandemia de covid-19, os números mundiais de global de ansiedade e depressão aumentaram cerca 25%. A informação é de uma estimativa da Organização Mundial da Saúde. Em 2020, a entidade já alertava para a necessidade de manutenção dos serviços de assistência à Saúde Mental e ampliação dos atendimentos.

Ainda de acordo com a ONU, 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e à ansiedade. Isso gera um custo à economia global de quase um trilhão de dólares. Relatório da Organização Internacional do Trabalho(OIT/ONU) afirma que, ao contrário do que muitos imaginam, o impacto da Saúde Mental sobre o trabalho é tão relevante nos países de baixa renda quanto nos países desenvolvidos.

O índice de pessoas que procuraram tratamento para doenças psicológicas em Aparecida de Goiânia no pós-pandemia de Covid-19 é 20% maior do que no período anterior. A informação é do Caps Bem-Me-Quer, unidade de saúde da cidade responsável por estes cuidados de saúde. 

Doenças como depressão, estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade social e transtorno obsessivo-compulsivo  estão no radar do Janeiro Branco.  De acordo com Dariel Machado, coordenador do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Bem-Me-Quer, localizado em Aparecida de Goiânia,  algumas pessoas ficam incapazes de administrar a própria vida, quando são tomadas por esses males. 

“A ajuda salvou minha vida”

Os principais casos na cidade são de ansiedade, depressão e tentativa de suicídio.. “Devido ao transtorno mental, algumas pessoas ficam incapazes de administrar a própria vida”, explicou Dariel Machado.  Ele explicou ainda que a equipe também desenvolve trabalho com quem tem dificuldade de lidar com o luto.

Este é o caso de M.S.C., 35 anos, que preferiu não ser identificada. Ela conta que em agosto do ano passado,  ao perder  o marido e o filho de 4 anos em um acidente de carro pensou que a vida não seguiria em frente e que não teria mais motivos para viver ou sorrir. “Minha dor era tanta que a única coisa que passava pela minha cabeça era que se eu tirasse a minha vida ela iria acabar”, disse ao explicar que se sentia impotente diante do acidente das mortes e da perca dos entes queridos.

“Foi aí que uma amiga próxima levou um psiquiatra na minha casa, porque eu me recusava a aceitar qualquer ajuda. Começamos um tratamento. Ainda é muito difícil, mas aos poucos estou conseguindo ressignificar este momento. Não quer dizer que eu deixo de sentir a falta deles ou de chorar por não tê-los comigo, mas estou começando a entender que, por mais dolorido que ainda seja, minha vida precisa seguir. A ajuda psicológica salvou minha vida”, explicou.

Tratamento público em Aparecida de Goiânia  

Aparecida de Goiânia  oferece  equipes multidisciplinares integradas por médicos, assistentes sociais, farmacêuticos, musicoterapeutas, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais para atender quem for preciso, no Caps Bem-Me Quer. 

Além disso, ao Caps oferece aos usuários acolhimento, atividades em grupo e oficinas psicoterapêuticas. A unidade fica localizada na ​​ R. A-2 – Res. Anhembi, Aparecida de Goiânia – GO, 74961-576 e o telefone para contato é (62) 3545-9106. O local fica aberto 24 horas. 

Nesta segunda-feira, 16, um movimento nas ruas de Aparecida de Goiânia chamou a atenção da população. Tratava-se da caminhada  promovida pelo Caps Bem-Me-Quer. A ação faz parte da programação do Janeiro Branco, que busca desmistificar e conscientizar a população sobre a prevenção a doenças psicológicas. 

Caminhada de conscientização 

Na manhã da segunda-feira, 16 de janeiro,  o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Bem-Me-Quer realizou uma caminhada no Residencial Anhambi, onde fica a instituição, alertando para os cuidados com a saúde mental.

Dariel Machado liderou a caminhada e explicou que a ação teve como objetivo conscientizar  para a importância de procurar ajuda. A ação faz parte da campanha Janeiro Branco que, busca em todo o país, chamar a atenção para os cuidados e para os preconceitos com a saúde mental.