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Para disfarçar desgastes, PSDB simula lançamento de Marconi a governador

Mergulhado em uma crise desde as derrotas humilhantes de 2018 na disputa para governador e senador, o PSDB de Goiás não tem nome capaz de unificar o partido, atrair legendas para coligações e alianças, e muito menos disputar, com o mínimo de chances, as eleições de 2022, pelo menos as majoritárias. Diante do cenário preocupante, a Executiva estadual, presidida pelo ex-vice e ex-governador José Eliton, reuniu na terça-feira última, 1º, na sede do partido, deputados estaduais e prefeitos para um momento de fantasia sobre o lançamento da candidatura de Marconi Perillo ao governo de Goiás.

Reticente, sem empolgação, Perillo, presente no encontro, foi vago, saiu pela tangente e disse apenas ter compromisso com o PSDB de Goiás e do País. “Sou homem de partido”, desconversou. Marconi tem consciência dos desgastes vividos pelo PSDB, após José Eliton ficar em 3º lugar na disputa pelo governo de Goiás e ele próprio ser o 5º colocado na corrida por duas vagas ao Senado da República, em 2018. O partido perdeu completamente a sintonia com o eleitorado e passou a ocupar a posição de “pária” no cenário eleitoral estadual.

Rondam sempre os tucanos goianos a enxurrada de denúncias de improbidade administrativa e corrupção durante os seus governos em Goiás, além do recebimento de dinheiro ilegal, via caixa dois, desde as campanhas de 2006 (Marconi responde a processo por usar recursos e funcionários do governo na candidatura ao Senado) e também trapalhadas de José Eliton, em 2018, com a descoberta de que desviou uma rodovia no Nordeste Goiano para beneficiar fazenda de sua propriedade particular.

Marconi tem pesquisas qualitativas e quantitativas, realizadas este ano, por encomenda do PSDB, confirmando que seu nome segue com elevados índices de rejeição junto à população goiana por conta do excesso de irregularidades nas suas gestões e também nas campanhas eleitorais que promoveu. Por tudo isso, o PSDB goiano se transformou em uma legenda tóxica. Único deputado federal do partido, Célio Silveira revela que o principal motivo da sua decisão de se filiar a outra legenda – provavelmente o DEM do governador Ronaldo Caiado – é a impopularidade dos tucanos em Goiás, confirmada em redes sociais e nas conversas com segmentos representativos da sociedade.

Outra demonstração do descrédito do PSDB no Estado: em 2020, o então presidente estadual do partido, Jânio Darrot, preteriu o candidato tucano à Prefeitura de Trindade, o vice-prefeito Gleysson Cabriny, para lançar e apoiar Marden Júnior, do Patriota, e driblar os desgastes da sigla. Nem mesmo o dirigente principal do PSDB estadual, na época, acreditou no próprio partido.

Tucano blefa para mostrar peso eleitoral que não tem

Da boca para fora, utilizando a expressão popular, o PSDB finge admitir a candidatura de Marconi Perillo a governador apenas como “blefe eleitoral”, ou seja, uma “peça de marketing”, porque é público e notório que o ex-governador só tem chances de retornar à cena política concorrendo a uma eleição “controlável” como a disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados.

Também como “jogada de marketing eleitoral”, o PSDB cogita apoiar “qualquer nome” que se dispuser a enfrentar o governador Ronaldo Caiado em 2022. E, na lista, os tucanos incluem, além de Marconi, o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot (Patriota), o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), o ex-deputado federal Daniel Vilela (MDB) e o ex-deputado federal e presidente da Fieg, Sandro Mabel (sem partido definido).

Até agora, as tentativas do presidente estadual tucano José Eliton para“unificar a oposição” se tornaram frustrantes. Até mesmo uma conversa preliminar de Eliton com a presidente estadual do PT, Kátia Maria, repercutiu negativamente, após o veto de Marconi a qualquer aliança com o partido de Lula.

Iris Rezende e Daniel Vilela, lideranças maiores do MDB, também não querem conversa com o PSDB marconista. Os emedebistas sabem que os tucanos apenas exploram a “vaidade” do jovem e politicamente inexperiente prefeito Gustavo Mendanha, quando o estimulam a disputar o Palácio das Esmeraldas.

Desde novembro do ano passado, o PSDB só acumula “notícias negativas”, com parte dos 20 prefeitos e dezenas de vereadores abandonando a legenda, migrando para o DEM caiadista. O partido perdeu também dois deputados estaduais em 2020: Diego Sorgatto e Tião Caroço, que se aliaram ao governador Ronaldo Caiado.

Sem plateia e sem seguidores, Marconi Perillo usa as redes sociais para “destilar” seu veneno e sua mágoa em relação aos adversários políticos em Goiás, mas não consegue agregar valores, melhorar a imagem perante o eleitorado e recuperar o prestígio perdido. É caso perdido. (H.L.)

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