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José Eliton na presidência fecha as portas do PSDB para alianças

Da Redação

Os ex-governadores José Eliton e Marconi Perillo já estão em seus novos cargos: Eliton é o novo presidente estadual do PSDB e Marconi o vice-presidente.

Os dois são responsáveis pela pior derrota que o partido já sofreu em Goiás, quando foram massacrados nas urnas, em 2018, na eleição para governador e senador. José Eliton ficou em 3º lugar concorrendo ao Palácio das Esmeraldas e Marconi em 5º lugar na tentativa de assumir uma cadeira no Senado Federal.

Logo após as eleições, tanto um como outro enfrentaram constrangimentos judiciais e policiais pesados. Acusado de receber propinas e participar de desvios de recursos públicos, Marconi foi preso pela Polícia Federal, enquanto Eliton teve um pouco mais de sorte: o Ministério Público Federal chegou a requerer a sua detenção, mas o juiz de plantão naquele dia indeferiu por não a considerar indispensável para as investigações de um desfalque na Codego.

Da mistura de tudo isso – derrota eleitoral e cadeia – resultou que o partido dos dois, o PSDB, acabou arcando com as consequências. Passou por mais uma eleição, a de 2020, com nova surra de votos e caiu de 70 para 20 prefeitos, dos quais mais da metade deve deixar a legenda, a curto prazo, inclusive como reação à ascensão de José Eliton ao comando estadual.

O motivo principal para a dupla empalmar a direção do PSDB em Goiás são os recursos que de que o partido é destinatário, todos os meses, por conta do Fundo Partidário. É um dinheiro que pode ser usado para custear eventos, viagens, contas telefônicas e principalmente pagar advogados e jornalistas. É um quinhão que tem valor em tempos de vacas magras e não pode cair nas mãos de qualquer um, senão na de Marconi e José Eliton,

A nova presidência estadual do PSDB terá ainda um efeito negativo sobre as possibilidades de alianças futuras com outras agremiações, para formar uma frente de oposição e disputar a eleição de 2022. 

O Patriota, que passa a ter um nome teoricamente competitivo para concorrer ao governo, no caso o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot (milionário do ramo de confecções e confinamento de bois), é dirigido por Jorcelino Braga, arqui-inimigo de Marconi e, por tabela, agora também de José Eliton – e assim não vai topar andar lado a lado com os tucanos. 

O PP, que nem está definido como oposição à reeleição do governador Ronaldo Caiado, é dirigido pelo ex-ministro Alexandre Baldy, que, tal qual Marconi e Eliton, tem antecedentes judiciais e policiais. Não seria conveniente reunir o trio e adicionar mais ficha corrida a essa suposta frente de oposição.

O MDB, presidido estadualmente por Daniel Vilela, adversário de José Eliton na eleição passada, alega, pelas palavras de Danielzim, não ter a menor afinidade com o PSDB. E o Republicanos do prefeito Rogério Cruz já está pré-definido, devendo ficar ou com seu parceiro MDB ou então compor com Caiado, principalmente se o MDB optar por uma aliança com o DEM.

Sobra quase nada. Há o PL da deputada Magda Mofatto, hoje próximo do MDB, mas com janela aberta para o Palácio das Esmeraldas. E o PSD, valorizado pela filiação de Henrique Meirelles, que prefere caminhar com Caiado, mas que tem na presidência Vilmar Rocha – amigo histórico de Marconi e potencialmente um aliado para o PSDB. Só que jamais com José Eliton na presidência: Vilmar Rocha nunca se entendeu com o antigo vice e depois governador substituto de Marconi, a quem criticava acidamente e considerava totalmente inapto para a articulação política. 

Concluindo: se ninguém no meio político queria a companhia do PSDB, pela imagem desgastada do partido e diante da ojeriza que a população de Goiás desenvolveu pela sigla, agora, como José Eliton e Marconi diretamente com as mãos no leme, será pior ainda. Eles, os tucanos, em número cada vez menor, vão ter que andar sozinhos até 2022, quando, talvez, será a hora de desaparecer para sempre da política estadual.

Foto: Arquivo

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