Aparecida

Mendanha perde a guerra de comunicação da Covid-19 e queima o filme de Aparecida

Da Redação

O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha não avaliou corretamente os riscos que a decisão de adotar medidas mais flexíveis para o funcionamento do comércio, indústria e serviços no município poderiam acarretar para a sua imagem e acabou perdendo a guerra de comunicação em torno do que deve ou não ser feito para prevenir a propagação da Covid-19 entre a população.

Mendanha ficou sozinho na tentativa de defender o escalonamento intermitente por regiões das atividades econômicas não essenciais, caminho que Aparecida escolheu praticamente sozinha, sem a adesão de nenhum outro grande município de Goiás.

Pior: em Goiânia, o prefeito Rogério Cruz, teoricamente aliado de Mendanha e do MDB, optou por cumprir o decreto do governador Ronaldo Caiado que estabeleceu para todo o Estado o sistema de revezamento do comércio, indústria e serviços denominado de 14 x 14, ou seja, 14 dias de portas fechadas e na sequência 14 dias de reabertura – e assim consecutivamente até o arrefecimento da pandemia.

Sozinho na raia, o prefeito de Aparecida acabou como protagonista das manchetes dos principais jornais do Estado e alvo de reportagens das televisões, repletas de imagens de aglomerações e ruas comerciais lotadas por pessoas e veículos no centro e nos bairros aparecidenses. Ele queimou o filme de Aparecida. Além disso, o Ministério Público Estadual também anunciou que o cumprimento do decreto estadual é obrigatório, no interesse da população, colocando Mendanha como passível de responsabilização por desobedecer a legislação e expor os moradores da região metropolitana, a mais populosa de Goiás, a riscos de vida.

Para agravar ainda mais as coisas, extremistas goianos que defendem a linha negacionista do presidente Jair Bolsonaro, como Gustavo Gayer e a vereadora Gabriela Rodart, foram para as redes sociais para defender e elogiar Mendanha. Entusiasmado com o apoio, o prefeito não percebeu o desgaste que esse tipo de aliança tóxica traz e agradeceu enfaticamente as manifestações, indo mais longe ainda ao promover uma live com o próprio Gayer, pelo seu perfil no Instagram, na qual ficou claro a falta de rumo das decisões sobre a Covi9-19 em Aparecida, com repercussão negativa em Goiânia.

Mendanha alega que o modelo de escalonamento intermitente por regiões foi aplicado com sucesso em Israel, mas essa informação não é confirmada pelo noticiário internacional. Na verdade, os israelenses são responsáveis pelas medidas mais duras de lockdown tomadas até agora em todo o mundo, inclusive no momento, mesmo alcançando um índice espetacular de mais de 60% da população vacinada. Em Israel, as pessoas estão proibidas inclusive de se afastar mais de um quilômetro e meio de suas casas, sob pena de prisão.

Imprensa repercute mal passo do prefeito com a flexibilização

Fotos de aglomerações em Aparecida, onde as medidas de fechamento do comércio, indústria e serviços foram flexibilizadas pelo prefeito Gustavo Mendanha, ao contrário do resto do Estado e na contramão do município vizinho, Goiânia, apareceram ontem na primeira página de jornais de importância como O Popular e o Diário da Manhã.

O Diário de Aparecida também publicou as imagens, que chamaram ainda a atenção da mídia televisiva. O noticiário da Rede Record, que divide o primeiro lugar de audiência com a TV Anhanguera, veiculou cenas impactantes mostrando o descontrole sobre a concentração e o contato entre pessoas, nas zonas comerciais aparecidenses. O mesmo aconteceu com a TV Serra Dourada e com a própria TV Anhanguera, que ecoaram advertências de autoridades médicas, como o secretário estadual de Saúde Ismael Alexandrino condenado a divergência de posições entre3 Aparecida e Goiânia e dizendo que as medidas flexíveis adotadas pelo prefeito Gustavo Mendanha são nocivas para a população da região metropolitana.

O Popular foi duríssimo com Mendanha. Na primeira página, exibiu uma foto em tamanho grande da longa fila que se formou diante do Buriti Shopping, cujo funcionamento, pelo sistema de escalonamento intermitente por regiões implantado pelo prefeito, estava autorizado ontem, 17.

Nas páginas internas, o jornal trouxe mais fotos de aglomerações, inclusive de ruas e avenidas congestionadas pelo movimento elevado nas regiões em que o comércio, indústria e serviços foram flexibilizados e em bairros que se misturam com Goiânia, pela proximidade. O destaque é a informação de que o Ministério Público Estadual concluiu que o decreto estadual de fechamento por 14 dias é de cumprimento obrigatório pelos municípios e que a polícia está autorizada a abordar comerciantes para determinar que cerrem as suas portas.

As aglomerações em Aparecida, favorecendo a disseminação da Covid-19, e a disparada da doença no município estão nas primeiras páginas

Secom municipal está perdida e foge dos questionamentos

A Secretaria de Comunicação da prefeitura de Aparecida está completamente perdida em meio ao vendaval de críticas que caiu sobre o prefeito Gustavo Mendanha pela adoção de medidas flexíveis para o funcionamento do comércio, indústria e serviços locais, na contramão da decisão do prefeito de Goiânia Rogério Cruz de seguir o decreto estadual que instituiu o sistema 4 x 4 para o funcionamento das atividades econômicas não essenciais. Seguidos questionamentos do Diário de Aparecida estão sem resposta, ao mesmo tempo em que os secretários municipais estão proibidos de falar com a imprensa, a não ser através da Secom – que, contraditoriamente, não atende às perguntas encaminhadas.

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