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MDB engole as demissões e desiste de romper com Cruz

Helton Lenine

Após demorada e tensa conversa de Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), o partido recuou na pretensão de romper com o Paço Municipal, pelo menos até a próxima crise – já que tudo indica que as demissões de emedebistas hoje com cargos no secretariado não vão parar.

A chamada “minirreforma administrativa” deflagrada no alto do Park Lozandes tem a finalidade de dar uma “nova cara” e definir adequar a equipe de auxiliares ao perfil do prefeito Rogério Cruz, que é pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e filiado ao Republicanos.

O movimento sinaliza um avanço do Republicanos para ocupar mais cadeiras na administração municipal. Como consequência, o MDB está sendo “desidratado” e perdendo o espaço que conquistou inicialmente na gestão de Rogério Cruz. 

Depois de ameaçar com um rompimento, os emedebistas deram um “passo atrás” e decidiram aceitar as mudanças, preservando os indicados do partido que continuam na administração municipal.

Na verdade, os emedebistas foram surpreendidos com a decisão de Cruz de afastar auxiliares do partido de Daniel e de Maguito Vilela para abrigar as indicações não só do Republicanos e da Igreja Universal do Reino de Deus, como também da poderosa Rede Record, braço de comunicação do grupo.

Na segunda-feira, Rogério Cruz demitiu os secretários Andrey Azeredo, de Governo, e Marcelo Ferreira da Costa, da Educação. A pasta foi repassada para Arthur Bernardes, da Igreja Universal do Distrito Federal, na pasta de Governo.  A vereadora aparecidense Valéria Pettersen, evangélica, foi convidada para assumir a Secretaria municipal de Educação. 

Andrey, que já foi presidente da Câmara Municipal, coordenou a campanha do MDB em 2020, a convite de Maguito Vilela e exercia as funções de articulador político do Paço Municipal.

As mudanças no secretariado do prefeito Rogério Cruz devem continuar daqui para a semana que vem. Fabiano Bissoto, chefe de Gabinete do deputado estadual Jeferson Rodrigues, presidente do Republicanos de Goiânia, vai assumir a secretaria de Administração, a convite de Cruz. O nome dele foi indicado pelo Republicanos. Bissoto substitui Marcela Araújo Teixeira, que estava no cargo desde o ano passado, ainda na gestão do ex-prefeito Iris Rezende (MDB).

Marcos Teixeira, atual diretor de Comunicação da Câmara de Goiânia e ligado à TV Record, deverá ocupar a secretaria de Comunicação da prefeitura, em substituição ao jornalista Bruno Rocha Lima – que foi indicado pessoalmente por Daniel Vilela. Ele tem apoio, além da Record, de um grupo de vereadores da base do prefeito Rogério Cruz.

Está programada também a substituição do emedebista Aristóteles de Paula na presidência da Companhia de Desenvolvimento de Goiânia (Comurg), a principal peça da máquina administrativa da prefeitura. Ainda não é conhecido o nome de quem vai para o cargo. Tóti, como é conhecido, é ligado ao ex-prefeito Iris Rezende, a respeito de quem são ácidas as críticas, dentro do círculo de Rogério Cruz, devido ao volume de obras inacabadas que deixou e a ausência de recursos quando repassou o cofre da municipalidade. 

Outro secretário indicado pelo MDB que será trocado é Kleber Adorno, da Cultura. Ele permanece no cargo desde a gestão de Iris Rezende. O nome cotado para a pasta é o de Gustavo França, atual chefe de gabinete do prefeito.

Agenor Mariano sobrevive, mas ninguém sabe até quando

O presidente estadual do MDB Daniel Vilela conseguiu manter na no secretariado de Rogério Cruz o ex-vice prefeito Agenor Mariano, que ocupa a Secretaria de Planejamento Urbano. Ele chegou a ser dado como exonerado, mas a notícia acabou não sendo confirmada. Agenor Mariano é irista histórico e foi coordenador-geral da campanha da chapa Maguito/Cruz no ano passado.

Para o seu lugar, chegou a ser anunciado Johnathan Medeiros, atual secretário de Ciência & Tecnologia da prefeitura de Aparecida e, detalhe importante, sobrinho do deputado federal João Campos, presidente estadual do Republicanos.

Depois que a notícia da demissão de Agenor Mariano circulou, causando perplexidade entre os emedebistas, a assessoria de imprensa do prefeito divulgou nota, afirmando que “não há discussão em curso sobre substituição do titular da secretaria municipal de Planejamento Urbano e Habitação”.

A sua permanência no Paço Municipal representa uma vitória momentânea do MDB e do presidente estadual Daniel Vilela, mas a avaliação é que ele, a partir de agora, perde poder dentro da equipe de auxiliares e que, mais cedo ou mais tarde, acabará exonerado. 

José Alves Firmino, secretário particular e homem de confiança do prefeito Rogério Cruz classificou como “ilações” e “fogo amigo” as informações que indicam a participação da Igreja Universal do Reino de Deus na reforma do secretariado do Paço Municipal.

Em declaração à coluna Giro, de O Popular, Firmino disse que há uma tentativa de “prejudicar a administração”. Ele sustentou que as mudanças foram acertadas pelo prefeito com o presidente estadual do MDB, Daniel Vilela. “Essas ilações não têm nada a ver”.

O presidente do MDB em Goiânia, Carlos Alberto Branco Júnior, afirmou que o partido recebeu as demissões de Andrey Azeredo e de Marcelo Costa com “tranquilidade e total normalidade”. Após pontuar que o prefeito tem liberdade para fazer mudanças que quiser no secretariado, Júnior também pontuou que a legenda foi comunicada antes do chefe do município anunciar as mudanças e que a posição oficial da agremiação é a de “não é causar transtornos” a Rogério Cruz, que considera “leal ao MDB”, apesar das demissões. 

Agenor Mariano: permanência na Secretaria de Planejamento Urbano tem gosto de coisa forçada

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