Na percepção dos aparecidenses a situação da Covid-19 é gravíssima
Da Redação
A percepção popular dos números de infectados pela Covid-19 em Aparecida, diverge dos painéis diários divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até a tarde de sábado, 3, eram 955 óbitos, e 106 casos confirmados nas últimas 24 horas, chegando a 224 casos no dia 31 de março. O número de mortes pela doença quadruplicou de dezembro para março, saltando de 2 para 8 diariamente, como mostrou o painel do dia 3. O diagnóstico diário é de 175 casos por dia.
Em controvérsia ao que mostra o Painel Aparecida da Covid-19, em praticamente todas as quadras habitadas do município, a desconfiança no sistema de saúde municipal está levando aparecidenses a arriscarem suas vidas e se tratarem em casa, sozinhos.
O painel da prefeitura com cenário laranja/risco alto, alarma a população ao visualizar a taxa de ocupação das UTIs alcançando 100% na Rede Privada para Covid-19, e 80% na Rede Pública, como demonstrou a publicação de 3 de abril.
Casos
Com o pedido de não terem seus nomes divulgados, leitores do Diário de Aparecida foram ouvidos e afirmaram que membros de suas famílias apresentaram sintomas leves da Covid-19 e por descrédito do sistema de saúde do município preferiram arriscar a cura em casa.
Uma auxiliar da gerência de enfermagem de uma das unidades de saúde de Aparecida disse que apesar do descumprimento de recomendação médica, ela tem conhecimento de dezenas de pessoas que não chegaram a ir ao hospital e outras que estão se tratando em casa.
Morador do Setor Cidade Livre, cenário Laranja disse que conhece 11 pessoas, entre parentes e vizinhos que estão enfrentando a doença sem respaldo médico. “Eles têm medo por causa do que a mídia está mostrando. Se a Saúde não está dando conta de salvar as vidas, só resta tentarmos nós mesmos. O prefeito está por fora da realidade do que está acontecendo do outro lado. O coronavírus se alastrou em nossa região”, disse V. M. pedreiro, Cidade Livre.
“Minha família não está nos números do painel da prefeitura de Aparecida. Não acredito nestes dados. Na minha parentela, tio, tia, primos, todos tiveram sintomas que trataram em casa. Portanto, esse número deve ser maior, mesmo sem levar em consideração os assintomáticos”, falou o professor de História, Setor Serra Dourada.
Disfuncional
As tentativas do prefeito Gustavo Mendanha e do Comitê de Enfrentamento do Coronavírus de Aparecida de escalonar o comércio de forma intermitente não estão conseguindo interromper o ciclo da Covid-19, que é de dois a 14 dias. O discurso de que o escalonamento do comércio, indústria e serviço colaborou para estabilizar o avanço da doença não confere com o que está acontecendo com milhares de famílias.
Esse modelo abre mais de 60% das atividades do município, favorecendo aglomerações em todas as extremidades da cidade como têm sido divulgado pela mídia e pelos próprios cidadãos nas redes sociais.
“O cenário está vermelho, caminhando para o preto. O risco está em todo o lugar em Aparecida. Até um cego vê que o governo da nossa cidade precisa fazer alguma coisa. A contaminação é geral”, declarou um morador do Conjunto do Sul, feirante há 40 anos. Os números estão alertando a gestão pública que o sistema de saúde municipal está colapsado, sem disponibilidade de leitos de UTI ou até mesmo de enfermaria para atender os pacientes. O que tornou inevitável o pânico nas pessoas.
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