Aparecida

Criatura, Mendanha não conseguiu sair da sombra do seu criador, Maguito Vilela

Ao escolher o então presidente da Câmara Municipal Gustavo Mendanha como seu sucessor, o então prefeito de Aparecida Maguito Vilela acreditava que a sua administração teria continuidade e que todos os seus projetos e programas seriam concluídos.
Mas não foi o que aconteceu. Maguito e Mendanha são como água e vinho: não se misturam quando se trata de gestão pública. O criador sempre foi conciliador, moderado, equilibrado, humilde e atencioso. A criatura tem vaidade em excesso, é individualista, mostra soberba e arrogância em alguns momentos. Mas o pior é a intempestividade.
O maior exemplo da falta de bom senso que resume essas características de Mendanha: a troca impensada do candidato a vice-prefeito em 2020, Veter Martins, por Vilmar Mariano. Mendanha reconheceu o erro de sua precipitação, reincorporando Veter ao seu staff de campanha eleitoral, e pena com um vice em quem ostensivamente não confia.
No 1º mandato, o prefeito sofreu uma trombose venal no cérebro e teve de ser internado, passando, no período hospitalar, o cargo para Veter Martins. No mês passado, acometido pela Covid-19, teve de ser recolhido ao Hospital Santa Mônica para tratamento, mas mesmo assim não permitiu que Vilmar Mariano assumisse.
Maguito, que sempre teve índices elevados de aprovação popular, durante os dois mandatos em que esteve à frente da Prefeitura de Aparecida, apostou alto em Gustavo Mendanha e, em razão disso, elegeu o jovem político com votação expressiva já no 1º turno, em 2016, mesmo tendo como adversários aparecidenses conhecidos como Professor Alcides e Marlúcio Pereira.
Maguito Vilela era muito diferente do que Gustavo Mendanha é hoje. Com a longeva experiência de vereador, deputado estadual, deputado federal, vice-governador, governador e senador, chegou a Aparecida de Goiânia em 2008, como candidato, e em 2019, como administrador, para realizar duas gestões consecutivas que podem ser resumidas como transformadoras.
Maguito recuperou a “autoestima” do aparecidense – gente que saiu dos Estados do Nordeste brasileiro em busca de sobrevivência econômica e veio para Goiás. Até então, Aparecida era considerada “cidade dormitório, fornecendo mão de obra para Goiânia, que retornava à noite à cidade para dormir.
Com Maguito, tudo mudou. Ele criou e fortaleceu a maioria dos polos industriais e, como nunca, trouxe empresas para gerar empregos e renda, fixando em Aparecida os trabalhadores de Aparecida. Ao mesmo tempo, o emedebista deu um “choque de gestão” na cidade, com a construção de eixos estruturantes nas saídas do município, pavimentação de dezenas de bairros, construção e reforma de escolas, Cmei’s e do hospital municipal. Novas praças se multiplicaram, embelezando a cidade.
“Nós quintuplicamos o número de crianças atendidas na Educação Infantil, aumentando como nunca o número de vagas nos Cmei’s. Reformamos e ampliamos todas as escolas do município, incluímos bibliotecas, salas de computação, notebook para todos os professores, com a construção de quadras cobertas em todas as escolas e de mais 36 Cmei’s”, contabilizou, eufórico, Maguito, em plena campanha para a primeira eleição de Gustavo Mendanha, em 2016.
Ele se orgulhava de ter levado pavimentação asfáltica e recapeamento a ruas e avenidas a mais de 400 bairros de Aparecida, livrando a população da poeira e da lama que afetam a saúde. O prefeito emedebista lembrou que, ao receber a cidade de Aparecida, havia apenas um Conselho Tutelar, não havia viaturas do Samu, Defesa Civil, Procon, e Sistema Nacional de Emprego (Sine). Foram 70 obras na educação e 40 na saúde, sem falar no esporte, meio ambiente e cultura. Centenas de empresas se instalaram na cidade, gerando milhares de empregos e renda. Houve a implantação das vias estruturantes, facilitando o fluxo de veículos por todas as regiões.
Maguito esperava que, após quatro anos da sua saída da Prefeitura de Aparecida, a cidade estivesse ainda melhor e que a gestão do sucessor que escolheu fosse “orgulho para todos”. Esse era um sonho do falecido líder do MDB, diz um velho companheiro de Maguito, que não se realizou.

Distribuição de cargos a apaniguados e presidentes de partido é retrocesso

O prefeito Gustavo Mendanha reimplantou em Aparecida uma prática nociva que havia sido eliminada nas duas gestões anteriores de Maguito Vilela: a farta distribuição de cargos a apaniguados e politicamente indicados, para obter, em troca, apoio para a administração.
O que se costuma dizer é que em Aparecida o desemprego que a Covid-19 trouxe ao impactar a economia do País não chegou à classe política. Todos, sem exceção, presidentes de partido, vereadores, suplentes e quem quer que seja que tenha alguma liderança na cidade, estão agasalhados na folha de pagamento do município.
Para isso, Gustavo Mendanha promoveu reformas administrativas que criaram centenas de cargos comissionados: cada secretaria conta com uma coleção de secretários executivos, chefes de gabinete, superintendentes, diretores e assessores especiais. Grande parte sem sequer ter uma mesa para trabalhar.
Maguito nunca imaginaria que seu pupilo seria o responsável por um retrocesso dessa proporção em Aparecida. É dinheiro público sendo jogado pelo ralo todo mês. Sem falar que Aparecida, hoje, tem mais secretarias do que Goiânia, município três vezes maior em termos populacionais. (H.L.)

 

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