Aparecida

30% das ruas ainda aguardam o benefício civilizatório do asfalto

A pavimentação apenas parcial dos bairros em Aparecida aflige os moradores. Um grande número ainda não foi totalmente asfaltado. É o caso do Setor dos Bandeirantes, Jardim Himalaia, Vila Romana, Vila Delfiori, Jardim das Cascatas, Vila Oliveira e o Setor Independência.
Levantamento realizado pelo Diário de Aparecida revela que, hoje, o percentual de vias ainda sem asfalto na cidade é de cerca de 30%. Quem tem casa ali sempre se lembra das repetidas promessas feitas pelos candidatos: depois de garantidos os votos, não aparecem nunca mais.
Um exemplo é o prefeito Gustavo Mendanha (MDB), em seu 2º mandato. No 1º, prometeu asfaltar toda a cidade, replicando um compromisso semelhante – e não cumprido – do seu antecessor Maguito Vilela (MDB). Mendanha pretende deixar o cargo em 2024 com asfalto em 100% das ruas de Aparecida de Goiânia. “Minha intenção é finalizar o 2º mandato com 100% da cidade asfaltada. Para isso, vamos buscar parcerias com todas as esferas e também novos financiamentos”, chegou a dizer. Até agora, começou a asfaltar algumas ruas da Vila Oliveira, onde os moradores ensaiaram um motim contra a má qualidade das ruas.
Poucas obras públicas representam um avanço civilizatório para as pessoas quanto o asfalto. Por isso, o prefeito relacionou o benefício com o aperfeiçoamento social e econômico de Aparecida. “Queremos levar o asfalto para todos, gerando qualidade de vida para os aparecidenses e, consequentemente, levando Aparecida para um novo patamar de desenvolvimento”, disse ele. Só falta fazer.
O professor Benedito Menezes, líder comunitário e morador do Bairro Independência há 43 anos, afirmou ao DA que a pavimentação nos setores em Aparecida tem sido usada como moeda de troca eleitoreira. “Os políticos não deveriam usar o asfaltamento como isca para o voto. Não são só os bairros do centro que pagam impostos. A periferia também. A política do Maguito também era eleitoreira. Asfalto por si só sem infraestrutura necessária não se deve fazer. Uma vez que os governos anteriores fizeram errado, o prefeito Gustavo Mendanha não poderia ter repetido. Ele poderia ter conversado com a população. É necessário fazer antes a infraestrutura básica”, frisa.
Desde 1978, Benedito mora no bairro, mas já perdeu as esperanças de ver as ruas asfaltadas. “No Setor Independência, o prefeito fez a massa asfáltica no ano retrasado, sem nenhuma infraestrutura necessária. Este ano, estragaram toda a calçada que fez e o gramamento para colocar a rede de água e esgoto. Há também o entulho nos lotes vagos que as empreiteiras jogam e não voltam para retirar”, afirma.
Comerciante no Setor Pontal Sul, Francisco Costa do Santos diz que a sua casa nunca fica limpa. “Nem se fechar janelas, portas, vedar tudo, não há como impedir a poeira de entrar”, lamenta. Todos os anos, as famílias que moram nesses bairros sofrem com a lama na época da chuva e a poeira na estiagem. Especialistas afirmam que a grande variação de temperatura e a poeira por falta de precipitação aumentam o risco de doenças respiratórias e disseminação de vírus, deixando essas famílias ainda mais vulneráveis em tempos de pandemia.

Iniciar e não acabar a pavimentação dos bairros irrita ainda mais o povo

Conforme publicado pelo DA nas redes sociais e repercutido nas edições impressas, a demora na conclusão do asfalto na Avenida Turquesa, na Vila Oliveira, provocou um grande aborrecimento da população com a Prefeitura de Aparecida.
Parte do setor não tem asfalto. Um morador local gravou um vídeo exatamente na hora em que uma motorista caiu com seu veículo em um buraco na via. “Vou mostrar mais uma cagada do nosso prefeitão. Parabéns, prefeito! Olha seu asfalto aí. Olha o que você faz com o povo da Vila Oliveira, aí. Está vendo aí? Asfaltou um pedaço da rua e deixou o resto. Retiraram as máquinas daqui, foram embora e não retornaram. O povo está na lama e na buraqueira. A senhora caiu no buraco, arrebentou o carro todo, e quem vai consertar? O senhor vai pagar?”, questionou o autor do vídeo.
Em outro vídeo, ele diz que sinalizou por conta própria “os buracos para ninguém cair e você [prefeito Gustavo Mendanha] teve coragem de tapar eles. Está só a bagaceira. Os carros caem todos os dias. É o segundo dia que ocorre o mesmo problema. Na próxima eleição, vem aqui pedir votos que não vamos votar. A população está sofrendo muito. Vocês não têm dó do povo. Aqui só tem barro e poeira”, insistiu.
Como o caso obteve grande repercussão, a Prefeitura de Aparecida informou, em nota, que as obras de pavimentação da Vila Oliveira e do Setor Pontal Sul foram iniciadas em 2020. E que, por conta do período chuvoso, foram paralisadas. Como os vídeos viralizaram, as máquinas voltaram e estão trabalhando nas ruas para implantar 152 mil metros quadrados de asfalto, que cobrirão todo o bairro.

SEM RESPOSTA

Em relação às demandas gerais da cidade e sobre a omissão no investimento de infraestrutura, a prefeitura não respondeu aos e-mails enviados pela equipe de reportagem do Diário de Aparecida. A Secretaria Municipal de Comunicação, perguntada sobre a quantidade de bairros sem asfalto, também não deu resposta.

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