Editorial do Diário de Aparecida: Mar de gente
Mudou o momento da conjuntura e isso justifica uma inflexão na tática. O que mudou? O governo vem enfraquecendo, ainda que devagar, e a disposição de luta nos setores mais avançados da juventude e dos trabalhadores aumentou, ainda que lentamente. As pesquisas confirmam uma dinâmica de perda de popularidade.
É muito razoável que haja pessoas honestas que têm dúvidas sobre a ida às ruas, em função da gravidade do quadro sanitário. Assim como havia militantes convencidos de que estão maduras as condições para incendiar a disposição de luta em setores de massas para cercar de pressão a CPI até o impeachment de Bolsonaro. Ambas posições parecem extremas. As organizações que convocaram manifestações no último sábado, 29, avaliaram que valeu a pena correr algum risco.
As pessoas não foram às ruas agora somente porque é necessário. Sempre foi muito necessário, desde a eleição de Bolsonaro, ao que se mostra desde o início de seu governo. Elas foram porque fizeram a avaliação de que amadureceu uma disposição, um anseio, uma vontade de milhares de ativistas de disputar o espaço das ruas com os neofascistas. Não parecem ainda possíveis atos de massas, mas é possível desafiar o governo.
Mas o que se pode dizer é que o que se viu em todos os 26 Estados e no Distrito Federal foi um “mar de gente” ocupando as ruas com gritos e cartazes de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro e o governo federal. Cobrando vacinas contra a Covid-19 para toda a população, a volta do auxílio emergencial, a valorização das universidades federais, explicações das ações do governo durante a pandemia e, principalmente, o impeachment de Bolsonaro.
Mais do que só mudanças agora, o povo precisa acordar a longo prazo e se lembrar que 2022 é ano de eleições e que só por meio do voto consciente poderemos mudar a situação atual do nosso País.